Fevereiro 2025
Fevereiro de 2025
Um atlas de cada célula do corpo
Mapear todas as células do corpo humano é o ambicioso projeto que um grande consórcio internacional, o consórcio Human Cell Atlas, lançou em 2016. O desafio é assustador: estima-se que o corpo humano tenha cerca de 37,2 mil milhões de células. Reunindo especialistas em biologia, medicina, genética, tecnologia e informática, o consórcio começou por recolher dados sobre diferentes tecidos, órgãos e sistemas humanos, ao mesmo tempo que desenvolvia métodos experimentais e computacionais normalizados para comparar os dados obtidos. Hoje, conta com mais de 3.600 investigadores de 102 países e atingiu um marco na integração de todos os dados coletados num primeiro atlas, uma espécie de "Wikipédia das células humanas". Como qualquer atlas, este visa destacar alguns aspetos: a organização espacial dos tecidos, mas também sobre o desenvolvimento e durante o envelhecimento, ao longo do tempo, bem como a forma como as doenças modificam essas organizações. Por exemplo, Alain Chédotal, do Institut de la Vision de Paris, e os seus colegas estudaram a formação óssea durante o desenvolvimento embrionário a nível celular. Ao combinar a análise da expressão genética em células que são espacialmente identificadas no embrião, construíram um atlas detalhado da maturação da cartilagem e do osso durante o desenvolvimento (ver foto). Esta é apenas uma das muitas páginas deste novo atlas...
Fonte: Pour la Science, n.º 567 - janeiro 2025, p. 10
Marie-Neige Cordonnier (adaptado)
Terá a Terra alguma vez tido um anel?
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Esta imagem artística mostra o anel que pode ter circulado na antiga Terra e que pode ter contido grandes pedaços de rocha que caíram no nosso planeta e pequemos grãos de muito menor dimensão. |
Astrónomos afirmam que um agregado de antigas crateras de impacto sugerem que um anel temporário rodeou a Terra, há centenas de milhões de anos atrás.
Andrew Tomkins (Universidade Monash, na Austrália) induziu a existência do anel a partir de uma tendência curiosa: numa janela de tempo do passado da Terra, todos os impactos conhecidos aconteceram em zonas próximos do equador. Esta janela de 40 milhões de anos iniciou-se há cerca de 466 milhões de anos, a meio do Período Ordovícico.
Existem 21 craters que datam desse período. Devido às constantes alterações da crosta da Terra, os investigadores usaram seis diferentes modelos de placas tectónicas para mapear a localização exata destas crateras, mostrando que pelo menos parte das 21 crateras localizam-se a 30 graus do antigo equador. Esta distribuição não é provavelmente aleatória; em vez disso, tal configuração é mais razoável, especulam os investigadores, se os impactadores vieram de uma órbita em torno Terra, conclui a equipa de Tomkins, na edição de 15 de novembro da Earth and Planetary Science Letters.
Há pouca precedência da existência de anéis à volta de mundos pequenos, mas essa possibilidade não é zero. Dois corpos muito mais pequenos do que a Terra têm vários anéis de origem desconhecida: o Centauros 10199 Chariklo e o 2060 Chiron.
Tomkins pensa que o anel ancestral da Terra poder-se-ia ter formado após um asteroide, com cerca de 10 quilómetros de largura, se partiu depois de passar muito perto de Terra. Os seus detritos permaneceram presos no campo gravitacional e alguns pedaços caíram na Terra formando crateras, enquanto o pó e as partículas mais pequenas permaneceram em órbita, como um anel, que pode ter durado milhões de anos. A equipa especula que o anel talvez tenha contribuído para uma idade do gelo no final do Período Ordovícico.
"Esta ideia é testável", diz Birger Schmitz (Universidade de Lund, na Suécia), cientista que não esteve envolvido na investigação de Tomkins. Embora um estudo recente tenha abordado o Ordovícico na perspetiva de grandes impactadores, Schmitz observa que se poderia procurar um equador comparável com um enxame de tamanho submilimétrico de micrometeoritos que datassem dessa época. Se os cientistas descobrissem uma tendência semelhante, isso ajudaria a apoiar a hipótese de Tomkins.
A imagem artística mostra o anel que pode ter circulado na antiga Terra.
Fonte: Sky & Telescope, n.º 2, Vol. 149 - fevereiro 2025, p. 10
Jeff Hecht (adaptado)
Breves de fevereiro
Se até agora se estimava que a idade da Lua seria de 4,35 mil milhões de anos, agora considera-se que terá surgido mais cedo, entre 4,43 e 4,53 mil milhões de anos. Contudo, ela terá migrado para uma órbita onde a influência gravitacional terá levado a uma fusão parcial do seu manto.
Uma análise da atmosfera de Vénus revela que o planeta nunca teve oceanos com água líquida e nunca foi habitável.
É um novo recorde: uma nova amostra de gelo com 2 800 metros de comprimento, foi extraída da calote Antártida. Esta amostra fornece um registo climático contínuo de pelo menos 1,2 milhões de anos, ou seja, 400 000 anos mais do que se tinha retirado de uma amostra obtida em 2004. A perfuração, realizada por um consórcio internacional de cientistas, irá continuar, até atingir as rochas que estão sob o gelo.
Fonte: Sciences et Avenir, n.º 936 - fevereiro 2025
O que posso observar no céu de fevereiro?
2 - Lua no perigeu a 371 988 Km da Terra - 02:43
7 - Lua a 4ºN de Júpiter - 02:01
9 - Lua a 0,25ºN de Marte - 19:48
12 - Lua a 2,1ºN de Regulus - 23:21
16 - Auge do brilho de Vénus - 08:58
18 - Lua no apogeu a 402 792 Km da Terra - 01:11
Fases da Lua em fevereiro
28 - às 00h 45min - nova
05 - às 08h 02min - crescente
05 - às 08h 02min - crescente
12 - às 13h 53min - cheia
20 - às 17h 32min - minguante
Planetas visíveis a olho nu em fevereiro
MERCÚRIO - Só poderá ser observado a partir do dia 24 deste mês, nascendo .
VÉNUS - Pode ser visto durante todo este mês ao fim do dia, no crepúsculo, como uma estrela muito brilhante, até perto das vinte e uma horas e trinta minutos.
JÚPITER - Pode ser avistado durante toda a noite.
SATURNO - Pode ser avistado durante a noite até por volta das vinte e duas e trinta minutos, gradualmente, desaparecendo mais tarde.
Fonte: APP Sky Tonight
(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)
Data | Magnitude | Início | Ponto mais alto | Fim | Tipo da passagem | ||||||
(mag) | Hora | Alt. | Az. | Hora | Alt. | Az. | Hora | Alt. | Az. | ||
1-2 | -0,8 | 19:17:31 | 10° | O | 19:19:37 | 16° | SO | 19:21:42 | 10° | S | visível |
2-2 | -1,5 | 18:27:46 | 10° | ONO | 18:30:39 | 27° | SO | 18:33:32 | 10° | SSE | visível |
4-2 | 0,2 | 18:28:23 | 10° | SO | 18:28:38 | 10° | SO | 18:28:53 | 10° | SO | visível |
10-2 | -0,6 | 07:02:42 | 10° | SSE | 07:04:34 | 14° | SE | 07:06:26 | 10° | E | visível |
Como usar esta grelha:
Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de início, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.
Fonte: http://www.heavens-above.com/
Cometa G3 ATLAS sobre o Uruguai
Vídeo do Mês
Estrutura celular e citoplasma
(Quando necessário, para ativar as legendas automáticas proceder do seguinte modo: no canto inferior direito clicar no símbolo "roda dentada"; abrem-se as Definições; clicar aí e escolher Legendas; depois clicar em Traduzir Automaticamente; finalmente escolher Português na lista.)
Imagem do Mês
Cometa G3 ATLAS sobre o Uruguai
Os cometas podem ser enormes. Quando estão longe do Sol, o tamanho de um cometa, geralmente, refere-se ao seu núcleo duro de gelo e rocha, que normalmente se estende por alguns quilómetros - menor do que uma pequena lua. No entanto, ao aproximar-se do Sol, esse núcleo pode ejetar poeira e gás e deixar um cauda fina que pode espalhar-se por um comprimento enorme - maior do que a distância entre a Terra e o Sol. Chamado C/2024 G3 (ATLAS) este cometa ostenta uma cauda de poeira que reflete a luz solar e gás brilhante, que abrange várias vezes o tamanho aparente de uma lua cheia, parecendo ainda maior, em imagens com uma câmera de longa duração, do que a olho nu. A imagem em destaque mostra o impressionante cometa ATLAS sobre árvores e um campo de erva em Sierras de Mahoma, San José, no Uruguai. Depois de ser visível nos céus do pôr-do-sol do hemisfério sul da Terra, o cometa G3 ATLAS desapareceu à medida que se afastou do Sol, tornando as suas caudas, mas impressionantes cada vez mais difíceis de ver.
Fonte: www.nasa.govLivro do Mês
Sinopse
Na Natureza não faltam as imposturas. As sarigueias fingem-se de mortas quando são perseguidas por um predador. Os corvos emitem vocalizações de falso alarme para afastarem os rivais e não partilharem os alimentos. Anfíbios e répteis são impostores inveterados. Os próprios genes e células fazem batota.
Combinando as descobertas científicas mais recentes com um número elevado de exemplos sugestivos, o zoólogo Lixing Sun evidencia o modo como, na Natureza, a impostura assenta em duas regras básicas: a primeira é a mentira, pela qual os impostores alteram o significado de mensagens honestas na comunicação para servirem interesses próprios; a segunda é a exploração pelos impostores das fraquezas e dos défices nos sistemas cognitivos das outras criaturas. Lixing Sun demonstra que a mentira é um poderoso catalisador da disputa evolucionária entre o vigarista e o vigarizado, dela resultando um mundo biológico repleto de complexidade e beleza.
Com perspicácia e humor, examina também a omnipresença do embuste na sociedade humana, identificando os tipos de impostura que promovem a inovação e a vitalidade cultural e estabelecendo um método para combater as mentiras maliciosas, de que são exemplos as notícias falsas e a desinformação..
Sobre o autor:
Licenciado pela Universidade Normal do Leste da China, em Xangai (1989), e doutorado em Zoologia, Comportamento Animal e Ecologia pela State University of New York ¿ College of Environmental Science and Forestry & Syracuse University (1996). Fez um pós-doutoramento no Departamento de Biologia Integrativa da Universidade do Texas, em Austin (1996). Desde 2020, é Distinguished Research Professor no Departamento de Ciências Biológicas da Central Washington University.
Autor de mais de 60 artigos e de capítulos de obras académicas, coordenou o livro Behavioral Ecology of the Tibetan Macaque (2019). É coautor de The Beaver: Natural History of a Wetlands Engineer (2002) e autor de The Fairness Instinct: The Robin Hood Mentality and Our Biological Nature (2013).
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