Setembro 2024

                                                                   






Ciência Na Frente

Do Infinitamente Pequeno ao Infinitamente Grande

Setembro de 2024













Voyager 1 (e alguns dos seus instrumentos) voltou a ligar-se

Esta fotografia da Voyager 1 mostra o disco de ouro da cápsula do tempo, afixada exteriormente.

Os engenheiros da NASA anunciaram que a nave espacial Voyager 1 voltou a ligar-se e a transmitir dados úteis de dois dos seus quatro instrumentos, depois de um problema com um chip corrompido que dificultou as comunicações com a nave durante vários meses.
Os problemas começaram no passado mês de novembro, quando a Voyager repentinamente começou a enviar um repetitivo sinal incompreensível, em vez de dados científicos e de engenharia. O sistema de resolução de problemas da nave, com 46 anos de idade, revelou o culpado: um chip de memória, num dos três computadores da nave, estava corrompido, talvez devido a ter sido atingido por uma partícula de alta velocidade carregada, conhecida como um raio cósmico galático.
Sem a possibilidade de substituir o chip, a equipa focou-se numa solução alternativa baseada no software, movendo o código afetado para outro sítio. Nenhum local era suficientemente grande para instalar a totalidade do código afetado. Assim, primeiramente a equipa partiu-o em bocados para serem distribuídos. Quando os engenheiros estavam a recolocar os bocados em diferentes posições no computador, tiveram de se assegurar de que o código pudesse funcionar como um todo. Também tiverem de atualizar todas as referências relativas ao código afetado.
O primeiro teste deste trabalho foi com o código que envia os dados de engenharia da nave. Esta modificação foi feita em 18 de Abril. a Voyager 1 está atualmente a 163 unidades astronómicas da Terra, e um sinal demora 45 horas, ida e volta, da Terra até à nave. A equipa teve de esperar dois dias, até 20 de Abril, para ver se o arranjo teve sucesso. Quando os dados regressaram com sucesso, a equipa voltou a ter acesso ao estado geral da nave.
Atualizações adicionais permitiram à nave retomar o envio de dados de engenharia em 17 de maio. Dois dos instrumentos da Voyager - o magnetómetro e o subsistema de ondas de plasma - estão operacionais até agora. Estes instrumentos medem distantes campos magnéticos e de partículas, respetivamente, e são cruciais para se perceber as fronteiras entre o nosso sistema solar e o espaço interestelar.
Os engenheiros continuam a trabalhar para porem a funcionar outros dois sistemas: o instrumento de partículas carregadas de baixa energia e o subsistema de raios cósmicos. (Seis outros instrumentos já não estão operacionais ou foram desligados depois da Voyager 1 ter passado por Saturno em 1980)
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Fonte: Sky & Telescope, n.º 562 - setembro 2024, p. 11

David Dickinson
(adaptado)

     

Água em estado líquido no exoplaneta LHS-1140 b


1,7 vezes maior do que a Terra, o LHS-1140 b pode estar totalmente recoberto de gelo (imagem da esquerda), ou pode ter um oceano (imagem central). 

     Segundo os planetólogos, este planeta, fora do sistema solar, é o mais promissor para as condições da existência de vida.

     A 48 anos-luz da Terra, situado na constelação da Baleia, o exoplaneta LHS-1140 b, recentemente examinado pelo telescópio espacial James-Webb, pode possuir água em estado líquido. Oito vezes mais denso do que a Terra, possui um diâmetro 1,7 vezes maior do que o nosso planeta e só a presença de água na sua superfície pode justificar a sua curiosa densidade. Por agora, ele orbita uma anã vermelha pouco luminosa e a sua proximidade torna possível a existência de condições temperadas e, por isso, água em estado líquido. O LHS-1140 b é o primeiro planeta observado que poderá abrigar uma tão grande quantidade de água, orbitando uma estrela, para além do nosso Sol. Esta hipótese, que se baseia em décadas de cálculos teóricos, foi formulada pelos investigadores do CNRS e da universidade de Montréal (Canadá). Para a confirmar, ainda se tem de conhecer melhor a composição da sua atmosfera. 
     
Fonte: Science et Avenir, n.º 931 - setembro 2024, p. 9

M. L.
(adaptado)


Breves de setembro




O novo recorde da temperatura mundial: 17,15º C. O planeta não para de aquecer: a rede europeia Copernicus, que utiliza dados de satélites para estimar as temperaturas do ar e do mar, em tempo quase real, calculou que a segunda-feira, do passado dia 22 de julho foi, a nível mundial, o dia mais quente alguma vez registado a partir dos dados existentes desde 1940.


Não foi um embalsamamento de má qualidade que deixou esta múmia (conhecida como a «múmia gritando») com a sua expressão facial de dor, mas provavelmente a intensa dor de um espasmo cadavérico quando se deu a morte desta mulher, com cerca de 50 anos, há 2 500 anos. Este foi o resultado de uma análise extremamente pormenorizada desta múmia conservada no Museu Egípcio do Cairo.



Com 6,7 metros de comprimento e 5 toneladas, o Lokiceratops rangiformis, joga na liga dos grandes dinossauros. Loki, o dinossauro com chifres gigantes, é um longínquo primo do Triceratops, pois viveu bem antes dele, há cerca de 78 milhões de anos. O seu fóssil foi descoberto na formação Judith-River, a norte de Montana (E.U.A.).

Fonte: Sciences et Avenir, n.º 931 - setembro 2024 



O que posso observar no céu de setembro?



5 - Lua no apogeu a 401 781 Km da Terra - 15:55
9 - Pico da chuva de meteoros epsilon-Perseidas de setembro
17 - Conjunção entre Mercúrio e Regulus - 03:50
18 - Eclipse lunar parcial - entre as 01:41 e as 05:47
18 - Lua no perigeu a 361 985 Km da Terra - 14:26
22 - Equinócio de setembro - início do outono - 13:44
25 - Pico da chuva de meteoros das kapa-Leónidas Diurnas
27 - Pico da chuva de meteoros das sextantidas Diurnas

 




Fases da Lua em setembro


                03 - às 02h 55min - nova

                11 - às 07h 06min - crescente

                18 - às 03h 34min - cheia
       
                24 - às 19h 50min - minguante
                
          









Planetas visíveis a olho nu em setembro


MERCÚRIO  Pode ser visto até ao dia 18, durante o crepúsculo matinal, a partir das 5:37, aparecendo cada vez mais tarde ao longo do mês, quando nascerá às 06:21. 

VÉNUS - Pode ser visto durante todo este mês a partir das nove da manhã (poderá ser de difícil visualização por o sol já estar alto). 
 
MARTE Pode ser visto toda a noite a partir das 01:09 horas, no dia 1 e, gradualmente, vai nascendo mais cedo até ao fim do mês. 

JÚPITER Pode ser avistado a partir das 00:36 horas, do dia 1 e, gradualmente, vai nascendo mais cedo até ao dia 11. Depois reaparecerá no dia 28 a partir das 22:54. 

SATURNO Pode ser avistado a partir das 20:25 horas, do dia 1 e, gradualmente, vai nascendo mais cedo até ao fim do mês. 

Fonte: APP Sky Tonight




(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)

DataMagnitudeInícioPonto mais altoFimTipo da passagem
(mag)HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.
23-9-1,420:32:4710°NNO20:34:5215°N20:36:4511°NEvisível
23-9-0,622:09:0710°NO22:09:4014°NO22:09:4014°NOvisível
24-9-2,021:21:1310°NO21:23:2726°N21:23:2726°Nvisível
25-9-2,020:33:1310°NNO20:35:5421°NNE20:37:1117°NEvisível
25-9-0,522:09:3710°ONO22:10:0513°ONO22:10:0513°ONOvisível
26-9-2,621:21:2510°NO21:23:4640°NNO21:23:4640°NNOvisível
27-9-3,020:33:1110°NO20:36:2139°NNE20:37:2529°ENEvisível
27-9-0,322:10:0810°ONO22:10:2011°ONO22:10:2011°ONOvisível
28-9-2,419:44:5410°NO19:47:5027°NNE19:50:4510°Evisível
28-9-2,421:21:2710°ONO21:23:5838°O21:23:5838°Ovisível
29-9-3,820:32:5210°NO20:36:1383°SO20:37:3633°SEvisível
30-9-3,619:44:1810°NO19:47:3657°NNE19:50:5410°ESEvisível
30-9-1,321:21:4910°O21:24:0117°SO21:24:1117°SOvisível
1-10-2,020:32:3210°ONO20:35:2828°SO20:37:5413°SSEvisível
2-10-3,019:43:3010°ONO19:46:4651°SO19:50:0010°SEvisível
 
Como usar esta grelha:

Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de início, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.

Fonte: http://www.heavens-above.com/



Vídeo do Mês



Terramoto de Lisboa de 1755

(Quando necessário, para ativar as legendas automáticas proceder do seguinte modo: no canto inferior direito clicar no símbolo "roda dentada"; abrem-se as Definições; clicar aí e escolher Legendas; depois clicar em Traduzir Automaticamente; finalmente escolher Português na lista.)


Imagem do Mês




Nebulosa da Tulipa e Buraco Negro Cygnus X-1

        Quando é que podemos ver, ao mesmo tempo, um buraco negro, uma tulipa e um cisne? À noite — se o momento for o certo e se o seu telescópio estiver apontado na direção correta. A complexa e bela Nebulosa da Tulipa floresce a cerca de 8.000 anos-luz de distância na direção da constelação de Cygnus, o Cisne. A radiação ultravioleta das estrelas jovens e energéticas, que ficam no limite do Cygnus OB3 , incluindo a estrela O HDE 227018, ioniza os átomos e alimenta a emissão da Nebulosa da Tulipa. Stewart Sharpless catalogou esta nuvem brilhante avermelhada de gás e poeira interestelar, com quase 70 anos-luz de diâmetro, em 1959 , como Sh2-101. Podemos ver ainda neste campo de visão, o buraco negro Cygnus X-1, que é também um microquasar, sendo uma das fontes de raios X mais fortes de todo o céu visível do nosso planeta Terra. Atingida por jatos poderosos de um buraco negro localizado por perto, a sua frente de choque, a curva azulada mais ténue à direita, é apenas vagamente visível nas pétalas da Tulipa cósmica.

Fonte: www.nasa.gov



Livro do Mês




Sinopse

Neste conjunto de breves ensaios, acedemos às paixões e sonhos de um físico em busca de novas ideias e de uma perspetiva ampla e coerente, na qual a ciência se entrelaça com a literatura, a filosofia, a política.

Da alquimia de Newton aos erros de Einstein, da lepidopterologia de Nabokov à cosmologia de Dante, de substâncias psicadélicas ao significado do ateísmo, do futuro da física ao poder da incerteza - este é um livro encantador, misterioso e elegante, uma espécie de diário de aventuras de um físico teórico que sonha com um mundo onde a gentileza conta mais do que as regras.

Aqui é apresentado o Mundo, o nosso mistério dileto, segundo o autor de Sete Breves Lições de Física, o físico Carlo Rovelli.

Sobre o autor:



Carlo Rovelli é físico teórico, criador de uma das principais linhas de investigação sobre gravidade quântica, e membro do Instituto Universitário de França e da Academia Internacional de Filosofia das Ciências. Com vários livros publicados na área, Rovelli é atualmente, responsável pelo Departamento de Física Teórica da Universidade de Aix- Marseille. Sete breves lições de Física trouxe-lhe a merecida admiração de curiosos e académicos e tornou-se um inesperado fenómeno de vendas em todo o mundo.

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