abril 2015












Ciência Na Frente

Do Infinitamente Pequeno ao Infinitamente Grande


Dawn chega a Ceres



A sonda da NASA entrou em órbita do maior asteróide da cintura de asteróides


Em tempos foi chamado de planeta, depois foi destronado. Como, nos últimos anos, este tipo de astros foram preteridos por alvos maiores do sistema solar, este planeta anão permanece misterioso, com uma composição e origem desconhecidas. Mas estes mistérios não vão durar muito: este ano, uma nave espacial, há muito a viajar pelo espaço, está quase a fazer uma visita a este mundo negligenciado.
Ceres, o primeiro e o maior asteróide descoberto, é o segundo alvo da missão da NASA, Dawn, sendo o primeiro Plutão. Quando chegar a Ceres, a Dawn será a primeira nave espacial a orbitar (e não apenas a passar) por dois mundos para lá da Terra.
A Dawn é uma pequena nave espacial com uma enorme envergadura. O pequeno corpo cúbico da nave quase que fica escondido pelo prato da sua antena com 1,5 metros, mas os seus painéis solares estendem-se, de ponta à ponta, em quase 20 metros. A Dawn necessita de grandes painéis solares por duas razões. Uma tem a ver com a distância. Na órbita de Ceres, no interior da cintura de asteróides, o Sol apresenta uma intensidade de apenas 13% daquilo que brilha na Terra. Apenas duas outras missões, movidas a energia solar, operam a distâncias maiores do Sol do que a Dawn: a nave Roseta, da Agência Espacial Europeia, em órbita do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko e a nave Juno, da NASA, a caminho de Júpiter.
O Sol dá à Dawn eletricidade de graça, eletricidade que a Dawn pode usar para acelerar iões de xenon a grandes velocidades, 7 a 10 vezes mais do que os tradicionais motores químicos. No seu impulso máximo, cada um dos seus três motores de iões expelem 3,25 miligramas de xenon por segundo. O impulso produzido é de apenas 91 milinewtons, ou seja, a mesma força que faz uma folha de papel pousada numa mão. Atualmente esse impulso é ainda menor (abaixo dos 30 milinewtons), já que à medida que a distância ao Sol aumenta, os painéis solares produzem menos eletricidade e os motores menos impulso. Mas o trabalho paciente e contínuo do acelerador elétrico de iões levou a Dawn para o livro de recordes: foi a nave que atingiu mais alterações de velocidade pelos seus próprios meios do que qualquer nave anterior (10,7 quilómetros por segundo quando chegou a Ceres).
É o sistema de propulsão de iões da Dawn que permite esta viagem a dois mundos. Tendo revelado aos nossos olhos as maravilhas de Vesta, a pequena nave pode estar a caminho de um mundo que nunca foi visto até agora. O seu tamanho, circularidade e a sua composição rica em água, fá-lo semelhante a um astro do tipo de Plutão, embora orbite entre os numerosos asteróides da cintura. Será que é um proto-planeta? Um fugitivo da cintura de Kuiper? Será que nos ajudará a perceber como se formou o sistema solar? Aguardemos. 
                
Fonte: Sky & Telescope - abril 2015 - n.º 4, vol. 129, p. 20 Emily Lakdawalla (adaptado)  



Qual é o nosso lugar no Universo?







Para saber se a vida existe algures no Universo é necessário considerar as condições do seu aparecimento na Terra: serão muito particulares ou, pelo contrário, muito comuns? A resposta talvez esteja entre ambas.
Habitámos um pequeno planeta em órbita de uma estrela nem muito velha nem muito nova. O Sol não é mais do que uma estrela entre os 200 mil milhões de astros que compõem esse grande turbilhão de matéria que é a Via Láctea. Segundo as estimativas dos astrónomos, a nossa galáxia não é única: várias centenas de biliões de outras ocupam o Universo observável,  um volume que se estende atualmente em todas as direções em mais de 4,3x1023 Km.
Estas ordens de grandeza ultrapassam aquilo que podemos imaginar. Temos de ser muito ingénuos para pensar que nós temos uma qualquer importância nesta imensidão. Mesmo na longa história do Universo, a presença do ser humano é modesta e nada permite dizer quanto tempo ainda poderá existir. Procurar determinar o nosso lugar no cosmos para nele estabelecer a nossa importância, parece uma tarefa ridícula.
A nossa aparente banalidade tornou-se uma evidência desde que o astrónomo polaco, Nicolau Copérnico (1473-1543), deixou cair a Terra do lugar que se lhe atribuía no centro do Sistema Solar. A sua ideia foi um dos maiores avanços da ciência destes últimos séculos e uma etapa essencial para compreender a estrutura subjacente do cosmos e da natureza da realidade.
No esforço para determinar a nossa importância, somos confrontados com uma contradição: certas descobertas e teorias sugerem que a vida pode não ser nada de excecional, enquanto outras indicam o contrário. Como fazer a síntese de todos os nossos conhecimentos, desde as bactérias até ao Big Bang, para explicar se temos ou não um estatuto particular? E a partir do momento em que o nosso lugar no Universo esteja melhor definido, quais serão as implicações para a investigação dos organismos vivos no Universo?
O Sistema Solar distingue-se de outros sistemas planetários conhecidos em vários aspetos. O Sol não pertence à família de estrelas mais comuns (a maior parte são menos maciças). As órbitas dos planetas do Sistema Solar são mais circulares e mais espaçadas do que a maior parte dos sistemas exoplanetários e não temos nenhuma super Terra (um planeta rochoso maior do que a Terra) entre os nossos vizinhos planetários. Planetas deste tipo estão presentes em pelo menos 60% dos sistemas planetários, mas nenhum no nosso sistema. Se fossemos arquitetos de sistemas planetários, consideraríamos o Sistema Solar como raro, um pouco fora da norma.
A ideia essencial é que a vida, e em particular a vida tal como a conhecemos na Terra, se situará sempre na fronteira onde exista um equilíbrio entre estados definidos por determinadas características tais como a energia, as dimensões, o espaço, o tempo, a ordem e a desordem. Fatores tais como a estabilidade ou o caos das órbitas planetárias, as variações do clima e a geofísica do planeta, são manifestações diretas destas características. Sempre que nos afastemos um pouco, num sentido ou noutro, destas condições de equilíbrio, a possibilidade da emergência da vida desaparece e mergulhamos num meio hostil. Para que organismos vivos se desenvolvam é necessário uma boa mistura de ingredientes, de calma e de caos - o yin e o yang adequados.
Esta conceção aproxima-se substancialmente daquilo que os anglosaxónicos chamam de «Goldilocks principle», o «princípio dos anéis de ouro» que se inspira num conto de crianças onde se defende que as condições preferíveis são, não os extremos, mas «o meio moderado». Em astrobiologia, isto traduz-se por um meio cósmico temperado e por um planeta que gira à volta de uma estrela. Mas tais condições correspondem apenas a uma faixa estreita de parâmetros. Por outro lado, a zona hospitaleira não é estática. Ela irá evoluir no tempo e no espaço à medida das combinações e das variações de vários parâmetros.  
Se o equilíbrio das condições é uma regra universal para o aparecimento da vida, isto levanta curiosas possibilidades no que diz respeito à nossa importância cósmica. O princípio de equilíbrio entre a ordem e o caos sugere que a vida não é nem rara nem frequente no Universo. Contrariamente às ideias copernicianas estritas, que sublinham a nossa banalidade e sugerem por isso uma abundância de situações semelhantes no cosmos, o facto da vida necessitar de uma combinação subtil e dinâmica de vários parâmetros, reduz essas possibilidades. As hipóteses de ver surgir a vida no quadro desta nova visão, diferencia-se também das ideias antrópicas que, na sua visão mais extrema, prevê uma só ocorrência da vida em todo o espaço e tempo.
Esta nova regra identifica  os locais onde a vida deverá desenvolver-se e a frequência com que esta se poderá desenvolver. Ela específica as características fundamentais necessárias para a vida em função de numerosos parâmetros variáveis: desenha um mapa de zonas férteis.
Uma tal regra não confere aos organismos vivos um estatuto à parte. Na verdade, a biologia é sem dúvida o fenómeno físico mais complexo do universo, mas isso não vai mais longe do que uma estrutura natural, particularmente complexa, que surge nas boas condições, algures entre a ordem e o caos. Esta concetualização do lugar da vida na natureza resolve o paradoxo aparente entre os argumentos convincentes segundo os quais a vida deve ser abundante e aqueles que a supõem extremamente rara.
     
Fonte: Pour La Science - abril 2015 - n.º 450, p. 62 Caleb Scharf (adaptado) 



O que posso observar no céu de abril?

1 - Lua no apogeu  
8 - Saturno a 2º S da Lua
8 - Júpiter estacionário
10 - Mercúrio em conjunção superior
17 - Lua no perigeu  
18 - Vénus no periélio
21 - Vénus a 8º N de Aldebaran
21 - Aldebaran a 1º S da Lua
23 - Mercúrio 1,3º N de Marte
26 - Júpiter a 5º N da Lua  
29 - Lua no apogeu






Fases da Lua em abril


18 - às 19h 57min - nova

26 - às 00h 55min - crescente

04 - às 13h 06min - cheia

  12 - às 04h 44min - minguante











Planetas visíveis a olho nu em abril

MERCÚRIO - Poderá ser visto somente próximo do horizonte, a leste, antes do nascimento do Sol ou a oeste, depois do ocaso do Sol. Será visível, de tarde, cerca do fim do crepúsculo civil, como  "estrela da tarde" a partir do dia 18 de abril. 

VÉNUS -Pode ser visto como estrela da tarde.


MARTE - Poderá ser visto na constelação de Sagitário. Move-se para Peixes e Carneiro a partir do mês de abril. Em meados de abril deixa de ser visível por se encontrar muito próximo do Sol. 

JÚPITER - Pode ser visto na constelação de Caranguejo durante mais de metade da noite
.

SATURNO Pode ser visto como estrela da manhã na constelação de Escorpião


Fonte: Observatório Astronómico de Lisboa 




(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)

DataMagnitudeInícioPonto mais altoFimTipo da passagem
(mag)HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.
13-4-0,621:23:4610°NNO21:25:2713°N21:27:1010°NEvisível
13-4-0,322:59:5310°NO23:00:5016°NNO23:00:5016°NNOvisível
14-4-1,222:06:2410°NNO22:08:4919°NNE22:09:1418°NNEvisível
15-4-0,821:12:5010°NNO21:14:5115°N21:16:5410°NEvisível
15-4-0,922:48:4310°NO22:50:1123°NNO22:50:1123°NNOvisível
16-4-1,921:55:0810°NO21:58:0128°NNE21:58:3326°NEvisível
17-4-1,321:01:3410°NNO21:04:0320°NNE21:06:3410°ENEvisível
17-4-1,622:37:3210°NO22:39:2733°ONO22:39:2733°ONOvisível
18-4-2,921:43:4710°NO21:46:5850°NNE21:47:4938°Evisível
19-4-2,020:50:0610°NO20:53:0230°NNE20:55:5810°Evisível
19-4-1,822:26:2510°ONO22:28:4431°OSO22:28:4431°OSOvisível
20-4-3,321:32:2410°ONO21:35:4075°SO21:37:0830°SEvisível
21-4-1,122:15:4310°O22:17:5216°SO22:18:0716°SOvisível
22-4-1,921:21:0910°ONO21:24:0632°SO21:26:3413°SSEvisível
                   
Como usar esta grelha:


Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de inicio, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.

Fonte: http://www.heavens-above.com/




Vídeo do Mês






Vulcões da Europa


Imagem do Mês



Anéis de diamante e grânulos de Baily 

Próximo do equinócio de 20 março, no frio e limpo céu de Longyearbyen, na Noruega, o planeta Terra beneficiou de uma visão fantástica de um eclipse total do Sol. A silhueta da Lua Nova em diferentes fases, antes e depois dos três minutos da fase total, parece fazer brotar diamantes e pérolas brilhantes. O primeiro e o último vislumbre do disco solar, com a Lua cercada pelo brilho da corona interna do Sol, dá-nos a impressão de um anel de diamante no céu. Nos limites da totalidade, a luz solar que flui através do terreno irregular dos bordos da Lua, produzem um efeito conhecido como Grânulos de Baily, assim chamados depois do astrónomo inglês Francis Baily ter apresentado uma explicação para este fenómeno em 1836. Esta imagem também apresenta as proeminências solares, em cor-de-rosa, por cima das bordas do sol eclipsado.
Fonte: www.nasa.gov

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