Janeiro 2024

                                                                                                        




Ciência Na Frente

Do Infinitamente Pequeno ao Infinitamente Grande

Janeiro de 2024













As 10 principais descobertas de 2023








    O abrandamento do declínio cognitivo na doença de Alzheimer, com o tratamento do medicamento lecanemab que bloqueia as lesões beta-amiloides.

     



 A primeira grande descoberta do telescópio James-Webb foi a observação de seis galáxias situadas a mais de 500 milhões de anos após o Big Bang. 




Um corredor secreto na pirâmide de Quéops, com nove metros de comprimento e dois de largura.



O alerta para os perigos da Inteligência Artificial, por centenas de especialistas, pelos seus efeitos nas sociedades humanas.




As plantas gritam quando estão sob stress. Pela primeira vez os investigadores gravaram e analisaram os sons claramente emitidos por plantas.






Pela primeira vez mergulhou-se no manto da Terra e recolheram-se rochas do manto terrestre sem descontinuidade, a uma profundidade de1267m, que multiplica por seis o anterior recorde. 




O dinossauro ornitomimossauro permitiu estabelecer, pela primeira vez, a existência de um dimorfismo sexual entre os dinossauros.   

 





Descoberta de um novo tipo de células cerebrais. Os astrócitos glutamatérgicos desempenham um papel essencial nas crises de epilepsia e na memória.


  

A sonda da NASA Osiris-Rex trouxe, do seu encontro com o asteróide Benu, amostras de poeira e grãos negros que possuem quantidades significativas de água e de moléculas orgânicas.


 

Vestígios de Theia nas entranhas da Terra. As duas grandes estruturas geológicas existentes a 2900 Km, sob a superfície terrestre, são os vestígios da gigantesca colisão entre o nosso planeta e Theia (um proto-planeta do tamanho de Marte).


Fonte: Sciences et Avenir - La Recherche, n.º 923 - janeiro 2024, pp-10-13

VV
(adaptado)



Uma explosão cósmica perturbou a nossa atmosfera

A explosão de raios gama GRB221009A foi captada por diversos instrumentos, entre os quais os satélites encarregues de estudar estes fenómenos. 

Um poderoso flash de raios gama provenientes, talvez, de uma colisão entre estrelas de neutrões muito longínquas, iluminou a Terra durante 800 segundos, enlouquecendo aparelhos eletrónicos e satélites.      

     O acontecimento cataclísmico - uma explosão de uma estrela numa supernova ou uma colisão de estrelas de neutrões - aconteceu a mais de 2 mil milhões  de anos-luz de nós. Contudo, ele teve energia suficiente para, ao chegar à Terra, perturbar a atmosfera. Esta é a espantosa conclusão de um estudo sobre a explosão de raios gama GRB221009A, que  nos atingiu em 22 de outubro de 2022. «provavelmente a mais poderosa alguma vez observada», segundo Mirko Piersanti, da universidade de Aquila (Itália) e autor principal do artigo publicado na Nature. Este flash de raios gama iluminou a Terra durante 800 segundos (cerca de 13 minutos), acionando detetores anti-incêndio na Índia e alguns instrumentos encarregados de detetarem as erupções solares. Entre eles, o satélite CSES, lançado em 2018 e saído de uma colaboração sino-italiana. Este satélite vigia a ionosfera, a camada situada entre 50 e 100 quilómetros de altitude, que é composta, em parte, por iões, os núcleos atómicos carregados eletricamente. O mesmo estava, por acaso, posicionado próximo da zona do flash provocado pelo GRB e pôde assim medir o seu impacto. O estudo mostra que este flash de raios gama «atingiu as camadas mais baixas da ionosfera, situadas apenas a algumas dezenas de quilómetros acima da superfície do nosso planeta e deixou uma marca comparável à de uma grande erupção solar», segundo Laura Hayes, física da Agência Espacial Europeia. 
     Este resultado provocou suores frios com a ideia de que uma tal explosão pudesse produzir-se na Via Láctea, cujo tamanho é de "apenas" 50 000 anos-luz. O que é que aconteceria à Terra apanhada numa explosão tão próxima? Os resultados do CSES mostram que haveria consequências. Poderemos pensar não apenas numa grande perturbação da ionosfera, mas sobretudo no desaparecimento da camada de ozono que nos protege dos raios ultravioleta, com graves consequências para a vida na Terra. Além disso, a hipótese da «explosão de raios gama» já tinha sido invocada para explicar algumas das grandes extinções do passado. Todavia, «há um grande debate sobre as consequências possíveis de uma explosão de raios gama no interior da nossa galáxia», conclui prudentemente Mirko Piersanti, já que a interação entre a atmosfera e os GRB está ainda muito pouco documentada. Felizmente, a probabilidade de que a Terra se encontre na linha estreita de mira de um GRB próximo é ainda muito fraca. Este facto é ainda a nossa melhor proteção.    

Fonte: Sciences et Avenir - La Recherche, n.º 923 - janeiro 2024, p-14
F. N.
(adaptado)


Breves de janeiro





Dois astronautas deixaram escapar uma caixa de ferramentas quando fizeram uma saída para uma operação de manutenção da Estação Espacial Internacional. Agora a caixa ficou em órbita da Terra. 





Desde os anos 70, do século XX, que o valor admitido para o diâmetro do Sol correspondia a 1 391 980 quilómetros, determinado por métodos óticos a partir de eclipses totais. Mas uma nova técnica, baseada nas ondas acústicas produzidas pela nossa estrela, levou a uma muito pequena revisão em baixa do tamanho do diâmetro da nossa estrela (1 391 560). Uma diferença que poderá ter repercussões nos cálculos da sua estrutura interna.




Ao estudar os dossiers veterinários de mais de 1000 primatas, os investigadores concluíram que o apêndice desempenha um papel protetor conta as diarreias infecciosas (cerca de 85%) e a sua severidade. Um resultado que pode ser extrapolado para o ser humano, no qual esta excrescência, com uma dúzia de centímetros, também protegerá de patologias inflamáveis como, por exemplo, a doença de Crohn.  

Fonte: Sciences et Avenir - La Recherche, n.º 923 - janeiro 2024



O que posso observar no céu de janeiro?



01 - Lua no apogeu a 408 498 Km da Terra - 15:28
04 - Auge da chuva de meteoros das Quadrântidas
07 - Vénus a 6,3º de Antares - 07:35
09 - Lua a 5,42º de Vénus -  06:18
13 - Lua no perigeu a 361 249 Km da Terra  - 10:35
18 - Lua a 2,31º S de Júpiter - 18:42
18/19 - Auge da chuva de meteoros Gama Ursa Minorídeos
 





Fases da Lua em janeiro


                11 - às 11h 57min - nova

                18 - às 03h 53min - crescente

                25 - às 17h 54min - cheia
       
                04 - às 03h 30min - minguante
                
                









Planetas visíveis a olho nu em janeiro


MERCÚRIO  Pode ser visto próximo do horizonte sudeste pela manhã. O planeta encontra-se na constelação de Ofiúco na primeira metade do mês, movendo-se depois para Sagitário.

VÉNUS - Pode ser visto baixo acima do horizonte para sudeste pela manhã, primeiro na constelação de Escorpião, depois em Ofiúco e a seguir em Sagitário.
 
MARTE Está localizado muito baixo acima do horizonte para sudeste pela manhã na constelação de Sagitário. 

JÚPITER Pode ser visto desde o início da noite até madrugada, na constelação de Carneiro. 

SATURNO - Pode ser visto para sudoeste, na constelação de Aquário.
 
Fonte: APP Sky Tonight




(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)
    
DataMagnitudeInícioPonto mais altoFimTipo da passagem
(mag)HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.
1-1-2,806:41:5120°NNO06:43:4139°NNE06:46:5210°Evisível
2-1-2,105:55:3027°NNE05:55:3027°NNE05:58:0910°Evisível
3-1-0,305:09:1011°ENE05:09:1011°ENE05:09:1710°ENEvisível
3-1-3,806:42:0528°ONO06:43:4484°SSO06:47:0610°SEvisível
4-1-3,005:55:4751°ENE05:55:4751°ENE05:58:3710°ESEvisível
5-1-0,405:09:3113°E05:09:3113°E05:09:5510°Evisível
5-1-2,606:42:2624°OSO06:43:2628°SO06:46:2310°SSEvisível
6-1-2,405:56:1332°SSE05:56:1332°SSE05:58:1910°SEvisível
7-1-1,306:42:5910°SO06:42:5910°SO06:43:1610°SOvisível
  

  

Como usar esta grelha:

Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de início, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.

Fonte: http://www.heavens-above.com/



Vídeo do Mês



O que são os raios gama?

(Quando necessário, para ativar as legendas automáticas proceder do seguinte modo: no canto inferior direito clicar no símbolo "roda dentada"; abrem-se as Definições; clicar aí e escolher Legendas; depois clicar em Traduzir Automaticamente; finalmente escolher Português na lista.)


Imagem do Mês




IC 443: a nebulosa da medusa
 
       Por que é que esta medusa está a nadar num mar de estrelas? À deriva perto da estrela brilhante Eta Geminorum , vista à direita, a Nebulosa da Medusa estende os seus tentáculos a partir da brilhante crista de emissão em arco, à esquerda do centro. Na verdade, a medusa cósmica faz parte do remanescente da supernova em forma de bolha, IC 443, que explodiu, formando a nuvem de detritos, em expansão, desta estrela maciça. A luz da explosão atingiu o planeta Terra pela primeira vez há mais de 30 mil anos . Tal como a sua prima nestas águas astronómicas, o remanescente da supernova da Nebulosa do Caranguejo, a IC 443 é conhecida por albergar uma estrela de neutrões - o remanescente do núcleo estelar colapsado. A Nebulosa da Medusa está a cerca de 5000 anos-luz de distância. A essa distância, esta imagem abrangeria cerca de 140 anos-luz de diâmetro .
Fonte: www.nasa.gov



Livro do Mês


Sinopse

A sociedade contemporânea vive imersa no imediatismo. Prioriza, sobretudo, o novo e o superficial e não tem tempo para ponderar ou olhar para trás. Felizmente, livros como este convidam-nos a fazer uma pausa para dar espaço às ideias.

Como indica o título desta compilação de colunas de Irene Vallejo publicadas no Heraldo de Aragón, alguém falou sobre nós há dezenas, centenas de anos, milénios. A autora ensina-nos que ainda é possível encontrar apoio nesse rico sedimento de história, pensamento e cultura, acumulado ao longo de séculos.

A prosa límpida, a curiosidade inquieta e a paixão fervorosa com que a autora olha para a sabedoria clássica são um lembrete bem-vindo de que a Antiguidade ainda está viva em nós hoje, e que a história não é um processo linear, mas um diálogo intemporal em constante desenvolvimento.

Olhando para o passado, Irene Vallejo projeta um novo olhar sobre este mundo cada vez mais incerto, confuso e labiríntico, e fá-lo com uma voz precisa e lírica, que tem a rara qualidade de falar diretamente à experiência pessoal e ao íntimo de cada leitor.

Sobre o autor:





   Irene Vallejo é apaixonada pela mitologia grega e romana desde tenra idade. Estudou Filologia Clássica, doutorando-se nas universidades de Saragoça e Florença. É escritora, colunista do El País e do Heraldo de Aragón, palestrante e promotora de educação e do conhecimento sobre o mundo clássico. Partilha com os outros, diariamente, a sua paixão pela Antiguidade, pelos livros e pela leitura. Em 2020, recebeu o Prémio Nacional de Literatura 2020 (Espanha) na categoria de ensaio com o livro O Infinito Num Junco (ver Ciência na Frente de janeiro de 2021).

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