Maio 2023
Ciência Na Frente
Do Infinitamente Pequeno ao Infinitamente Grande
Maio de 2023
Uma erupção recente em Vénus
Investigadores detectarem atividade recente perto do maciço Maat Mons, um dos maiores maciços vulcânicos de Vénus (reconstrução 3D). Antigos fluxos de lava foram aí identificados no passado. |
É oficial: os vulcões ainda estão ativos em Vénus! Sabia-se que o planeta está pontilhado por muitos vulcões, mas, até agora, não havia sinal de que ainda estivessem ativos. Agora, devido à insistência dos geofísicos americanos Robert Herrick, da Universidade do Alasca, em Fairbanks, e Scott Hensley, do Laboratório de Propulsão a Jato, confirmou-se essa realidade. Com esta descoberta, Vénus torna-se, depois da Terra e Io (uma lua de Júpiter), o terceiro corpo do Sistema Solar onde a atividade vulcânica é inequivocamente detectada.
Os dois cientistas mergulharam nos dados da sonda Magellan, que analisou a superfície do planeta com o seu radar entre 1990 e 1994. Procuraram uma área que teria mudado de aparência entre duas passagens da sonda. Para isso, concentraram os seus esforços na região vulcânica de Atla Regio, no hemisfério norte venusiano. E, depois de centenas horas de inspeção (a olho nu!), os geofísicos detetaram um orifício vulcânico que duplicou de tamanho entre duas passagens da Magalhães. Mas nem tudo é assim tão simples. “As pesquisas de rádio são difíceis de interpretar. Dependendo da orientação do radar, as imagens obtidas de uma mesma superfície podem ser muito diferentes”, enfatiza Emmanuel Marcq, da Universidade de Versalhes-Saint-Quentin-en-Yvelines. Uma área escura pode tornar-se clara e vice-versa. Para garantir que esses efeitos geométricos não sejam a causa das diferenças observadas, os investigadores usaram simulações informáticas. Finalmente, “a duplicação da superfície da cratera não pode ser explicada de outra forma! “diz o planetólogo francês. Vénus não é assim, um planeta morto.
Fonte: Pour la Science - maio 2023, n.º 547, p. 15
Évrard-Ouicem Eljaouhari
(adaptado)
Primeira imagem da expulsão de um jato de matéria por um buraco negro
Esta imagem mostra a sombra do buraco negro M87* (com zoom no quadro superior esquerdo) e o jato de material a sair dele (em roxo à direita). |
O buraco negro supermaciço M87* continua a ser muito falado. Em abril de 2019, as primeiras imagens desta estrela de 6,5 mil milhões de massas solares localizada a 55 milhões de anos-luz de nós comoveram o mundo inteiro. Foram apresentadas pelo Event Horizon Telescope (EHT), uma rede de radiotelescópios à volta do mundo. Quatro anos depois, o M87* está na origem de uma novidade: os astrofísicos puderam ver o poderoso jato de matéria a sair do buraco negro e a forma como ele lhe está conectado. “Sabemos que jatos são ejetados da região à volta dos buracos negros, explica Ru-Sen Lu, do Observatório Astronómico de Xangai, na China, no site do ESO, mas ainda não entendemos completamente como é que isso acontece. Para o estudarmos diretamente, precisamos de observar a origem do jato o mais próximo possível do buraco negro."
O jato de matéria estende-se por cerca de 5 000 anos-luz
O jacto forma-se ao nível do disco de acreção, um disco de matéria ionizada em rotação muito rápida à volta do buraco negro e que está condenado a desaparecer. O comprimento desse jato, seguindo o eixo de rotação do buraco negro, seria de pelo menos 5 000 anos-luz, uma distância considerável correspondente a 1/10 do raio da Via Láctea. A imagem foi obtida com o GMVA (Global Millimeter VLBI Array), ALMA (Atacama Large Millimeter/subimeter Array) e o GLT (Greenland Telescope), formando uma rede de radiotelescópios à volta da Terra. A combinação das imagens pela técnica de interferometria permite simular um telescópio cujo espelho seria do tamanho da Terra. As medições foram feitas em 2018, mas foram necessários quatro anos de trabalho para explorá-las.
Compreender a física à volta de um buraco negro
Esta foto é 50% maior que a anterior fornecida em 2019 pelo EHT. Além disso, os astrofísicos trabalharam num comprimento de onda ligeiramente diferente, 3,5 mm em vez de 1,5 mm. "Neste comprimento de onda, podemos ver como o jato emerge do anel de emissão à volta do buraco negro supermaciço central", disse Thomas Krichbaum, do Instituto Max Planck. O M87* não tem a exclusividade desse tipo de jato, daí a necessidade dos investigadores entenderem com precisão a ligação entre a matéria martirizada que se aproxima do horizonte do buraco negro e a expulsão da matéria em velocidades próximas à da luz. “Nós prevíamos observar a região ao redor do buraco negro no centro de M87* em diferentes comprimentos de onda de rádio para estudar a emissão do jato com mais detalhes”, explica Eduardo Ros, do Instituto Max Planck. Para além das imagens, trata-se de perceber a física que está em jogo, uma física necessariamente fascinante perto de um buraco negro.
sFonte: Science et Avenir - maio 2023
Fabrice Nicot
(adaptado)
O que posso observar no céu de maio?
6 - Auge da chuva de meteoros das Aquáridas
7 - Lua em conjunção com Antares - 23:08
10 - Auge da chuva de meteoros das Líridas
11 - Lua no perigeu a 366 616 Km da Terra - 05:57
18 - Lua em conjunção com Mercúrio - 02:34
24 - Lua perto de Marte - 20:19
24 - Lua perto de Pollux - 02:36
26 - Lua no apogeu a 405 174 Km da Terra - 02:39
Fases da Lua em maio
19 - às 16h 53 min - nova
27 - às 16h 22min - crescente
27 - às 16h 22min - crescente
05 - às 18h 34min - cheia
12 - às 15h 28min - minguante
Planetas visíveis a olho nu em maio
VÉNUS - Pode ser visto de noite, até até um pouco depois da meia-noite.
MARTE - Pode ser visto de noite até perto da uma e meia da noite.
JÚPITER - Será visível a partir de 15 de maio ao amanhecer..
SATURNO - Pode-se ver a partir das 3 horas e 42 minutos do dia 7 de maio. No final do mês vai já aparece a partir das 2 horas e 10 minutos..
Fonte: APP Sky Tonight
(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)
Data | Magnitude | Início | Ponto mais alto | Fim | Tipo da passagem | ||||||
(mag) | Hora | Alt. | Az. | Hora | Alt. | Az. | Hora | Alt. | Az. | ||
30-4 | -1,0 | 03:30:17 | 18° | ENE | 03:30:17 | 18° | ENE | 03:31:17 | 10° | ENE | visível |
30-4 | -1,9 | 05:03:11 | 16° | ONO | 05:04:56 | 24° | NNO | 05:07:45 | 10° | NE | visível |
1-5 | -2,4 | 04:16:38 | 32° | NNO | 04:16:38 | 32° | NNO | 04:19:40 | 10° | NE | visível |
1-5 | -1,1 | 05:52:07 | 10° | NO | 05:54:07 | 15° | N | 05:56:06 | 10° | NNE | visível |
2-5 | -1,3 | 03:29:57 | 23° | NE | 03:29:57 | 23° | NE | 03:31:28 | 10° | NE | visível |
2-5 | -1,2 | 05:03:19 | 10° | NO | 05:05:32 | 16° | NNO | 05:07:46 | 10° | NNE | visível |
3-5 | -1,5 | 04:16:01 | 18° | NO | 04:16:53 | 19° | NNO | 04:19:25 | 10° | NNE | visível |
3-5 | -1,0 | 05:52:43 | 10° | NNO | 05:54:37 | 14° | N | 05:56:30 | 10° | NE | visível |
4-5 | -1,3 | 03:29:05 | 22° | N | 03:29:05 | 22° | N | 03:31:02 | 10° | NE | visível |
4-5 | -0,9 | 05:03:58 | 10° | NO | 05:05:48 | 14° | N | 05:07:40 | 10° | NNE | visível |
5-5 | -0,5 | 02:42:02 | 13° | NE | 02:42:02 | 13° | NE | 02:42:32 | 10° | NE | visível |
5-5 | -0,9 | 04:14:55 | 10° | NO | 04:16:55 | 15° | N | 04:18:54 | 10° | NNE | visível |
5-5 | -0,9 | 05:52:19 | 10° | NNO | 05:54:39 | 17° | NNE | 05:56:58 | 10° | ENE | visível |
6-5 | -1,1 | 03:27:44 | 16° | NNO | 03:27:56 | 16° | NNO | 03:30:10 | 10° | NNE | visível |
6-5 | -0,8 | 05:03:38 | 10° | NNO | 05:05:40 | 15° | N | 05:07:42 | 10° | NE | visível |
7-5 | -0,6 | 02:40:27 | 15° | NNE | 02:40:27 | 15° | NNE | 02:41:27 | 10° | NNE | visível |
7-5 | -0,8 | 04:14:42 | 10° | NNO | 04:16:34 | 14° | N | 04:18:24 | 10° | NE | visível |
7-5 | -1,5 | 05:51:15 | 10° | NO | 05:54:08 | 26° | NNE | 05:57:01 | 10° | E | visível |
8-5 | -0,8 | 03:25:54 | 11° | NNO | 03:27:20 | 14° | N | 03:29:10 | 10° | NNE | visível |
8-5 | -1,0 | 05:02:26 | 10° | NNO | 05:05:00 | 20° | NNE | 05:07:35 | 10° | ENE | visível |
9-5 | -0,6 | 02:38:24 | 15° | N | 02:38:24 | 15° | N | 02:40:02 | 10° | NNE | visível |
9-5 | -0,8 | 04:13:30 | 10° | NNO | 04:15:45 | 16° | NNE | 04:17:59 | 10° | NE | visível |
9-5 | -2,8 | 05:49:44 | 10° | NO | 05:53:01 | 52° | NNE | 05:56:18 | 10° | ESE | visível |
Como usar esta grelha:
Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de início, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.
Fonte: http://www.heavens-above.com/
Vídeo do Mês
Vénus
(Quando necessário, para ativar as legendas automáticas proceder do seguinte modo: no canto inferior direito clicar no símbolo "roda dentada"; abrem-se as Definições; clicar aí e escolher Legendas; depois clicar em Traduzir Automaticamente; finalmente escolher Português na lista.)
Imagem do Mês
O que sobrou da supernova da nebulosa Medula
O que alimenta esta nebulosa incomum? CTB-1 é o invólucro de gás em expansão que sobrou quando uma estrela massiva em direção à constelação de Cassiopeia explodiu há cerca de 10.000 anos. A estrela, provavelmente, explodiu quando ficou sem elementos perto de seu núcleo que poderiam criar pressão estabilizadora com a fusão nuclear . O remanescente de supernova resultante , apelidado de Nebulosa da Medula pela sua forma de cérebro , ainda brilha na luz visível pelo calor gerado pela sua colisão com gás interestelar confinante . No entanto, por que é que a nebulosa também brilha na luz de raios-X permanece um mistério . Uma hipótese sustenta que um pulsar energético foi co-criado e alimenta a nebulosa com um vento rápido que se move para fora. Seguindo essa pista, um pulsar foi encontrado recentemente em ondas de rádio que parecem ter sido expelidas pela explosão da supernova a mais de 1.000 quilómetros por segundo. Embora a Nebulosa da Medula pareça tão grande quanto uma lua cheia , ela é tão fraca que foram necessárias muitas horas de exposição, com um telescópio, em Seven Persons , Alberta , Canadá , para criar a imagem apresentada.
Fonte: www.nasa.gov
Livro do Mês
Sinopse
Para Chomsky, ainda assim, o desespero não é opção. Por mais horrenda que nos pareça a atual situação global, os esforços de resistência à opressão e à exploração nunca deixaram de dar frutos, mesmo em épocas bem mais obscuras do que a nossa.» Observador atento e crítico da sociedade e da política internacional, Noam Chomsky, em exaustiva e inédita entrevista conduzida por C. J. Polychroniou, reputado analista político-económico na estação televisiva Al Jazeera, percorre e sintetiza as bases de todo o seu pensamento. O tom é de conversa informal, abarcando uma análise de todas as temáticas e questões relevantes da atualidade: da União Europeia à administração Trump, do papel da religião na política à crescente polarização das classes sociais e ao meio ambiente, apontando caminhos diferentes para a construção de um mundo mais justo.
Sobre o autor:
Noam Chomsky, tem sido, ao longo de mais de quatro décadas, um proeminente linguista e um destacado ativista político. Nasceu em 1928, em Filadélfia, na Pensilvânia, de uma família de Judeus emigrados da Rússia. Com os pais conheceu desde cedo o interesse pelas questões linguísticas e pelos problemas políticos, nomeadamente quanto às diferentes posições da resistência judaica ao nazi-fascismo. Em 1945 matricula-se na Universidade de Filadélfia. Manifesta-se contra a criação do estado judaico na Palestina, prevendo a marginalização da população árabe. Chega a pensar em abandonar os estudos, para ir para a Palestina dedicar-se à cooperação socialista entre árabes e judeus. As suas simpatias socialistas orientam-se no sentido do movimento operário cooperativo, de tendência libertária. Na investigação linguística, Chomsky cedo se apercebe das limitações do estruturalismo americano, e lança as bases da mais profunda revolução da Linguística moderna, com amplas consequências para as Ciências Cognitivas. A partir do início da década de 60, participa com frequência no debate público sobre temas políticos, designadamente a ação externa nos EUA, a colaboração dos intelectuais com a política oficial ou o conflito israelo-árabe, o que frequentemente lhe valeu, para além do ódio por parte da grande imprensa, variadas perseguições que chegaram à tentativa de agressão física. Uma primeira coletânea dos seus escritos políticos, "O poder americano e os novos mandarins", publicado em 1969, constitui uma peça essencial na avaliação da intervenção dos EUA na Ásia, nomeadamente no Vietname.
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