setembro 2016











Ciência Na Frente

Do Infinitamente Pequeno ao Infinitamente Grande


O projeto DES em busca da energia negra







     Por que é que a expansão do Universo é cada vez mais rápida? Para responder a este grande enigma da cosmologia, os cientistas mergulham o seu olhar nos confins do cosmos graças à experiência Dark Energy Survey.
     Quase há um século, Edwin Hubble descobriu que o Universo estava em expansão: quase todas as galáxias afastavam-se da Via Láctea e quanto mais distantes estivessem, mais depressa se afastavam. Esta descoberta fundamental foi seguida de outra, em 1998, ainda mais surpreendente: esta expansão estava a acelerar.
     Durante a maior parte do século XX, os investigadores supuseram que a gravidade deveria abrandar progressivamente a expansão. Contudo, duas equipas de astrónomos que estudavam supernovas (explosões estelares que servem de referência para medir as distâncias cósmicas) descobriram que a velocidade da expansão da estrutura do espaço-tempo cósmico aumentava. Esta descoberta, confirmada por outras observações, foi recompensada com o prémio Nobel da física em 2011. Mas por que é que o Universo está a acelerar? Este é um dos maiores dos enigmas da ciência moderna.
     Para explicar a aceleração cósmica, os cosmólogos apresentaram duas soluções. A primeira afirmava que Albert Einstein não tinha dito tudo sobre a gravitação: embora a gravidade tenha um efeito atrativo sobre a Terra e no Sistema solar, talvez atue de forma diferente, tornando-se uma força repulsiva , quando se tratam de grandes distâncias do espaço intergalático. Assim, será necessário modificar a teoria da gravitação para escalas cósmicas.
     A segunda ideia diz-nos que o Universo deverá estar repleto de qualquer coisa invisível (que atualmente chamamos de energia negra) que contraria a força da gravidade e é preponderante em grandes escalas. Medições cósmicas indicam que a energia negra, se existir, constituirá atualmente 70% da massa do Universo (a massa e a energia são equivalentes, segundo a relação de Einstein E = mc2). A restante massa do Universo está repartida pela matéria negra (uma forma invisível da matéria), com 25% e a matéria normal (constituída por átomos, tais como as estrelas, os planetas ou os nossos genes), constituindo à volta de 5% dessa massa.
     Esta hipótese da energia negra, bem como a da gravidade alterada em grandes escalas, foi bem recebida porque explica de uma melhor maneira a formação das galáxias e das grandes estruturas do Universo e é compatível com todas as medições que dispomos até agora.
     Mas como podemos saber com certeza se a energia negra é a responsável pela aceleração cósmica? E se for mesmo uma energia negra, qual é verdadeiramente a sua natureza? Para responder a estas questões, uma equipa do Fermilab e da Universidade de Chicago, com mais 300 físicos e astrónomos dos Estados Unidos da América, de Espanha, do Reino Unido, do Brasil, da Alemanha e da Suíça, lançaram há alguns anos o projeto de observação  astronómica DES (Dark Energy Survey, que significa «pesquisa da energia negra»).
     Graças a esta pesquisa, poderemos reconstruir a evolução da expansão cósmica durante os 14 mil milhões de anos da história do Universo. Poderemos ainda estudar o crescimento das grandes estruturas (os vastos aglomerados de galáxias que ocupam o Universo), o que nos permitirá separar as diferentes explicações possíveis da dinâmica de expansão do Universo.
     
                   
Fonte: Pour la Science - setembro 2016 - n.º 467, p. 50 - Joshua Frieman (adaptado)  



Novo espelho temporal

1 - Um objeto em forma de torre Eiffel é mergulhado num recipiente cheio de água (200 milissegundos antes da agitação).
2 - As ondas propagam-se na superfície da água (100 milisegundos antes da agitação).
3 - Provoca-se uma forte agitação do recipiente (agitação).
4 - As ondas refocalizam-se na sua fonte original (200 milisegundos após a agitação).


     Uma nova experiência espetacular permite ver ondas propagarem-se ao contrário, como se remontassem no tempo.

     Desde há mais de vinte anos que as equipas de Mathias Fink, do Instituto Langevin, em Paris, exploram o retorno temporal das mais diversas ondas. Os físicos conceberam «espelhos de retorno temporal» que permitem aos ultra-sons ou às micro-ondas «remontarem no tempo», isto é, percorrer a sua trajetória mas no sentido inverso ao inicial e de se focalizarem de forma muito eficaz. Acabam agora de inventar um espelho batizado «espelho temporal instantâneo» e com o qual demonstraram a sua eficácia com as ondas que se propagam na superfície da água: uma brusca agitação vertical do reservatório de água permite observar esse efeito.
     Como funciona o retorno temporal? As equações que descrevem a propagação das ondas são simétricas em relação ao tempo. Por outras palavras, nessas equações, se mudarmos t (o parâmetro tempo) em -t, vemos o mesmo tipo de propagação, mas ao contrário, como se as ondas remontassem no tempo. Esta simetria inspirou o princípio dos primeiros espelhos de retorno temporal.
     «Numa piscina, criámos uma onda que se propaga a partir de um objeto  que mergulhámos na água, diz-nos Mathias Fink. Com a ajuda de captadores dispostos nos bordos da piscina, registou-se durante um certo tempo a evolução da altura da água. Depois invertemos a cronologia temporal deste sinal e que aplicamos sobre pequenos ramos controlados e posicionados no mesmo sítio dos captadores. Fabricamos assim uma onda que converge para o objeto que a originou, como andássemos com o filme para trás.» É este princípio de «retorno temporal dos bordos», aplicado aos ultra-sons e às micro-ondas, e que é utilizado há duas décadas em múltiplas aplicações. 
     O princípio que está na base desta experiência é mudar bruscamente a velocidade de propagação das ondas e que dependem da gravidade. Para isso, só é necessário uma agitação vertical rápida. Com efeito, ao abanar o recipiente no qual se propagam as ondas, a água fica submetida a uma gravidade aparentemente diferente. Mudar a aceleração é como alterar a gravidade - duas grandezas equivalentes. «De cada vez, as ondas propagam-se todas com uma certa velocidade, mas após a agitação, provoca-se uma descontinuidade temporal: mudou-se por todo o lado a velocidade, de uma forma instantânea», precisa Mathias Fink. Com um recipiente cheio de água, onde uma onda se propague, vemos, após a agitação, a onde refocalizar-se na sua fonte de origem. Espera-se a aplicação deste princípio para outras ondas (acústicas, eletromagnéticas, luminosas...).
          
Fonte: La Recherche - setembro 2016 - n.º 515, p. 32 - Philippe Pajot (adaptado) 

O que posso observar no céu de setembro?



2 - Lua a 6ºn de Mercúrio - 18:00
2 - Lua a 0,4ºN de Júpiter - 23:00
6 - Lua no apogeu a 405 054 Km da Terra - 19:45
8 - Lua a 4ºN de Saturno - 22:00
13 - Mercúrio em conjunção inferior - 01:00
16 - Eclipse penumbral, entre as 17:54 e as 21:53 
18 - Lua no perigeu a 361 896,5 Km da Terra - 18:00
22 - Lua a 0,2ºN de Aldebarã - 00:00
22 - Equinócio de outono - 15:21
28 - Mercúrio sobe o mais alto, antes do amanhecer, como outra estrela da manhã







Fases da Lua em setembro


01 - às 10h 03min - nova

9 - às 12h 49min - crescente

16 - às 20h 05min - cheia

  23 - às 10h 56min - minguante









Planetas visíveis a olho nu em setembro

MERCÚRIO - Poderá ser visto somente próximo do horizonte, a leste, antes do nascimento do Sol ou a oeste, depois do ocaso do Sol. Mercúrio pode ser visto, durante este mês, ao fim da tarde, até 6 de setembro. A partir de 20 de setembro e até ao fim do mês será visível de manhã.

VÉNUS - Pode ser visto, até ao final do ano, como estrela da tarde.

MARTE - Pode ser visto toda a noite na constelação de Ofiúco.

JÚPITER - Só pode ser visto na constelação da Virgem. A partir de meados de setembro deixa de estar visível por se encontrar muito próximo do sol.

SATURNO Pode ser visto toda a noite


Fonte: Observatório Astronómico de Lisboa 




(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)

DataMagnitudeInícioPonto mais altoFimTipo da passagem
(mag)HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.
28-9-2,521:03:3810°SO21:05:5742°SSO21:05:5742°SSOvisível
29-9-2,620:11:5410°SSO20:14:5233°SE20:16:3719°Evisível
29-9-0,321:48:2410°O21:49:2016°O21:49:2016°Ovisível
30-9-2,620:56:0010°OSO20:59:1051°NNO20:59:4743°Nvisível
1-10-3,420:03:4910°SO20:07:0386°SE20:10:0512°NEvisível
1-10-0,421:41:2410°ONO21:42:4617°NO21:42:4617°NOvisível
2-10-1,520:48:4510°O20:51:3527°NNO20:52:5520°NNEvisível
3-10-2,219:56:1410°OSO19:59:2142°NNO20:02:2810°NEvisível
3-10-0,321:34:3010°NO21:35:3814°NNO21:35:3814°NNOvisível
4-10-0,920:41:4410°ONO20:44:0518°NNO20:45:3614°NNEvisível
5-10-1,319:49:0010°O19:51:4324°NNO19:54:2710°NEvisível
5-10-0,321:27:2510°NNO21:28:0912°NNO21:28:0912°NNOvisível
6-10-0,820:34:4510°NO20:36:3714°N20:38:0012°NNEvisível
7-10-0,919:41:5710°ONO19:44:1017°NNO19:46:2210°NNEvisível
7-10-0,321:19:5110°NNO21:20:2712°NNO21:20:2712°NNOvisível

   
Como usar esta grelha:


Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de início, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.

Fonte: http://www.heavens-above.com/




Vídeo do Mês








Cosmos - viagens no tempo e no espaço


Imagem do Mês




Jovens sóis da NGC 7129


    Há sóis jovens que permanecem na poeirenta NGC 7129, a 3000 anos-luz na direção da real constelação de Cefeu. Enquanto estas estrelas têm uma idade relativamente jovem, com apenas alguns milhões de anos, parecem-se com o nosso Sol que também se formou numa maternidade estelar, mas há biliões de anos. Aquilo que é mais notório nesta imagem são as nuvens de poeira azuladas que refletem a luz das estrelas juvenis. Mas as compactas e profundas formas vermelhas são também marcas de objetos estelares jovens e energéticos. Conhecidos como objetos Herbig-Haro, a sua forma e cor são características do brilhante gás de hidrogénio, lançados por jatos das estrelas recém-nascidas. No final, o gás e a poeira desta região disperssar-se-á e as estrelas afastar-se-ão à medida que este aglomerado orbita o centro da galáxia.  

Fonte: www.nasa.gov

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