Novembro 2024

                                                                  






Ciência Na Frente

Do Infinitamente Pequeno ao Infinitamente Grande

Novembro de 2024













Um preciso mapa infravermelho da Via Láctea 


Messier 22

Para revelar alguns dos seus mistérios mais bem escondidos, os astrofísicos estão a examinar a Via Láctea com instrumentos sensíveis à radiação infravermelha. Uma equipa internacional utilizou o telescópio Vista, localizado no Observatório do Paranal do ESO, no Chile, para produzir o mapa infravermelho mais preciso alguma vez feito, com 1,5 mil milhões de objetos registados. Uma das vantagens do infravermelho é a capacidade de observar regiões ricas em gás e poeira, áreas que são opacas à luz visível. Os astrónomos conseguiram assim observar nebulosas onde nascem as estrelas, como a NGC 3576, NGC 6357, Messier 17, NGC 6188 e NGC 3603). A imagem da Messier 22, é um aglomerado globular, ou seja, um grupo muito denso de estrelas antigas.
Os levantamentos começaram em 2010 e terminaram em 2023, totalizando 420 noites de coleta de dados e representando 200 mil imagens cobrindo uma parte da abóbada celeste equivalente à área de 8,6 mil luas cheias. Isso representa 500 terabytes de dados que serão usados ​​nas próximas décadas.

Fonte: Pour la Science, n.º 565 - novembro 2024, p. 10-11

S.B. (adaptado)

     

Maior, mais capaz, mas mais vulnerável


A comparação de uma imagem por ressonância magnética dos cérebros humanos e dos chimpanzés, mostra as regiões que se desenvolveram mais em nós. 



     Ao longo da evolução, certas regiões do cérebro humano expandiram-se, permitindo o desenvolvimento da nossa inteligência específica.

    Há sete milhões de anos, a espécie humana divergiu de outros primatas. Desde então, o cérebro humano experimentou uma expansão fenomenal, com um volume hoje três vezes maior que o do nosso primo mais próximo, o chimpanzé. No entanto, o nosso cérebro não é apenas «o mesmo, mas maio». Sam Vickery e os seus colegas, do Centro de Investigação Jülich, na Alemanha, demonstraram de facto que esta expansão cerebral não afetou o cérebro de forma homogénea: algumas regiões específicas desenvolveram-se mais do que outras. Um crescimento acelerado que não foi isento de consequências: estas áreas proporcionalmente «gigantes» do nosso cérebro estão entre as que declinam mais rapidamente durante o envelhecimento. Para comparar as estruturas cerebrais de diferentes primatas, Sam Vickery e os seus colegas mapearam primeiro o cérebro. Graças a uma nova ferramenta informática, e ao explorar imagens de ressonância magnética (IRM) dos cérebros de 480 humanos e 189 chimpanzés, subdividiram o órgão em 17 zonas de acordo com as suas particularidades estruturais e organizacionais. Ao estudar o volume de cada uma dessas regiões, em relação ao volume total do cérebro, descobriram que a evolução favoreceu particularmente o desenvolvimento do córtex orbitofrontal humano, uma área localizada acima dos órbitas e sede do autocontrole e da planificação. 
     Como o declínio cognitivo, devido ao envelhecimento, é mais pronunciado nos humanos do que nos chimpanzés, a equipa debruçou-se então na degeneração, ao longo do tempo, de diferentes estruturas cerebrais. Os investigadores constataram que o cérebro não envelhece de maneira uniforme... e é o córtex orbital humano o mais afetado pela devastação do tempo. 
     «Trata-se de um resultado emocionante que contribui para o reconhecimento de que as mudanças evolutivas recentes não ocorreram sem custos ou vulnerabilidade evolutiva», enfatiza Yannick Becker, neurocientista do Instituto Max Planck de Ciências Cognitivas e Neurociências, em Leipzig. 
     Estas descobertas espantosas levantam mais perguntas do que respostas. Porque é que, especificamente no Homo sapiens, estas estruturas cuja expansão fenomenal tem sido essencial para o desenvolvimento da nossa inteligência, estão associadas a um declínio mais rápido? Será que estamos a mobilizar demasiado esta estrutura específica, a pedra angular do nosso desempenho cognitivo, e estamos a desgastá-la prematuramente? Ou será a manutenção de uma estrutura tão complexa que é demasiado dispendiosa, por uma mais-valia que não diz diretamente respeito à sobrevivência? «No futuro, será crucial determinar sob que pressão evolutiva o córtex órbitofrontal se desenvolveu fortemente, no ser humano», acrescenta Yannick Becker. 
     Em qualquer caso, este estudo constrói uma ponte entre a evolução e o envelhecimento cerebral e convida-nos a interessar-nos pelas causas da vulnerabilidade de certas regiões, o que poderia explicar o nosso declínio cognitivo acelerado por comparação com o dos chimpanzés.
     
Fonte: Pour la Science, n.º 565 - novembro 2024, p. 14

Marguerite Jamet
(adaptado)


Breves de novembro


Graças a uma série de fotogramas obtidos pelo radiotelescópio Alma (Chile), os astrónomos fizeram pela primeira vez uma sequência animada mostrando bolhas de gás na superfície da estrela R Doradus. Um filme como este foi possível porque a estrela tem um diâmetro 350 vezes maior do que o do Sol e está «próxima» de nós, a 180 anos-luz.



Com um diâmetro 200 vezes maior do que o da Via láctea, é o tamanho recorde de dois jatos de matéria expelidos por um lado e outro de um buraco negro super maciço. Constituem uma espécie de monstruoso «arroto» emitido pelo buraco negro após a ingestão do equivalente a 850 milhões de sóis. Esta superestrutura foi batizada como Porfírio, em homenagem ao gigante da mitologia grega.  
  



Investigadores franceses conseguiram uma imagem em 3D, com uma precisão da ordem da centena de metros, da rede de bolsas de magma que compõem a estrutura interna de um vulcão de La Soufriere, em Guadalupe, até a uma profundidade de 10 km. Para isso, utilizaram uma rede de geofones que gravaram as vibrações criadas pelos sismos, mas também pelo vento, o oceano e a atividade humana.
   
Fonte: Sciences et Avenir, n.º 933 - novembro 2024 



O que posso observar no céu de novembro?



5 - Auge da chuva de meteoros das Táuridas do sul
5 - Lua a 3º24' de Vénus - 00:16
5 - Auge da chuva de meteoros das Táuridas do norte
11 - Lua a 0º06' de Saturno - 01:36
14 - Lua no perigeu a 363 382 Km da Terra - 11:18
17 - Auge da chuva de meteoros das Leónidas
20 - Conjunção entre a Lua e Marte - 21:07
21 - Auge da chuva de meteoros das alfa-Monocerotídeos
26 - Lua no apogeu a 402 231 Km da Terra - 11:56
 





Fases da Lua em novembro


                01 - às 12h 47min - nova

                09 - às 05h 56min - crescente

                15 - às 21h 29min - cheia
       
                23 - às 01h 28min - minguante
                
          









Planetas visíveis a olho nu em novembro


MERCÚRIO  Neste mês não pode ser observado. 

VÉNUS - Pode ser visto durante todo este mês ao fim do dia, no crepúsculo, como uma estrela muito brilhante. 
 
MARTE Pode ser visto toda a noite a partir das das vinte e duas horas e trinta minutos, gradualmente, vai nascendo mais cedo até ao fim do mês. 

JÚPITER Pode ser avistado a partir das dezanove horas e trinta e oito minutos,  gradualmente, vai nascendo mais cedo. 

SATURNO Pode ser avistado durante a noite até por volta da uma e meia da manhã.

Fonte: APP Sky Tonight




(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)

DataMagnitudeInícioPonto mais altoFimTipo da passagem
(mag)HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.
2-11-1,905:04:2825°NNE05:04:2825°NNE05:07:0010°Evisível
3-11-3,905:50:1530°NO05:51:4585°NE05:55:0210°SEvisível
4-11-2,405:03:1137°E05:03:1137°E05:05:3310°ESEvisível
4-11-2,006:36:2110°O06:38:4519°SO06:41:1010°Svisível
5-11-3,005:49:0232°OSO05:49:2833°SO05:52:2810°SSEvisível
6-11-1,605:02:0421°SE05:02:0421°SE05:03:1910°SEvisível
7-11-1,305:47:5911°SSO05:47:5911°SSO05:48:1710°SSOvisível
11-11-1,219:07:2510°S19:07:4812°S19:07:4812°Svisível
 
Como usar esta grelha:

Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de início, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.

Fonte: http://www.heavens-above.com/



Vídeo do Mês



Um tsunami que ninguém viu!

(Quando necessário, para ativar as legendas automáticas proceder do seguinte modo: no canto inferior direito clicar no símbolo "roda dentada"; abrem-se as Definições; clicar aí e escolher Legendas; depois clicar em Traduzir Automaticamente; finalmente escolher Português na lista.)


Imagem do Mês



LDN 43: A nebulosa do morcego cósmico

         Qual é a nebulosa mais assustadora da galáxia? Um candidato é a LDN 43, que tem uma semelhança surpreendente com um vasto morcego cósmico voando entre as estrelas numa noite escura de Halloween. Localizada a cerca de 1400 anos-luz de distância na constelação de Ofiúco, esta nuvem molecular é suficientemente densa para bloquear a luz não apenas das estrelas de fundo, mas também de tufos de gás iluminados pela nebulosa de reflexão próxima LBN 7. Longe de ser um prenúncio da morte, este filamento de gás e poeira com 12 anos-luz é na verdade um berçário estelar. Brilhando com uma luz misteriosa, o morcego é iluminado internamente por densos nós gasosos que acabaram de formar jovens estrelas .

Fonte: www.nasa.gov



Livro do Mês



Sinopse

Entretida com os amigos, Lyra, a filha de Chris van Tulleken, passou-lhe um gelado para as mãos e foi brincar. O pai, cientista, doutorado, professor no University College de Londres, olhou intrigado para a reluzente bola cremosa com sabor a pistácio: apesar do tempo quente, não derretia. Porquê? Um ex-executivo de um gigante da indústria alimentar explicou-lhe: aquele gelado estava praticamente embalsamado. Tal como grande parte do que comemos.
Numa viagem alucinante pela indústria e ciência dos alimentos, o autor mostra-nos como começámos, há 150 anos, a transformar a comida numa coisa que já não é comida. E com base na literatura científica demonstra como esse padrão alimentar se tornou na principal causa de obesidade, mortes prematuras e destruição ambiental.
A culpa não é dos consumidores. A epidemia de obesidade é fruto da inércia governamental e do trabalho implacável de algumas corporações internacionais que começaram a substituir alimentos naturais (como o açúcar, o leite ou a manteiga) por alternativas sintéticas (gomas, emulsionantes).
Os novos aditivos são propositadamente concebidos para nos viciar. Chegam-nos servidos por um marketing sedutor e até com a validação de cientistas de prestígio, cujas pesquisas são financiadas pela indústria. E estão a transformar-nos em Pessoas Ultra Processadas.
Chris van Tulleken denuncia e apresenta soluções, mas recusa-se a dar conselhos ou sugerir dietas. Nem precisa. Quando for ao supermercado, sabendo o que aquelas comidas lhe estão a fazer, a si e aos seus filhos, a sua vida vai mesmo mudar (para muito melhor).

Sobre o autor:


Chris van Tulleken é médico infecciologista no Hospital de Doenças Tropicais, em Londres. Fez o internato na Universidade de Oxford e tem um doutoramento em virologia pelo University College London, onde é professor. A sua investigação foca-se em como as empresas influenciam dramaticamente a saúde humana, sobretudo no contexto da nutrição infantil. Colabora com a UNICEF e a Organização Mundial de Saúde. É um dos principais apresentadores de programas educativos da BBC, o que já lhe valeu dois prémios BAFTA. Vive em Londres com a mulher e duas filhas. No Twitter e no Instagram: @DoctorChrisVT

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