Dezembro 2023
Ciência Na Frente
Do Infinitamente Pequeno ao Infinitamente Grande
Dezembro de 2023
Uma estrela estranha é um poderoso íman
Esta imagem artística mostra a poderosa estrela-magnética HD 45166. O poderoso campo magnético atrai as partículas que saem da estrela, envolvendo-a numa concha de gases. |
Há uma estranha estrela a 3300 anos-luz de distância, na constelação meridional de Monoceros, o Unicórnio. Esta estrela, conhecida como HD 45166, parece estar na classe de estrelas de Wolf-Rayet. Estas estrelas formadas principalmente por hélio explodem e criam ventos violentos, deixando uma assinatura distinta no seu espetro. No entanto, enquanto a maioria das estrelas de Wolf-Rayet possuem mais de oito vezes massas solares, esta tem muito menos do que isso. A sua reduzida massa poderá ser explicada se este objeto peculiar tiver sido formado por uma colisão de duas estrelas de menor massa. Mas se fosse esse o caso, não deveria ser capaz de produzir um vento tão forte – contudo, o seu espetro diz-nos que o é.
Tomer Shenar (Universidade da Amesterdão) e os seus colegas usaram novas observações, bem como décadas de dados mais antigos de uma infinidade de telescópios, para examinar o campo magnético desta estrela, tendo publicando os resultados na revista Science, de 17 de agosto passado. Na verdade, a maioria das estrelas não são assim tão magnéticas - por exemplo, uma área média do Sol tem um campo de apenas 1 Gauss, isto é, cerca de duas vezes a força da superfície da Terra. Um décimo das estrelas grandes são mais magnéticas, porém, estas são provavelmente os progenitores do magnetismo extremo encontrado nas magneto-estrelas, estrelas de neutrões com campos de 100 biliões de vezes mais fortes do que o do Sol.
A equipa de Shenar utilizou um instrumento, o telescópio Canadá-França-Havaí, para procurar impressões digitais químicas no campo magnético do espetro da HD 45166. E, encontraram-nas - um impressionante campo de 43 000 Gauss. “Campos magnéticos de mil Gauss são muito raros entre estrelas maciças, então 43.000 Gauss está realmente fora de tudo”, diz Paul Crowther (da Universidade de Sheffield, Reino Unido), que não esteve envolvido no estudo da Science.
O poderoso campo magnético da estrela bem como outros dados, apontam para a sua origem a partir de uma fusão estelar. O forte campo retém o material que sai da estrela, fazendo com que o vento fraco pareça mais forte do que realmente é. “Este artigo resolve um problema de longa data, o enigma sobre a HD 45166, desde que foi reconhecida como uma raridade entre as estrelas Wolf-Rayet”, diz Crowther.
Eventualmente, esta estrela entrará em colapso transformando-se numa estrela de neutrões e o seu campo magnético ir-se-á fortalecer ao fazê-lo. A estrela pode então tornar-se uma magneto-estrela. No entanto, Crowther não tem a certeza deste destino: “Muita física complexa acontece durante uma explosão de uma supernova”, diz ele.
Fonte: Sky & Telescope, Vol. 146 n.º 6 - dezembro 2023
Monica Young
(adaptado)
Um olho completo tornado transparente com a imagem em 3D
A estrutura tridimensional de tecidos e órgãos é de grande importância para a compreensão do seu funcionamento e às vezes para o tratamento de certas patologias. No entanto, por razões práticas, as análises biológicas são realizadas em seções bidimensionais com alguns micrometros de espessura e que são colocados sob o microscópio. O grande obstáculo para estudar o volume do órgão é a opacidade dos tecidos. No entanto, desde há dez anos que existem técnicas para os tornar transparentes. São injetados marcadores fluorescentes para obter uma imagem em 3D do órgão. No entanto, até agora, ainda nenhum protocolo tinha tornado possível aplicar esta abordagem ao olho como um todo. Na verdade, este órgão possui uma estrutura complexa, heterogénea e frágil. No entanto, Marie Darche, do hospital nacional da visão Quinze-Vingts, em Paris, e os seus colegas conseguiram esse feito.
Nas imagens encima, o marcador azul fixa-se nas proteínas das paredes das veias, enquanto o marcador roxo indica os nervos (na imagem da esquerda e da direita), ou as artérias e músculos (no meio).
“Ao digitalizar um grande número de órgãos saudáveis e patológicos, queremos criar bancos de olhos tridimensionais”, explica Marie Darche. Estas imagens de alta precisão serão compartilhadas com investigadores e médicos." Elas irão fornecer uma ferramenta para estudar patologias que muitas vezes são de multitecidos ou que às vezes afetam o olho na sua globalidade, tal como a DMRI, o glaucoma, a oclusão da veia da retina, o melanoma ocular… e cujas causas nem sempre são são bem compreendidas.
Fonte: Pour la Science n.º 554 - dezembro 2023
Sean Baily
(adaptado)
Fez-se uma experiência inédita na Estação Espacial Internacional: embriões de rato com duas células, foram enviados congelados e foram cultivados durante quatro dias para atingirem o estádio de blastocitos com dezasseis células. ao serem examinados quando regressaram à Terra, os embriões não apresentavam anomalias de desenvolvimento no plano celular ou genético, prova, segundo este estudo, que a microgravidade não tem efeitos significativos na diferenciação inicial dos embriões dos mamíferos.
O raio do protão, que constitui o núcleo dos átomos com o neutrão, mede 0,84 fentometro (1 fm = 10-15 m). Um novo estudo teórico confirma as medições experimentais realizadas desde 2010, e que tinham causado alguma perturbação. Isto porque as experiências anteriores indicavam uma medida de 0,88 fm. Uma diferença mínima, contudo muito grande para o modelo standard da física de partículas.
Uma verdadeira rede de vales fluviais dissimulados sob a calote glaciar acaba de ser cartografada a Este da Antártida, com a ajuda de dados de satélites e de radares. Os autores estimam que este relevo tem 34 milhões de anos, época na qual formava uma paisagem a céu aberto num ambiente quente, antes de se imporem as condições glaciares. Segundo este estudo, as alterações climáticas em curso, daqui até 2100, poderá libertar-se dos gelos dessas paisagens desaparecidas.
Fonte: Scince et Avenir - La Recherche n.º 922 - dezembro 2023
O que posso observar no céu de dezembro?
06 - Lua no apogeu a 404 346 Km da Terra - 18:42
14 - Lua a 4º S de Mercúrio - 05:00
14 - Auge da chuva de meteoros das Geminídeas
16 - Lua no perigeu a 367 901 Km da Terra - 18:53
17 - Lua a 2º S de Saturno - 22:00
22 - Solstício de inverno - 03:27
Fases da Lua em dezembro
12 - às 23h 32min - nova
19 - às 18h 39min - crescente
19 - às 18h 39min - crescente
27 - às 00h 33min - cheia
05 - às 05h 49min - minguante
Planetas visíveis a olho nu em dezembro
MERCÚRIO - Pode ser visto no início do crepúsculo matinal a partir das 6:30.
VÉNUS - Pode ser visto para sudeste pela manhã, olhando para a constelação de Virgem de e mais tarde no mês, na constelação de Balança.
JÚPITER - Pode ser visto toda a noite durante este mês, na constelação de Carneiro.
Fonte: APP Sky Tonight
(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)
Data | Magnitude | Início | Ponto mais alto | Fim | Tipo da passagem | ||||||
(mag) | Hora | Alt. | Az. | Hora | Alt. | Az. | Hora | Alt. | Az. | ||
16-12 | -1,5 | 06:40:41 | 10° | SSO | 06:43:33 | 27° | SE | 06:46:27 | 10° | ENE | visível |
17-12 | -0,7 | 05:52:50 | 10° | S | 05:54:56 | 16° | SE | 05:57:03 | 10° | E | visível |
18-12 | -3,7 | 06:39:12 | 10° | SO | 06:42:32 | 80° | SE | 06:45:52 | 10° | NE | visível |
19-12 | -2,8 | 05:53:18 | 40° | SSE | 05:53:45 | 43° | SE | 05:56:57 | 10° | ENE | visível |
20-12 | -0,5 | 05:07:17 | 13° | E | 05:07:17 | 13° | E | 05:07:49 | 10° | ENE | visível |
20-12 | -3,3 | 06:40:12 | 26° | O | 06:41:36 | 40° | NNO | 06:44:47 | 10° | NE | visível |
21-12 | -2,5 | 05:53:53 | 35° | NE | 05:53:53 | 35° | NE | 05:56:01 | 10° | NE | visível |
22-12 | -2,4 | 06:40:16 | 21° | NO | 06:40:47 | 22° | NNO | 06:43:30 | 10° | NE | visível |
23-12 | -1,5 | 05:53:35 | 18° | NNE | 05:53:35 | 18° | NNE | 05:54:44 | 10° | NE | visível |
23-12 | -1,6 | 07:27:21 | 10° | NO | 07:29:15 | 14° | N | 07:31:08 | 10° | NNE | visível |
Como usar esta grelha:
Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de início, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.
Fonte: http://www.heavens-above.com/
Vídeo do Mês
As primeiras missões na Antártida
(Quando necessário, para ativar as legendas automáticas proceder do seguinte modo: no canto inferior direito clicar no símbolo "roda dentada"; abrem-se as Definições; clicar aí e escolher Legendas; depois clicar em Traduzir Automaticamente; finalmente escolher Português na lista.)
Imagem do Mês
A lua Ganímedes obtida por Juno
Com que é que a maior lua do Sistema Solar se assemelha? A lua de Júpiter, Ganímedes, maior do que Mercúrio e Plutão, tem uma superfície gelada salpicada com brilhantes crateras jovens, sobrepondo-se uma mistura de terrenos mais antigos, mais escuros, com crateras, com sulcos e cristas. As causas para a existência do terreno com sulcos, continua a ser um tópico de pesquisa, com uma hipótese principal relacionando-a com a deslocação das placas de gelo. Acredita-se que Ganímedes tenha uma camada oceânica que contém mais água do que a Terra - e pode conter vida. Assim como a Lua da Terra, Ganímedes mantém sempre a mesma face na direção do seu planeta central, neste caso Júpiter. Esta imagem foi capturada em 2021 pela sonda robótica Juno, da Nasa, quando passou por esta imensa lua. A passagem próxima da sonda, reduziu o período orbital de Juno em torno de Júpiter de 53 dias para 43 dias. Juno continua a estudar a alta gravidade do planeta gigante, o seu campo magnético incomum e as estruturas complexas das suas nuvens.
Fonte: www.nasa.gov
Livro do Mês
Sinopse
Do mestre contador de histórias e autor best-seller Simon Sebag Montefiore, a história da humanidade, desde a pré-história até aos dias de hoje, explicada através da única coisa que todos os humanos têm em comum: a família.
Uma viagem épica e emocionante através das famílias que moldaram o nosso mundo: os Césares, os Médicis e os Zulus, os Otomanos e os Mughals, os Bonapartes, os Habsburgos e os Incas, os Rothschilds, os Rockefellers e os Krupps, os Churchills, os Kennedys, os Castros, entre outras.
Esta é a história mundial à escala mais vasta e íntima - abrangendo séculos, continentes e culturas, e ligando temas de guerra, migração, epidemias, religião, medicina e tecnologia às pessoas no centro do drama humano. Tão fascinante como a ficção, O Mundo capta a história da humanidade em toda a sua alegria, mágoa, romantismo, engenho e crueldade, numa narrativa única e inovadora, que irá alterar para sempre os limites do que a história pode alcançar.
Ao longo do livro, Montefiore apresenta diferentes e poderosas dinastias, como os Médici, Bonaparte, Habsburgo, Rockefeller, Churchill, Kennedy, Castro, Kim y Assad. Destaca também líderes emblemáticos, como Alexandre Magno, Átila, Ivan o Terrível, Gengis Khan, Hitler, Tatcher, Obama e Putin, passando ainda por génios criativos como Sócrates, Miguel Ângelo, Newton, Mozart, Balzac, Bowie e Freud.
Sobre o autor:
Simon Sebag Montefiore nasceu em 1965 e cursou história na Universidade de Cambridge. Catherine the Great and Potemkin foi incluído na lista final dos Prémios Samuel Johnson, Duff Cooper e Marsh Biography. Estaline, a corte do Czar Vermelho ganhou o History Book of the Year Prize dos British Books Awards. O jovem Estaline foi agraciado com o Costa Biography Award (Reino Unido), com o LA Times Book Prize for Biography (Estados Unidos), com Le Grand Prix de la Biographie Politique (França) e com o Kreisky Prize for Political Literature (Áustria). Montefiore, que é ainda autor de um romance, Sashenka, tem os seus livros traduzidos em mais de 35 línguas. Membro da Royal Society of Literature, Simon Montefiore vive em Londres com a mulher, a romancista Santa Montefiore, e as duas filhas do casal.
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