dezembro 2020
Ciência Na Frente
Do Infinitamente Pequeno ao Infinitamente Grande
Dezembro de 2020
Os "Alpes" e Plutão
A região de «Cthulhu», próxima do equador de Plutão (à esquerda), e os Alpes na Terra (à direita) oferecem-nos paisagens similares, mas formadas por processos muito diferentes. |
Na superfície de Plutão estendem-se cadeias montanhosas cobertas de uma camada de gelo branco e brilhante, numa paisagem que se assemelha bastante às montanhas terrestres. Este gelo é composto por metano gelado formado por fenómenos atmosféricos muito diferentes dos mecanismos de formação da neve na Terra. Graças às observações da sonda espacial New Horizons, que sobrevoou o planeta anão em 2015, Tanguy Bertrand, do centro de investigação Ames da NASA, na Califórnia, François Forget, do Laboratório de meteorologia dinâmica da Sorbonne-Universidade, em Paris, e os seus colaboradores, explicaram este mecanismo. Na Terra, a neve condensa-se em altitude, já que o ar dilata-se nos movimentos ascendentes e, por isso, arrefece. Em Plutão, a atmosfera é fria ao nível do solo e torna-se mais quente e rica em metano em altitude. É por isso que só nos picos mais elevados, onde são atingidas as mais altas camadas da atmosfera, se forma o gelo de metano.
Fonte: Pour la Science - dezembro 2020, n.º 518, p. 13
Lucas Gierczak (adaptado)
As ciências tornam-nos crédulos?
Em contra corrente com a maioria, Copérnico afirmava que a Terra não estava no centro do Universo. Como distinguir o pensamento afastado do génio? |
A cultura científica é um bom utensílio para nos proteger contra o aumento da desinformação, as histórias e as fake news, das quais todos somos vítimas. Com efeito, as ciências ensinam-nos que cada afirmação deve ser justificada por uma demonstração, um cálculo, uma observação ou uma experiência. Elas ensinam-nos a suspender o nosso juízo, por vezes durante séculos, o tempo necessário para que uma justificação seja encontrada. Elas também nos ensinam a desconfiar dos argumentos de autoridade: é a sua justificação e não o seu autor, que dá veracidade a uma afirmação.
Este escudo parece, por vezes, não ser eficaz. Assim, no século XIX, o matemático Michel Chasles, com uma ingenuidade desconcertante, comprou a um falsário várias milhares de cartas escritas por Pitágoras, Alexandre, Galileu, Pascal etc.
Mais próximo de nós, médicos, que devido à sua cultura científica deveriam ser mais prudentes, retransmitiram desinformação sobre a Covid-19. Para além da credulidade, à história não faltam cientistas, por vezes talentosos, que, num momento da sua vida, se puseram a defender teorias, sem qualquer justificação.
Claro que os investigadores não são seres somente racionais e, como todos os seres humanos, podem ser atraídos pelo seu interesse, a sua ambição, o seu nacionalismo, etc. Mas ultrapassemos esta evidência. E se a sua própria prática científica os tenha levado pelos caminhos da credulidade?
A prática científica solicita-nos, com efeito, a desconfiarmos dos nossos sentidos. Ao aprendermos que existem tantos números pares como números inteiros, que existem números em que o quadrado é negativo ou que um fotão, passando por ecrã com duas aberturas, pode passar por ambas ao mesmo tempo, habituamo-nos a dominar ideias que desafiam o senso comum. A ciência ensina-nos assim a sermos prudentes, mas também audazes. Há na própria natureza do desenvolvimento científico a vontade de examinar hipóteses audaciosas, como aquela onde uma molécula é um remédio inesperado contra a Covid-19. É apenas num segundo momento que a prudência nos incita a colocar estas ideias à prova, de forma a corroborá-las ou a refutá-las.
Mas basta um pequeno desequilíbrio... Quando numa pessoa, a prática das ciências se desenvolve mais pela audácia do que pela prudência, a máquina deixa-se levar: esta pessoa pode convencer-se de uma teoria delirante e tornar-se um feroz defensor da mesma e, rapidamente, ela própria produzir novas ideias falsas. A comunidade científica tentará, talvez, levá-la à razão. Infelizmente, o exemplo de Copérnico, de Darwin ou de Turing persuadi-la-á que é possível ter razão sozinha contra todos e que a opinião da maioria não tem qualquer valor. Não foi isto que aconteceu, apesar de tudo, com quem pensava que a Terra estava no centro do Universo, que as espécies vegetais e animais não se transformavam ou que uma máquina não podia jogar xadrez?
Esta ambivalência é um importante elemento a ter em conta quando ensinamos as ciências. Quando dizemos aos nossos alunos, sem justificação por que isto é difícil de explicar, que um gato pode estar ao mesmo tempo morto e vivo ou que um fotão pode passar por duas aberturas ao mesmo tempo, certamente que estamos a desenvolver a sua audácia, mas não a sua prudência.
E a audácia sem prudência é apenas a ruína da alma.
Fonte: Pour la Science- dezembro 2020, n.º 518, p. 20
Gilles Dowek -
investigador no Inria,
professor na Escola Normal Superior de Paris-Saclay
e membro do Comité nacional piloto de ética informática (adaptado)
O que posso observar no céu de dezembro?
12 - Lua no perigeu a 361 640 Km da Terra - 21:00
14 - Atividade máxima das Géminidas (150/h - período 4 a 17/12) - 00:50
21 - Solstício: início do Inverno - 10:00
22 - Atividade máxima das Úrsidas (10h/h - período 17 a 26/12)
23 - Marte a 6ºN da Lua - 19:00
24 - Lua no apogeu a 405 012 Km da Terra - 17:00
23 - Marte a 6ºN da Lua - 19:00
24 - Lua no apogeu a 405 012 Km da Terra - 17:00
Céu visível às 18:15 horas do dia 15 de dezembro em Lisboa mostrando os planetas Marte, Júpiter e Saturno.
Fases da Lua em dezembro
14 - às 16h 17min - nova
21 - às 23h 41min - crescente
30 - 03h 28min - cheia
21 - às 23h 41min - crescente
30 - 03h 28min - cheia
08 - às 00h 37min - minguante
Planetas visíveis a olho nu em dezembro
MERCÚRIO - Durante este mês só pode ser visto até ao dia 6 de dezembro.
VÉNUS - Pode ser visto como a estrela da manhã até final do ano.
MARTE - Pode ser visto na constelação de Peixes, até ao final do ano.
JÚPITER - Pode ser visto ao anoitecer na constelação de Capricórnio. Estará em conjunção com Saturno no dia 21 de dezembro.
VÉNUS - Pode ser visto como a estrela da manhã até final do ano.
MARTE - Pode ser visto na constelação de Peixes, até ao final do ano.
JÚPITER - Pode ser visto ao anoitecer na constelação de Capricórnio. Estará em conjunção com Saturno no dia 21 de dezembro.
SATURNO - Pode ser visto na constelação de Capricórnio em meados de dezembro, do lado esquerdo e ligeiramente para cima de Júpiter. Estará em conjunção com Júpiter no dia 21 de dezembro.
Fonte: Observatório Astronómico de Lisboa
(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)
Data | Magnitude | Início | Ponto mais alto | Fim | Tipo da passagem | ||||||
(mag) | Hora | Alt. | Az. | Hora | Alt. | Az. | Hora | Alt. | Az. | ||
17-12 | -0,1 | 06:57:36 | 10° | SSE | 06:58:41 | 11° | SE | 06:59:48 | 10° | ESE | visível |
19-12 | -1,8 | 06:56:52 | 10° | SSO | 06:59:55 | 32° | SE | 07:02:57 | 10° | ENE | visível |
20-12 | -1,0 | 06:09:56 | 10° | S | 06:12:25 | 19° | SE | 06:14:54 | 10° | E | visível |
21-12 | -0,5 | 05:23:54 | 10° | SSE | 05:24:58 | 11° | SE | 05:26:03 | 10° | ESE | visível |
21-12 | -3,8 | 06:57:56 | 10° | SO | 07:01:17 | 84° | NO | 07:04:40 | 10° | NE | visível |
22-12 | -3,2 | 06:12:08 | 27° | SSO | 06:13:40 | 56° | SE | 06:16:59 | 10° | ENE | visível |
23-12 | -1,4 | 05:27:21 | 24° | E | 05:27:21 | 24° | E | 05:29:08 | 10° | ENE | visível |
23-12 | -3,0 | 07:00:22 | 14° | O | 07:02:52 | 34° | NNO | 07:05:59 | 10° | NE | visível |
24-12 | -3,5 | 06:15:16 | 50° | NNO | 06:15:16 | 50° | NNO | 06:18:25 | 10° | NE | visível |
25-12 | -1,1 | 05:29:57 | 16° | NE | 05:29:57 | 16° | NE | 05:30:47 | 10° | NE | visível |
25-12 | -2,1 | 07:02:56 | 14° | NO | 07:04:35 | 20° | NNO | 07:07:09 | 10° | NNE | visível |
Como usar esta grelha:
Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de início, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.
Fonte: http://www.heavens-above.com/
Vídeo do Mês
A história secreta de Plutão
(Quando necessário, para ativar as legendas automáticas proceder do seguinte modo: no canto inferior direito clicar no símbolo "roda dentada"; abrem-se as Definições; clicar aí e escolher Legendas; depois clicar em Traduzir Automaticamente; finalmente escolher Português na lista.)
(Quando necessário, para ativar as legendas automáticas proceder do seguinte modo: no canto inferior direito clicar no símbolo "roda dentada"; abrem-se as Definições; clicar aí e escolher Legendas; depois clicar em Traduzir Automaticamente; finalmente escolher Português na lista.)
Imagem do Mês
A surpreendente reminiscência da Grande Nebulosa de Orion, a Grande Nebulosa do Perú espalha-se por esta criativa imagem. Claro que se fosse a Nebulosa de Orion seria o nosso berçário estelar mais próximo, localizado na fronteira de uma grande nuvem molecular, a uns meros 1 500 anos-luz de distância. Também conhecida como M42, a nebulosa de Orion é visível a olho nu como a "estrela" do meio da espada de Orion, o Caçador, uma constelação que agora nasce nas noites do planeta Terra. Ventos estelares que surgem dos enxames de novas estrelas espalham-se através da Nebulosa de Orion, esculpindo as suas pregas e cavidades vistas nas familiares imagens dos telescópios. Muito maior de que qualquer ave que possa cozinhar, esta Grande Nebulosa do Perú foi imaginada a ter um tamanho similar à Nebulosa de Orion, com cerca de 13 anos-luz de comprimento.
Fonte: www.nasa.gov
Fonte: www.nasa.gov
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