setembro 2020









Ciência Na Frente

Do Infinitamente Pequeno ao Infinitamente Grande

Setembro de 2020





Continuamos em estado de alerta, mas a partir de 15 de setembro voltamos ao estado de emergência.
Não descuidem o distanciamento social, a lavagem das mãos e o uso de máscara em locais públicos fechados. 


Fogueiras na superfície do Sol



     A meio do caminho da distância que separa a Terra do Sol, a sonda Solar Orbiter captou esta imagem em ultravioleta da superfície do Sol - esta é a fotografia mais próxima da superfície deste astro ardente alguma vez obtida. A análise da imagem mostra que a superfície solar fervilha com uma atividade relativamente discreta; está semeada com milhares de «fogueiras» (uma delas está indicada por uma seta). Estas assemelham-se às erupções solares visíveis a partir da Terra, mas em versão miniatura, milhões ou mesmo mil milhões de vezes mais pequenas. Esta diferença de escala leva-nos a interrogarmo-nos se o mecanismo subjacente será o mesmo.
     Um dos grandes enigmas do Sol recai sobre a sua coroa, a sua atmosfera, em que a temperatura ultrapassa o milhão de graus, quando a da sua superfície apenas atinge os 5500ºC. Nenhum modelo explica de forma completa e satisfatória como é que a atmosfera da estrela pode ser tão quente comparada com a superfície do astro. Em parte a resposta virá das reconexões do campo magnético que está na origem das erupções solares. Quando as linhas do campo magnético solar se reorganizam e se reconectam, elas libertam bruscamente, na direção da coroa, grandes quantidades de energia que tinham acumulado.
     Há trinta anos, Eugene Parker, da universidade de Chicago, tinha sugerido que nanoerupções poderiam também aquecer a coroa. Estes acontecimentos de reconexão magnética teriam, cada um, muito pouco energia, mas produzem-na por todo o lado e constantemente. Será que estas fogueiras são as famosas nanoerupções? Talvez a resposta venha das observações da sonda Solar Orbiter, que estão só agora a começar.
     

Fonte: Pour la Sciencesetembro 2020, n.º 515, p. 10  
Sean Bailly  (adaptado)


     

Uma magneto-estrela da Via Láctea emite uma explosão rápida rádio

Uma visão artística de uma magneto-estrela, uma estrela de neutrões altamente magnetizada.


       As explosões rápidas de rádio são breves, muito poderosas e misteriosos clarões de ondas rádio. Agora descobriu-se um desses clarões com origem na nossa própria galáxia.
     Dois observatórios, independentemente, detetaram a explosão de ondas rádio vindas de uma magneto-estrela a cerca de 30 000 anos-luz de distância. A sua assinatura rádio assemelhava-se às explosões rápidas de rádio (FRBs - sigla inglesa para Fast Radio Burst) que os astrónomos têm vindo a descobrir, em grandes quantidades nos últimos anos, noutras galáxias. Estas explosões libertam uma grande quantidade de energia num piscar de olhos, mas o que as origina mantém-se desconhecido. Esta nova deteção, promete trazer alguma luz a este poderoso mecanismo.
     Estas novas observações sugerem que estas magneto-estrelas podem produzir algumas explosões rápidas de rádio. As magneto-estrelas são versões ultra-magnetizadas de estrelas de neutrões, os núcleos colapsados dos restos das explosões de supernovas. Estes exóticos objetos já eram conhecidos por lançarem clarões de raios gama, mas nunca tinham sido vistos a emitirem explosões rápidas rádio.
     Os astrónomos descobriram uma magneto-estrela ma nossa galáxia em 2014, conhecida como SGR 1935+2154 e que tem sido monitorizada desde aí. Estavam a observá-la quando, no dia 28 de abril, o Canadian Hydrogen Intensity Mapping Experiment (CHIME) e a antena de rádio STARE2, ambos observaram um clarão particular de ondas rádio vindas da direção da magneto-estrela. Quase em simultâneo essa fonte emitiu um curto clarão de raios-X, detetado por diversos telescópios de raios-X. Estas múltiplas deteções ajudaram os astrónomos a marcar uma localização mais exata para a essa fonte.
     "A luminosidade implícita da análise feita pelo STARE2 é verdadeiramente espantosa", diz Geoffrey Bower (Academia Sinica, em Taiwan), que não esteve envolvido nestas novas observações. "Esta sugere que as explosões a partir das magneto-estrelas podem ser detetadas a distâncias enormes".
        Esta descoberta também pode ajudar os astrónomos a perceber o processo por trás dos clarões. A quebra repentina das linhas de campos magnéticos, pode libertar energia suficiente para alimentar as explosões rádio que vemos.  
     Bower acrescenta que esta descoberta não significa que todas as explosões rápidas rádio venham de magneto-estrelas. "Podem muito bem existir outros mecanismos ou fontes que produzam as explosões rápidas rádio", disse.

         Fonte: Sky & Telescopesetembro 2020, Vol. 140, n.º 3, p. 10  
Monica Young (adaptado)




O que posso observar no céu de setembro?


6 - Lua a 0,03ºN de Marte - 06:00
6 - Lua no apogeu a 405 606 Km da Terra - 07:29
14 - Lua a 4ºN de Vénus - 06:00  
18 - Lua no perigeu a 359 082 Km da Terra - 14:48
18 - Lua a 6ºN de Mercúrio - 23:00
22 - Equinócio de outono - 14:31
25 - Lua a 1,6ºS de Júpiter - 08:00
25 - Lua a 2ºS de Saturno - 22:00


Fig. 1 – Céu visível às 06:00 horas do dia 1 de setembro em Lisboa mostrando os planetas: Vénus e Marte.

Fig. 2 – Céu visível às 22:00 horas do dia 15 de setembro em Lisboa mostrando os planetas: Marte, Júpiter e Saturno.





Fases da Lua em setembro


17 - às 12h 00min - nova

24 - às 02h 55min - crescente

02 - 06h 22min - cheia 

  10 - às 10h 26min - minguante









Planetas visíveis a olho nu em setembro 


MERCÚRIO - Poderá ser visto somente próximo do horizonte, a leste, antes do nascimento do Sol ou a oeste, depois do ocaso do Sol. Será visível, de tarde, por volta do fim do crepúsculo civil, durante todo o mês de setembro. 

VÉNUS - Pode ser visto como a estrela da manhã. 

MARTE - Pode ser visto na constelação de Peixes durante a maior parte da noite.

JÚPITER - Pode ser visto durante toda a noite na constelação de Sagitário. 

SATURNO - Pode ser visto na constelação de Sagitário durante toda a noite. 

Fonte: Observatório Astronómico de Lisboa 




(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)

DataMagnitudeInícioPonto mais altoFimTipo da passagem
(mag)HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.
20 de set-1,304:45:4611°SSO04:45:4611°SSO04:46:0510°SSOvisível
   
 
Como usar esta grelha:

Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de início, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.

Fonte: http://www.heavens-above.com



Vídeo do Mês




As magneto-estrelas


(Quando necessário, para ativar as legendas automáticas proceder do seguinte modo: no canto inferior direito clicar no símbolo "



Imagem do Mês




NGC 6357: a catedral de estrelas maciças

         Quão massiva pode ser uma estrela? Estimativas feitas à distância e a partir dos modelos padrão solares, identificaram uma estrela no enxame aberto Pismis 24 com 200 vezes a massa do nosso Sol, fazendo dela uma das estrelas conhecidas mais maciças. Nesta imagem, essa estrela é o objeto mais brilhante localizado logo acima da nuvem de gás. Contudo, uma verificação mais atenta desta imagem, obtida pelo Telescópio Espacial Hubble, mostrou que a Pismis 24-1 obtém a sua brilhante luminosidade não de uma única estrela, mas no mínimo de três estrelas. As outras estrelas da foto andarão perto das 100 massas solares, fazendo delas as estrelas mais maciças até agora registadas. Na parte inferior da imagem, há estrelas ainda a formarem-se associadas à nebulosa de emissão NGC 6357. Assemelhando-se a uma catedral gótica, estrelas energéticas, perto do centro, iluminam um casulo espetacular. 

 



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