setembro 2019
Ciência Na Frente
Do Infinitamente Pequeno ao Infinitamente Grande
Setembro de 2019
O objeto interestelar 'Oumuamua (imagem artística imaginada), com algumas centenas de metros, não é uma vela solar, já que roda sobre si mesma. |
Em outubro de 2017, o telescópio Pan-STARRS1, no Havai, descobriu o primeiro objeto vindo do meio interestelar, nunca antes visto no sistema solar: o 'Oumuamua, «batedor» em havaiano. Os dados sobre o 'Oumuamua são espantosos, nomeadamente a sua passagem a apenas 24 milhões de quilómetros da Terra (60 vezes a distância da Terra-Lua), a sua forma alongada inédita e a sua velocidade de afastamento do Sol, mais elevada do que seria esperado.
Para os explicar, dois investigadores do centro de astrofísica de Harvard-Smithsonian, nos Estados Unidos, propuseram que uma civilização extraterrestre estaria na origem deste corpo: 'Oumuamua seria uma vela solar, utilizando a pressão de radiação emitida pelas estrelas para conseguir propulsão. Mas a equipa 'Oumuamua do Instituto Internacional das ciências do espaço, em Berna, na Suíça, dirigida por Matthew Knight, da universidade de Maryland, nos Estados Unidos, e Alan Fitzsimmons, da Quenn's Universaty, em Belfast, na Irlanda do Norte, mostraram recentemente que não era necessário invocar essa hipótese.
Em primeiro lugar, não é de surpreender ter-se observado o visitante tão perto da Terra: se se fizer um balanço observacional, torna-se mais provável a deteção de corpos celestes na proximidade dos nossos telescópios. Por outro lado, a aceleração do objeto poderá acontecer por uma desgaseificação, característica dos cometas, muito fraca para ser detetada. Finalmente, uma vela solar não poderia rodar sobre ela própria, como faz 'Oumuamua segundo as variações regulares da sua luminosidade, já que ele devia estar sempre orientado para a estrela para ter propulsão! Enfim, diversos cenários naturais, como colisões com outros objetos, são suficientes para explicar a sua forma. O encontro de terceiro grau ainda não foi desta!
Izia Pétillon (adaptado)
A origem da gola do dragão
Quando se sente em perigo, o dragão da Austrália desenrola a sua gola, o que o torna mais ameaçador aos olhos dos seus potenciais agressores. |
Ele inspirou um dos icónicos dinossauros do filme Jurassic Park: o dragão da Austrália, Chlamydosaurus kingii, é um lagarto que vive na Austrália e na Nova-Guiné, com um comprimento médio de 85 centímetros. Quando um predador, como a pitão, ou um concorrente se aproxima, ele abra a sua gola semelhante a um guarda-chuva, o que é muitas vezes o suficiente para os assustar. A equipa de Michel Milinkovitch, da universidade da Genebra, debruçou-se sobre o desenvolvimento embrionário dessa espetacular estrutura.
Ao observar os ovos do dragão da Austrália em diferentes fases, os biólogos determinaram a origem do osso da gola: o segundo arco branquial. Os arcos branquiais são estruturas embrionárias dos vertebrados, em que a primeira função é revestir as branquias, como acontece sempre nos casos dos peixes. Nos vertebrados terrestres, o segundo arco branquial funde-se com os seguintes. Ele contribui, nos humanos, na formação do osso hióide, implicado na palavra e na deglutição.
Mas nos squamata, o grupo de lagartos ao qual pertence o dragão da Austrália, esta fusão é incompleta, o que engendra uma excrescência cervical. No caso do dragão, o arco branquial, e portanto a excrescência associada, cresce desmesuradamente e forma a gola.
Os investigadores também elucidaram o aparecimento de três dobras que facilitam a descida da gola sobre o corpo do lagarto. O mecanismo embriológico identificado não é genético, mas topológico! Através de modelização, mostraram que a dobragem da gola é devido à sua fixação ao pescoço: à medida que cresce, mesmo de forma homogénea, enruga-se, da mesma maneira que uma cortina se enruga devido ao encurtamento da sua borda superior.
Ao observar os ovos do dragão da Austrália em diferentes fases, os biólogos determinaram a origem do osso da gola: o segundo arco branquial. Os arcos branquiais são estruturas embrionárias dos vertebrados, em que a primeira função é revestir as branquias, como acontece sempre nos casos dos peixes. Nos vertebrados terrestres, o segundo arco branquial funde-se com os seguintes. Ele contribui, nos humanos, na formação do osso hióide, implicado na palavra e na deglutição.
Mas nos squamata, o grupo de lagartos ao qual pertence o dragão da Austrália, esta fusão é incompleta, o que engendra uma excrescência cervical. No caso do dragão, o arco branquial, e portanto a excrescência associada, cresce desmesuradamente e forma a gola.
Os investigadores também elucidaram o aparecimento de três dobras que facilitam a descida da gola sobre o corpo do lagarto. O mecanismo embriológico identificado não é genético, mas topológico! Através de modelização, mostraram que a dobragem da gola é devido à sua fixação ao pescoço: à medida que cresce, mesmo de forma homogénea, enruga-se, da mesma maneira que uma cortina se enruga devido ao encurtamento da sua borda superior.
O que posso observar no céu de setembro?
13 - Lua no apogeu a 406 377 Km da Terra - 14:32
23 - Equinócio de setembro - início do outono - 08:50
28 - Lua no perigeu a 357 802 Km da Terra - 03:24
29 - Mercúrio a 1,4º N de Espiga - 00:00
29 - Lua a 6º N de Mercúrio - 23:00
Céu visível às 21:00 horas do dia 1 de setembro em Lisboa mostrando os planetas Júpiter e Saturno.
Céu visível às 06:00 horas do dia 15 de setembro em Lisboa mostrando as estrelas mais brilhantes Sírio, Capela, Rígel, Prócion, Betelgeuse e Aldebarã.
Fases da Lua em setembro
28 - às 19h 26min - nova
05 - às 17h 47min - crescente
13 - 22h 08min - cheia
05 - às 17h 47min - crescente
13 - 22h 08min - cheia
21 - às 13h 39min - minguante
Planetas visíveis a olho nu em setembro
MERCÚRIO - Poderá ser visto somente próximo do horizonte, a leste, antes do nascimento do Sol ou a oeste, depois do ocaso do Sol. Será visível de tarde, por volta do instante do fim do crepúsculo civil, entre 15 setembro e 6 de novembro.
VÉNUS - Não poderá ser observado por se encontrar demasiado próximo do Sol. A partir de meados de setembro reaparecerá como estrela da tarde.
MARTE - Não pode ser observador por se encontrar muito próximo do Sol. Só reaparecerá na terceira semana de outubro.
JÚPITER - Neste mês passa a ser visível apenas ao anoitecer.
SATURNO - É visível toda a noite, na constelação de Sagitário.
VÉNUS - Não poderá ser observado por se encontrar demasiado próximo do Sol. A partir de meados de setembro reaparecerá como estrela da tarde.
MARTE - Não pode ser observador por se encontrar muito próximo do Sol. Só reaparecerá na terceira semana de outubro.
JÚPITER - Neste mês passa a ser visível apenas ao anoitecer.
SATURNO - É visível toda a noite, na constelação de Sagitário.
Fonte: Observatório Astronómico de Lisboa
(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)
Data | Magnitude | Início | Ponto mais alto | Fim | Tipo da passagem | ||||||
(mag) | Hora | Alt. | Az. | Hora | Alt. | Az. | Hora | Alt. | Az. | ||
18-9 | -1,9 | 20:22:09 | 10° | SSE | 20:24:02 | 14° | SE | 20:24:55 | 13° | ESE | visível |
18-9 | -1,1 | 21:57:06 | 10° | OSO | 21:57:52 | 16° | OSO | 21:57:52 | 16° | OSO | visível |
19-9 | -4,0 | 21:08:37 | 10° | SO | 21:11:55 | 73° | SE | 21:12:13 | 66° | E | visível |
20-9 | -3,3 | 20:20:22 | 10° | SSO | 20:23:29 | 40° | SE | 20:26:17 | 12° | ENE | visível |
20-9 | -1,4 | 21:57:19 | 10° | O | 21:59:13 | 24° | ONO | 21:59:13 | 24° | ONO | visível |
21-9 | -2,7 | 21:08:29 | 10° | OSO | 21:11:41 | 43° | NNO | 21:13:05 | 26° | NNE | visível |
22-9 | -3,5 | 20:19:48 | 10° | OSO | 20:23:06 | 70° | NO | 20:26:26 | 10° | NE | visível |
22-9 | -1,0 | 21:57:55 | 10° | ONO | 21:59:41 | 17° | NNO | 21:59:41 | 17° | NNO | visível |
23-9 | -1,6 | 21:08:52 | 10° | ONO | 21:11:34 | 23° | NNO | 21:13:14 | 16° | NNE | visível |
24-9 | -2,1 | 20:19:53 | 10° | O | 20:22:53 | 31° | NNO | 20:25:54 | 10° | NE | visível |
24-9 | -0,7 | 21:58:32 | 10° | NO | 21:59:34 | 13° | NNO | 21:59:34 | 13° | NNO | visível |
25-9 | -1,3 | 21:09:29 | 10° | NO | 21:11:36 | 16° | N | 21:12:55 | 13° | NNE | visível |
26-9 | -1,4 | 20:20:22 | 10° | ONO | 20:22:49 | 19° | NNO | 20:25:15 | 10° | NNE | visível |
26-9 | -0,6 | 21:58:42 | 10° | NNO | 21:59:06 | 11° | NNO | 21:59:06 | 11° | NNO | visível |
27-9 | -1,2 | 21:09:54 | 10° | NNO | 21:11:40 | 14° | N | 21:12:22 | 13° | NNE | visível |
Como usar esta grelha:
Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de início, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.
Fonte: http://www.heavens-above.com/
Vídeo do Mês
O misterioso objeto interestelar 'Oumuamua
(Quando necessário, para ativar as legendas automáticas proceder do seguinte modo: no canto inferior direito clicar no símbolo "roda dentada"; abrem-se as Definições; clicar aí e escolher Legendas; depois clicar em Traduzir Automaticamente; finalmente escolher Português na lista.)
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Imagem do Mês
Nunca viram o aglomerado de estrelas das Plêiadas? Mesmo que já as tenham observado, nunca as devem ter visto como nesta foto, tão poeirentas. Este talvez seja o mais famoso aglomerado de estrelas que pode ser visto no céu, já que as brilhantes estrelas das Plêiadas podem ser vistas sem binóculos mesmo numa cidade com muita poluição luminosa. A partir de uma longa exposição num local escuro, a nuvem de poeira que rodeia o aglomerado de estrelas das Plêiadas torna-se muito notória. Esta imagem demorou 12 horas a ser obtida e cobre uma área do céu várias vezes maior do que a Lua cheia. Também conhecidas pelas Sete Irmãs e M45, as Plêiadas ficam a cerca de 400 anos-luz da Terra, na direção da constelação do Touro (Taurus). Uma lenda comum com uma alteração atual diz-nos que uma das mais brilhantes estrelas apagou-se desde que foi dado o nome ao aglomerado, deixando apenas seis estrelas visíveis a olho nu. Todavia, o atual número das estrelas visíveis das Plêiadas podem ser mais ou menos de sete, dependendo da escuridão do local onde se observa o céu e da claridade da visão do observador.
Fonte: www.nasa.gov
Fonte: www.nasa.gov
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