agosto 2018
Ciência Na Frente
Do Infinitamente Pequeno ao Infminitamente Grande
As 1,7 mil milhões de estrelas do mapa do satélite GAIA
No dia 25 de abril de 2018, astrónomos europeus publicaram a segunda edição de dados (DR2) do satélite Gaia, da Agência Espacial Europeia. Este é o maior, mais extenso e mais preciso catálogo até agora feito, contendo dados de 1,7 mil milhões de estrelas.
Baseado numa recolha de dados efetuada durante 22 meses, o DR2 do Gaia consiste em paralaxes precisas, assim como, as distâncias geométricas de mais de 1,3 mil milhões de estrelas, bem como as posições e brilho de 1,7 mil milhões de estrelas. Isto é um enorme salto comparado com os dados da primeira missão anunciados em 2016 e que continham as distâncias de 2 milhões de estrelas. Para além disso, estas novas distâncias agora publicadas contam apenas com as medidas do próprio Gaia - as medições do Gaia DR1 tinham de ser complementadas com as medições realizadas pelas observações do satélite Hipparcos, nos anos de 1990.
O satélite Gaia roda continuamente sobre o seu eixo, à medida que orbita o Sol, possibilitando aos seus dois telescópios varrerem grandes círculos do céu, observando cerca de 100 000 estrelas por minuto. As óticas alimentam três instrumentos: um para astrometria (para determinar a posição das estrelas e os seus movimentos apropriados através do céu), outro para fotometria (para medir a cor das estrelas e a sua real temperatura) e outro para espetroscopia (para medir a velocidade radial das estrelas brilhantes e que se estão a aproximar ou a afastar da Terra e para avaliar a sua composição). No centro do Gaia está uma CCD com 848 milhões de píxeis, a maior câmara digital alguma vez usada no espaço.
Graças à espetrometria, os DR2 de Gaia contêm estimativas da temperatura efetiva, raio e luminosidade de 76 milhões de estrelas. Próximo da Terra, Gaia também observa cerca de 14 000 conhecidos objetos do nosso Sistema Solar, a maioria asteróides. Na outra extremidade da escala de distâncias, a base de dados contem posições e brilhos de mais de meio milhão de quasares. A sua paralaxe, quase zero, significa que eles servem como úteis referências para o sistema de coordenadas celestes de Gaia.
Irão ser lançados mais dados a seguir ao DR2, como catálogo final de Gaia - o catálogo estelar definitivo previsível para o futuro - previsto para ser publicado no final de 2022.
Baseado numa recolha de dados efetuada durante 22 meses, o DR2 do Gaia consiste em paralaxes precisas, assim como, as distâncias geométricas de mais de 1,3 mil milhões de estrelas, bem como as posições e brilho de 1,7 mil milhões de estrelas. Isto é um enorme salto comparado com os dados da primeira missão anunciados em 2016 e que continham as distâncias de 2 milhões de estrelas. Para além disso, estas novas distâncias agora publicadas contam apenas com as medidas do próprio Gaia - as medições do Gaia DR1 tinham de ser complementadas com as medições realizadas pelas observações do satélite Hipparcos, nos anos de 1990.
O satélite Gaia roda continuamente sobre o seu eixo, à medida que orbita o Sol, possibilitando aos seus dois telescópios varrerem grandes círculos do céu, observando cerca de 100 000 estrelas por minuto. As óticas alimentam três instrumentos: um para astrometria (para determinar a posição das estrelas e os seus movimentos apropriados através do céu), outro para fotometria (para medir a cor das estrelas e a sua real temperatura) e outro para espetroscopia (para medir a velocidade radial das estrelas brilhantes e que se estão a aproximar ou a afastar da Terra e para avaliar a sua composição). No centro do Gaia está uma CCD com 848 milhões de píxeis, a maior câmara digital alguma vez usada no espaço.
Graças à espetrometria, os DR2 de Gaia contêm estimativas da temperatura efetiva, raio e luminosidade de 76 milhões de estrelas. Próximo da Terra, Gaia também observa cerca de 14 000 conhecidos objetos do nosso Sistema Solar, a maioria asteróides. Na outra extremidade da escala de distâncias, a base de dados contem posições e brilhos de mais de meio milhão de quasares. A sua paralaxe, quase zero, significa que eles servem como úteis referências para o sistema de coordenadas celestes de Gaia.
Irão ser lançados mais dados a seguir ao DR2, como catálogo final de Gaia - o catálogo estelar definitivo previsível para o futuro - previsto para ser publicado no final de 2022.
A dupla herança de Bletchley Park
A máquina Enigma, inventada nos anos de 1920, era utilizada pelo exército alemão para codificar as mensagens. |
Um importante episódio da história da informática desenrolou-se durante a Segunda Guerra Mundial, na pequena cidade inglesa de Bletchley, no Código Governamental e na Escola de Cifragem, estrutura instalada no domínio do Bletchley Park. Este lugar é algo desconcertante pela sua dupla herança, quer militar, quer informática.
O que aconteceu em Bletchley Park faz parte da história da criptografia. Desde a Antiguidade que os exércitos codificavam as suas mensagens para as proteger dos olhares dos seus inimigos. Para o fazerem, usavam um algoritmo simples que consistia em escolher uma chave constituída por um número n compreendido entre 1 e 25 e em substituir cada letra de uma mensagem situando-a n lugares mais à frente no alfabeto. Por exemplo, quando a chave era o número 3, um d é o substituído por um a e um e pelo b, etc. Para decifrar uma mensagem deste tipo, bastava conhecer a chave e efetuar a substituição inversa.
Desde que os exércitos codificaram as suas mensagens que os seus inimigos tentaram criptoanalisá-las, isto é, decifrá-las sem conhecer a chave. No caso do algoritmo elementar apresentado, basta tentar as 25 chaves possíveis. Claro que durante a Segundo Guerra Mundial, os exércitos do Eixo codificavam as suas mensagens com o recurso a algoritmos muito mais elaborados. O Código Governamental e a Escola de Cifragem, em Bletchley Park, eram o serviço encarregue de criptoanalisar estas mensagens.
Que relação tem isto com a informática? Para cifrar as suas mensagens, os exércitos do Eixo utilizavam máquinas eletromagnéticas complexas - as famosas Enigma e Lorenz - e os Britânicos construíram, em Bletchley Park, para criptoanalisar essas mensagens, máquinas ainda mais complexas: as máquinas Bombe e Colossus, que anunciaram os primeiros computadores construídos alguns anos mais tarde. Por exemplo, a Colossus é a primeira máquina binária da história. Para além disso, vários pioneiros da informática, em particular Alan Turing, participaram nesses trabalhos.
Bletchley Park é assim, para os informáticos, um pouco o que o monte Palatino era para os Romanos: é, segundo o mito, o local onde tudo começou. Mas, para certos historiadores, Bletchley Park não é só isso, já que sem as informações obtidas pela criptoanálise das mensagens nazis, a vitória dos Aliados estaria longe de ser obtida. Assim, Bletchley Park não é apenas o local de nascimento da informática, mas também, segundo outro mito, o local onde a Segunda Guerra Mundial mudou.
A existência do Código Governamental e da Escola de Cifragem foi mantida secreta até 1974 e o parque apenas se transformou num museu em 1993. Este museu, que reflete a dualidade do lugar, hesita entre a ciência e a guerra, entre o palácio das Descobertas e o museu Militar e deixa ao visitante uma estranha impressão. Algumas salas apresentam as máquinas Bomba e Colossus e explicam como elas prefiguram os futuros computadores. Outras celebram a dedicação dos soldados que libertaram a Europa da tirania.
A administração de Bletchley Park tenta agora dar uma maior coerência ao local: desde 2008 que o parque abriga um pequeno museu, o National Museum of Computing (Museu Nacional de Computação), consagrado à história da informática em geral e não apenas à da informática durante a Segunda Guerra Mundial. Se esta evolução continuar, talvez o parque venha a possuir dois museus independentes. A menos que ele decida continuar a lembrar-nos que um acontecimento particular pertence sempre, simultaneamente, a várias histórias.
O que aconteceu em Bletchley Park faz parte da história da criptografia. Desde a Antiguidade que os exércitos codificavam as suas mensagens para as proteger dos olhares dos seus inimigos. Para o fazerem, usavam um algoritmo simples que consistia em escolher uma chave constituída por um número n compreendido entre 1 e 25 e em substituir cada letra de uma mensagem situando-a n lugares mais à frente no alfabeto. Por exemplo, quando a chave era o número 3, um d é o substituído por um a e um e pelo b, etc. Para decifrar uma mensagem deste tipo, bastava conhecer a chave e efetuar a substituição inversa.
Desde que os exércitos codificaram as suas mensagens que os seus inimigos tentaram criptoanalisá-las, isto é, decifrá-las sem conhecer a chave. No caso do algoritmo elementar apresentado, basta tentar as 25 chaves possíveis. Claro que durante a Segundo Guerra Mundial, os exércitos do Eixo codificavam as suas mensagens com o recurso a algoritmos muito mais elaborados. O Código Governamental e a Escola de Cifragem, em Bletchley Park, eram o serviço encarregue de criptoanalisar estas mensagens.
Que relação tem isto com a informática? Para cifrar as suas mensagens, os exércitos do Eixo utilizavam máquinas eletromagnéticas complexas - as famosas Enigma e Lorenz - e os Britânicos construíram, em Bletchley Park, para criptoanalisar essas mensagens, máquinas ainda mais complexas: as máquinas Bombe e Colossus, que anunciaram os primeiros computadores construídos alguns anos mais tarde. Por exemplo, a Colossus é a primeira máquina binária da história. Para além disso, vários pioneiros da informática, em particular Alan Turing, participaram nesses trabalhos.
Bletchley Park é assim, para os informáticos, um pouco o que o monte Palatino era para os Romanos: é, segundo o mito, o local onde tudo começou. Mas, para certos historiadores, Bletchley Park não é só isso, já que sem as informações obtidas pela criptoanálise das mensagens nazis, a vitória dos Aliados estaria longe de ser obtida. Assim, Bletchley Park não é apenas o local de nascimento da informática, mas também, segundo outro mito, o local onde a Segunda Guerra Mundial mudou.
A existência do Código Governamental e da Escola de Cifragem foi mantida secreta até 1974 e o parque apenas se transformou num museu em 1993. Este museu, que reflete a dualidade do lugar, hesita entre a ciência e a guerra, entre o palácio das Descobertas e o museu Militar e deixa ao visitante uma estranha impressão. Algumas salas apresentam as máquinas Bomba e Colossus e explicam como elas prefiguram os futuros computadores. Outras celebram a dedicação dos soldados que libertaram a Europa da tirania.
A administração de Bletchley Park tenta agora dar uma maior coerência ao local: desde 2008 que o parque abriga um pequeno museu, o National Museum of Computing (Museu Nacional de Computação), consagrado à história da informática em geral e não apenas à da informática durante a Segunda Guerra Mundial. Se esta evolução continuar, talvez o parque venha a possuir dois museus independentes. A menos que ele decida continuar a lembrar-nos que um acontecimento particular pertence sempre, simultaneamente, a várias histórias.
Fonte: Pour la Science - agosto 2018 - n.º 490, p. 22
Gilles Dowek (adaptado )
Investigador no Inria e
membro do conselho científico
da Sociedade de Informática de França
Gilles Dowek (adaptado )
Investigador no Inria e
membro do conselho científico
da Sociedade de Informática de França
O que posso observar no céu de agosto?
10 - Lua no perigeu a 358 079 Km da Terra - 19:07
12 - Pico da chuva de meteoros das Perseídes
23 - Lua no apogeu a 405 746 Km da Terra - 12:23
26 - Mercúrio na sua maior elongação oeste - 22:00
12 - Pico da chuva de meteoros das Perseídes
23 - Lua no apogeu a 405 746 Km da Terra - 12:23
26 - Mercúrio na sua maior elongação oeste - 22:00
Fases da Lua em agosto
11 - às 10h 58min - nova
18 - às 08h 48min - crescente
26 - 12h 56min - cheia
18 - às 08h 48min - crescente
26 - 12h 56min - cheia
04 - às 19h 18min - minguante
Planetas visíveis a olho nu em agosto
MERCÚRIO - Poderá ser visto somente próximo do horizonte, a leste, antes do nascimento do Sol ou a oeste, depois do ocaso do Sol. Será visível, de manhã, por volta do instante do fim do crepúsculo civil, a partir do dia 17 de agosto.
VÉNUS - Poderá ser visto como estrela da tarde, mantendo-se visível até ao final de outubro.
MARTE - Pode ser visto toda a noite na constelação de Capricórnio. Regressa para a constelação de Sagitário em finais de agosto.
JÚPITER - Só pode ser visto ao anoitecer.
SATURNO - Pode ser visto durante toda a noite na constelação de Sagitário.
VÉNUS - Poderá ser visto como estrela da tarde, mantendo-se visível até ao final de outubro.
MARTE - Pode ser visto toda a noite na constelação de Capricórnio. Regressa para a constelação de Sagitário em finais de agosto.
JÚPITER - Só pode ser visto ao anoitecer.
SATURNO - Pode ser visto durante toda a noite na constelação de Sagitário.
Fonte: Observatório Astronómico de Lisboa
Visibilidade da Estação Espacial Internacional
(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)
Data | Magnitude | Início | Ponto mais alto | Fim | Tipo da passagem | ||||||
(mag) | Hora | Alt. | Az. | Hora | Alt. | Az. | Hora | Alt. | Az. | ||
29-8 | -1,5 | 05:46:11 | 10° | S | 05:48:32 | 18° | SE | 05:50:53 | 10° | E | visível |
30-8 | -3,8 | 06:29:25 | 10° | SO | 06:32:41 | 88° | SE | 06:35:57 | 10° | NE | visível |
31-8 | -3,0 | 05:39:08 | 25° | SSO | 05:40:40 | 45° | SE | 05:43:49 | 10° | ENE | visível |
1-9 | -1,7 | 04:49:21 | 22° | ESE | 04:49:21 | 22° | ESE | 04:51:24 | 10° | E | visível |
1-9 | -3,1 | 06:22:02 | 10° | OSO | 06:25:05 | 41° | NNO | 06:28:12 | 10° | NE | visível |
Como usar esta grelha:
Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de início, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.
Fonte: http://www.heavens-above.com/
Vídeo do Mês
Colossus: criar um gigante
(Quando necessário, para ativar as legendas automáticas proceder do seguinte modo: no canto inferior direito clicar no símbolo "roda dentada"; abrem-se as Definições; clicar aí e escolher Legendas; depois clicar em Traduzir Automaticamente; finalmente escolher Português na lista.)
(Quando necessário, para ativar as legendas automáticas proceder do seguinte modo: no canto inferior direito clicar no símbolo "roda dentada"; abrem-se as Definições; clicar aí e escolher Legendas; depois clicar em Traduzir Automaticamente; finalmente escolher Português na lista.)
Imagem do Mês
A fase total do eclipse lunar do passado dia 27 de julho durou uns impressionantes 103 minutos. Isso fez dele o mais longo eclipse total lunar do século XXI. A Lua passou através do centro da sombra da Terra enquanto estava quase no seu apogeu, o ponto mais distante da sua órbita elítica. Do princípio ao fim, toda a duração da totalidade do eclipse está exposta nesta imagem composta. Uma cena onírica que inclui uma sequência de exposições de uma câmara digital, obtida todos os 3 minutos. A exposição segue todo o eclipse do disco lunar, acompanhado nessa noite pelo brilhante planeta Marte, à medida que foi subindo junto à costa da aldeia de Tellaro, em Itália. Ao fundo vê-se o calmo golfo mediterrânico da La Spezia, conhecido como o Golfo dos Poetas. No século III a.C., o astrónomo heliocêntrico Aristarco, também seguiu a duração de eclipses lunares, mas sem o benefício dos relógios e câmeras digitais. Usando apenas a geometria, conseguiu descobrir uma maneira de calcular a distância da Lua a partir da duração do eclipse e do raio do planeta Terra.
Fonte: www.nasa.gov
Fonte: www.nasa.gov
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