novembro 2017











Ciência Na Frente

Do Infinitamente Pequeno ao Infminitamente Grande


Será que a energia escura muda com o tempo?





Representação da evolução do universo.

        Os cientistas têm levantado a hipótese se a energia escura - a misteriosa "força" que tem acelerado a expansão do universo durante metade da sua história cósmica - pode alterar-se com o decorrer do tempo. Esta ideia pode vir a resolver um problema existente atualmente sobre a medição da taxa de expansão do universo, conhecida como a constante de Hubble.
     A constante de Hubble determina algumas importantes características cósmicas, tais como a idade e o tamanho do universo. Mas, apesar de quase um século de estudos, os astrónomos ainda não estão todos de acordo sobre qual a velocidade de expansão atual. Aqueles que usam o fundo cósmico de microondas apontam para um valor à volta dos 67 quilómetros por segundo, por mega parsec (Km/s/Mpc, em que um mega parsec é cerca de 3,26 milhões de anos-luz). Aqueles que usam as supernovas ou outras ferramentas cósmicas, apontam para um valor de 73 Km/s/Mpc. O atual desacordo pode ser apenas um mero problema de análise ou de suposições, mas uma nova compreensão da energia escura é uma nova possibilidade.
     Apesar de não sabermos o que é a energia escura, uma das hipóteses diz que ela é inerente ao próprio espaço. Se assim for, então, à medida que o espaço se expande, a energia escura aumentará com ele, mantendo a mesma densidade. Até a gora, as observações corroboraram a ideia de que a energia escura permanece constante ao longo do tempo, mas há algum espaço de manobra.
     Pensado a partir de muitas e variadas observações, Gong-Bo Zhao (da Academia Chinesa das Ciências) e os seus colaboradores concluíram em setembro, na Nature Astronomy, que é possível aliviar a tensão na constante de Hubble com uma energia escura dinâmica, em que a sua densidade oscila ao longo do tempo, quer decaindo, quer aumentando à medida que o universo se expande. Todavia, as suas análises estatísticas não são suficientemente fortes para provar que uma energia escura evolutiva é a resposta correta. Mais dados ajudarão na resposta: a equipa está à espera do futuro observatório Dark Energy Spectroscopic Instrument (DESI), cujo objetivo é criar, em 2018, um mapa cósmico em 3D.   
                      
Fonte: Sky & Telescope - dezembro 2018 - Vol. 134, n.º 6, p. 12 - Camille M. Carlisle (adaptado)



E se o Big Bang não tivesse existido?




       No livro XI de "As Confissões", o filósofo e teólogo romano Santo Agostinho (354-430) constatava: «O que é, com efeito, o tempo? Se ninguém me fizer a pergunta, eu sei o que é; se alguém me a fizer, e eu queira explicá-la, já não sei». Os cosmólogos têm mais ou menos o mesmo problema com o Big Bang: a ideia nasce naturalmente quando andamos para trás com o filme do Universo, assim que estão interessados em explicá-lo, colidem, entre outros, com a incompatibilidade dos seus dois utensílios teóricos favoritos (a relatividade geral e a mecânica quântica), que impedem o acesso à origem do Universo, ao instante zero do espaço e do tempo.
     Nestas condições como podemos compreender a origem do Universo? Com inteligência e vontade, dois dos pilares da trindade interior segundo... Santo Agostinho no "De Trinitate" (a terceira, a memória, também é útil). A imaginação também é muito importante. Os cosmólogos usam-na para compreender os primeiros instantes do Universo, e é um bom exemplo a ideia de inflação (uma gigantesca expansão durante uma fração de segundo logo após o Big Bang).
     Espantosamente, a maior parte das teorias que os cosmólogos possuem para esclarecer o instante zero fazem desaparecer o Big Bang. Por outras palavras, o Big Bang desaparece, dilui-se e dá lugar a uma simples transição entre dois estados cósmicos. Um Universo terá então existido antes do nosso. O futuro e as observações irão decidir entre as várias hipóteses: alguns poderão então fazer seu o adágio de Santo Agostinho: «Se eu estiver errado, eu sou.»   

Fonte: Pour la Science Hors-Série- novembro/dezembro 2017 - n.º 97, p. 3 - Loïc Mangin (adaptado) 

O que posso observar no céu de novembro?

  6 - Lua no perigeu - 00:00
6 - Aldebarã a 0,8º S da Lua - 03:00
13 - Vénus a 0,3ºN de Júpiter - 06:00
14 - Atividade máxima das Biélidas
17 - Atividade máxima das Leónidas - 16:30
21 - Lua no apogeu - 19:00
28 - Atividade máxima das Oriónidas









Fases da Lua em novembro


18 - às 11h 43min - nova

26 - às 17h 04min - crescente

04 - às 05h 24min - cheia

  10 - às 20h 37min - minguante









Planetas visíveis a olho nu em outubro

MERCÚRIO - Poderá ser visto somente próximo do horizonte, a leste, antes do nascimento do Sol ou a oeste, depois do ocaso do Sol. Será visível, de tarde, por volta do instante do começo do crepúsculo civil, durante todo o mês de outubro.

VÉNUS - Poderá ser facilmente identificado pelo seu grande brilho. Durante todo o mês será visível como estrela da manhã até ao fim do mês.

MARTE - Pode ser visto na constelação de Virgem e passará a 3ºN de Espiga em 28 de novembro.

JÚPITER - Irá reaparecer na segunda semana de novembro e passando na constelação de balança em meados deste mês.

SATURNO - Pode ser visto na constelação de Sagitário em meados de novembro. 


Fonte: Observatório Astronómico de Lisboa 




(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)

DataMagnitudeInícioPonto mais altoFimTipo da passagem
(mag)HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.
1-11-1,304:46:0120°ESE04:46:0120°ESE04:47:5310°Evisível
1-11-3,406:18:4211°OSO06:21:3643°NNO06:24:4410°NEvisível
2-11-4,005:29:0175°ONO05:29:1078°NO05:32:2510°NEvisível
3-11-0,904:39:0816°ENE04:39:0816°ENE04:39:5810°ENEvisível
3-11-2,406:11:4917°ONO06:13:2624°NNO06:16:1010°NEvisível
4-11-2,405:21:4829°N05:21:4829°N05:23:5510°NEvisível
5-11-1,906:04:2115°NO06:05:1917°NNO06:07:3310°NNEvisível
6-11-1,405:14:0916°NNE05:14:0916°NNE05:15:1510°NNEvisível
7-11-1,605:56:3213°NNO05:57:1414°N05:59:0110°NNEvisível
8-11-0,905:06:1411°NNE05:06:1411°NNE05:06:3410°NNEvisível
8-11-1,506:40:0510°NNO06:41:5614°N06:43:4710°NEvisível
9-11-1,505:48:3213°N05:49:0813°N05:50:4710°NNEvisível
10-11-1,706:31:2510°NNO06:33:4518°NNE06:36:0510°ENEvisível

     
Como usar esta grelha:


Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de início, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.

Fonte: http://www.heavens-above.com/




Vídeo do Mês






O que existia antes do Big Bang



Imagem do Mês



Dois buracos negros a dançar na 3C 75


         O que está a acontecer no ativo núcleo da galáxia 3C 75? As duas fontes brilhantes no centro desta imagem combinam raios X (azul) e ondas rádio (cor-de-rosa), e estão a co-orbitar buracos negros supermaciços alimentando a gigantesca fonte de ondas rádio da 3C 75. Rodeados de emissões de gás de raios X, com muitos milhões de graus e lançando jatos explosivos de partículas relativistas, os buracos negros supermaciços estão separados por 25 000 anos-luz. Os núcleos das duas galáxias em fusão, situadas no enxame de galáxias Abell 400, encontram-se a cerca de 300 milhões de lanos-luz. Os astrónomos concluíram que estes dois supermaciços buracos negros estão ligados pela gravidade, num sistema binário, em parte por causa da aparência dos seus jatos resultante do seu movimento comum, à medida que vão acelerando através do enxame de gás quente, a uma velocidade de 1200 Km/s. Estas espetaculares fusões são comuns nos enxames de galáxias muito povoados, no universo longínquo. No seus estádios finais preve-se que as fusões provoquem intensas fontes de ondas gravitacionais.

Fonte: www.nasa.gov

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