julho 2015











Ciência Na Frente

Do Infinitamente Pequeno ao Infinitamente Grande


Finalmente Plutão




Ninguém sabe o que é que a nave da NASA New Horizons vai encontrar quando observar Plutão e as suas luas pela primeira vez. O dia 14 de julho irá ser emocionante.

     Após um voo de 9 anos e meio, a nave da NASA New Horizons vai fazer uma demorada visita a Plutão e às suas luas.
     Para além de qualquer dos planetas que já foram explorados, fica a gelada "Terceira Zona" do sistema solar: a Cintura de Kuiper. É escura, fria e sem energia. Um lugar tão remoto que os seus pequenos e gelados "habitantes" demoram centenas de anos a completar apenas uma órbita ao distante e fraco Sol. Até agora, e a partir da Terra, apenas vimos uma mão cheia de objetos da Cintura de Kuiper - e de nenhum deles se via mais do que uma pequena mancha. Mas após quase uma década de viagem interplanetária, a nave New Horizons está prestes a alterar esta situação. Agora estamos quase a ver um grande plano do membro mais famoso desta região: Plutão.
     A New Horizons não é a primeira nave a atravessar esta região do espaço, mas será a primeira a estudar qualquer um dos seus habitantes. Esta nave segue um rasto já percorrido por outras - as gémeas Pioneers e Voyagers - e que estão a deixar para trás o nosso sistema solar. Contudo, a New Horizons é "menor", em todos os aspetos, do que as suas predecessoras: é um veículo mais pequeno, tem um volume de dados menor, tem um pacote menor de instrumentos e um preço de apenas 40% das missões Voyager.
     Também não será a primeira nave a estudar um planeta anão. Essa distinção vai para a nave Dawn, que começou a orbitar  o asteróide 1 Ceres em Março e foi programada para uma missão de um ano.
     Para a New Horizons será impossível orbitar Plutão. Tal como as Pioneers e as Voyagers, a New Horizon é uma missão de passagem. Às 11:50, tempo universal, do dia 14 de julho, de 2015, irá passar junto de Plutão a uma velocidade aproximada de 14 quilómetros por segundo, para nunca mais regressar. E, apesar de estar a fazer observações durante a maior parte de 2015, a sua maior prioridade de reconhecimento está comprimida num período de 48 horas, quando estiver mais próximo de Plutão. O que conseguirá obter esta nave em apenas dois dias de trabalho? Será que irá valer a pena estes nove anos e meio de espera? A ver vamos...
                
Fonte: Sky & Telecope - julho 2015 - Vol. 130, n.º 1, p. 20 Emily Lakdawalla (adaptado)  



Utensílios de pedra mais velhos do que a humanidade


Lomekwi3 está situado na formação de Nachukui, a oeste do lago Turkana. Nesse depósito de aluviões foram descobertos mais de uma centena de pedras talhadas como a da imagem.

     No local de Lomekwi3, na formação de Nachukui, a oeste do lago Turkana, no Quénia, uma equipa internacional descobriu mais de uma centena de objetos em pedra talhados à mão, com uma idade aproximada de 3,3 milhões de anos. «O caráter técnico destes estilhaços e fragmentos é claro, não há equívocos e repetem-se, o que prova que foram produzidos intencionalmente a partir de um núcleo (um bloco de pedra)», explica Sonia Harmand do CNRS, uma das responsáveis da equipa.
     Em particular, os investigadores revelaram que o fluxo lento que depositou os aluviões, que envolvem as pedras talhadas, não conseguiu transportá-las e parecem não se terem deslocado desde a sua produção; as arestas que apresentam não se assemelham em nada àquelas que se observa na natureza; não foram usadas, o que não aconteceria se se tivessem produzido naturalmente; finalmente, um fragmento tem origem num dos blocos e é difícil imaginar o processo natural que poderia ter estado na sua origem...
     Esta descoberta levou a equipa, composta por investigadores franceses, americanos e quenianos a propor a existência do Lomekviano, uma cultura anterior em 700 000 anos em relação  à mais antiga das indústrias líticas conhecidas: o Olduvaiense.
     Todos os humanos (as espécies do género Homo) que talharam a pedra no Paleolítico inferior (a parte da história humana com mais de 300 000 anos) e os seguintes parece terem tido um objetivo comum: obter a lâmina mais afiada para cortar os vegetais, a carne, etc. Pensou-se durante muito tempo que os artesãos do Olduvaiense antigo (entre 2,6 e 2 milhões de anos) produziam utensílios modificando seixos. Depois a ideia de que estes seixos podiam ser a base para produzirem fragmentos entrou na discussão científica. Os mais antigos fósseis humanos conhecidos datam à volta dos dois milhões de anos, supondo-se também que esses Olduvaienses também eram pré-humanos. Mas, após a descrição, no passado mês de janeiro, do fragmento de uma mandíbula - verosimilhante humana - com uma idade aproximada de 2,8 milhões de anos, a situação complicou-se. 
     Seja como for, os fragmentos produzidos pelos artesãos olduvaienses são mais finos do que os dos ocupantes de Lomekwi3, o que sugere que os primeiros resultam de uma técnica mais evoluída. Em particular, no corte dos artesãos lomekvianos, parece que "bigornas", quer dizer grandes blocos de superfície plana, desempenharam um papel central.
     Com efeito, segundo a equipa de Sonia Harmand, estes artesãos tinham uma compreensão da mecânica da fratura da pedra e possibilidades técnicas «claramente menos elaboradas do que as descobertas nos locais mais antigos olduvaienses e também não usavam técnicas de percussão de mãos livres». A técnica dos artesãos lomekvianos parece mais próxima do martelar sobre uma bigorna, praticada pelos chimpanzés com nozes, do que o partir com duas mãos (uma para segurar na pedra e outra para bater), praticada pelos talhadores de pedra humanos e pelos talhadores de pedra olduvaienses, durante todo o Paleolítico.
        Quem seriam os artesãos dos utensílios do Lomekwi3? O candidato mais plausível é o «homem de face plana do Quénia», isto é, Kenyanthropus platyops, um pré-humano contemporâneo dos australopitecos de Afar (Lucy). Se assim for, os inícios da indústria lítica serão anteriores ao aparecimento da humanidade. 
          
Fonte: Pour la Science - julho 2015 - n.º 453, p. 6 François Savatier (adaptado) 



O que posso observar no céu de julho?


1 - Vénus a 0,4ºS de Júpiter - 15:00
5 - Lua no perigeu - 19:52
6 - Terra no afélio - 21:00    
9 - Máximo brilho de Vénus 
12 - Aldebaran a 0,9ºS da Lua - 19:00 
15 - Mercúrio a 6ºN da Lua
16 - Mercúrio a 0,1ºS de Marte
18 - Júpiter a 4ºS da Lua - 02:00
19 - Vénus a 3ºS de Regulus 
21 - Lua no apogeu - 12:02
23 - Mercúrio em conjunção superior- 20:00
26 - Saturno a 2ºN da Lua -09:00
30 - Pico da chuva de meteoros das Delta Aquáridas
31 - Vénus a 6ºS de Júpiter - 21:00






Fases da Lua em julho


16 - às 02h 24min - nova

24 - às 05h 04min - crescente

02 - às 03h 20min - cheia
31 - às 11h 43min - cheia

  08 - às 21h 24min - minguante









Planetas visíveis a olho nu em julho

MERCÚRIO - Poderá ser visto somente próximo do horizonte, a leste, antes do nascimento do Sol ou a oeste, depois do ocaso do Sol. Será visível, de manhã, cerca do instante do crepúsculo civil, como  "estrela da manhã" até 16 de julho. Encontra-se na direção Oeste. 

VÉNUS -Pode ser visto como estrela da tarde.


MARTE Não é visível por se encontrar muito próximo do Sol. 

JÚPITER - Pode ser visto na constelação de Leão, na segunda semana de junho, durante mais de metade da noite
. Estará em conjunção com Vénus em 1 e 31 de julho.

SATURNO Pode ser visto na constelação de Balança durante toda a noite


Fonte: Observatório Astronómico de Lisboa 




(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)

DataMagnitudeInícioPonto mais altoFimTipo da passagem
(mag)HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.
20-7-2,503:39:3549°N03:39:3549°N03:42:2010°NEvisível
20-7-0,705:13:5410°NO05:16:0516°NNO05:18:1510°NNEvisível
21-7-0,702:48:1318°ENE02:48:1318°ENE02:49:0910°ENEvisível
21-7-1,104:20:4714°ONO04:22:3721°NNO04:25:1110°NNEvisível
22-7-1,603:29:2229°NNO03:29:2229°NNO03:32:0710°NEvisível
22-7-0,505:04:3710°NO05:06:2314°N05:08:0910°NNEvisível
23-7-0,602:37:5519°NE02:37:5519°NE02:39:0010°NEvisível
23-7-0,504:10:4510°NO04:12:5116°NNO04:14:5410°NNEvisível
24-7-0,903:18:5919°NNO03:19:1919°NNO03:21:4710°NNEvisível
24-7-0,304:55:0010°NNO04:56:4013°N04:58:2110°NNEvisível
25-7-0,402:27:2918°NNE02:27:2918°NNE02:28:4010°NEvisível
25-7-0,304:01:2110°NO04:03:0413°N04:04:4710°NNEvisível
25-7-0,505:38:0410°NNO05:40:2618°NNE05:42:4910°ENEvisível
26-7-0,403:08:3114°NNO03:09:2815°N03:11:2610°NNEvisível
26-7-0,304:44:5410°NNO04:46:5215°N04:48:5110°NEvisível
27-7-0,202:16:5816°N02:16:5816°N02:18:1510°NNEvisível
27-7-0,203:51:3310°NNO03:53:1513°N03:54:5810°NEvisível
27-7-1,005:27:3910°NO05:30:2927°NNE05:33:2010°Evisível
28-7-0,102:58:0010°NNO02:59:3713°N03:01:1710°NNEvisível
28-7-0,504:34:3010°NNO04:36:5819°NNE04:39:2610°ENEvisível
29-7-0,102:06:2914°N02:06:2914°N02:07:5210°NNEvisível
29-7-0,203:41:1810°NNO03:43:2215°NNE03:45:2610°NEvisível
29-7-2,205:17:1210°NO05:20:2347°NNE05:23:3210°ESEvisível
Como usar esta grelha:


Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de inicio, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.

Fonte: http://www.heavens-above.com/




Vídeo do Mês






O modelo padrão


Imagem do Mês



As estrelas do triângulo de verão

Nascendo no início da noite, no hemisfério norte, estas três estrelas brilhantes são conhecidas como o Triângulo de Verão. Encontrando-se próximas da Via Láctea, Altair, Deneb e Vega são as estrelas alfa das suas constelações, respetivamente, Águia, Cisne e Lira. Com um idêntico brilho aparente, as três estrelas parecem iguais nesta imagem obtida por um telescópio. Contudo, todas têm a sua história estelar. Esta aparente semelhança esconde o facto destas estrelas, do Triângulo de Verão, serem muito diferentes quanto à sua luminosidade absoluta e distância a que se encontram de nós. A estrela anã, da sequência principal, Altair é cerca de dez vezes mais brilhante do que o Sol e está a uma distância de 17 anos-luz, enquanto Vega, também uma estrela anã, é cerca de 30 vezes mais brilhante do que o Sol e encontra-se a uma distância de 25 anos-luz da Terra. A estrela super gigante Deneb, possui cerca de 54 000 vezes a luminosidade do Sol, estando a uma distância de 1 400 anos-luz. Claro que, com a sua luz azul esbranquiçada, as estrelas do Triângulo de Verão são todas mais quentes do que o Sol.   
Fonte: www.nasa.gov

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