Abril 2024

                                                                       




Ciência Na Frente

Do Infinitamente Pequeno ao Infinitamente Grande

Abril de 2024













O buraco negro da Via Láctea poderá entrar em erupção


Corte transversal do SgrA*, como seu disco de acreção vendo-se os jatos  de energia de um ado e de outro. 


A sua velocidade de rotação indica que dispõe da energia necessária para se «iluminar».

O buraco negro super maciço SgrA*, com 4,3 milhões de massas solares, escondido no núcleo da Via Láctea, está à beira de um ataque de nervos. É o que sugere um estudo dirigido por Ruth Daly, da Universidade do Estado da Pensilvânia (E.U.A). Com a sua equipa, a astrofísica estudou a rotação do buraco negro a partir do comportamento da matéria que forma o seu disco de acreção. Para isso, os investigadores utilizaram os raios X do SgraA*, coletados pelo telescópio espacial Chandra e a radiação deondas rádio graças ao Very large Array (VLA), no Novo-México. As observações revelaram que o buraco negro roda muito depressa sobre ele próprio, a 60% da velocidade máxima autorizada pelas leis da física. Ora, esta velocidade constitui uma reserva de energia considerável se uma nuvem de gás ou uma estrela que se perca na sua proximidade... SgrA* transformaria então essa matéria em poderosos jatos de energia. Até agora tem estado adormecido, ficaria a brilhar tal como um farol de raios X da nossa galáxia.

Fonte: Science et Avenir - La Recherche, n.º 926 - abril 2024, p. 14

F. N.
(adaptado)

     
Os exoplanetas gelados crescem à medida que se evaporam 


Impressão artística de um exoplaneta cujo gelo de água vaporiza à medida que o planeta migra para a parte central do sistema estelar


Dos milhares de exoplanetas observados, aqueles com um raio entre 1,6 e 2,2 vezes o da Terra estão quase ausentes. Agora há uma explicação.


Até o momento, mais de 5 000 exoplanetas foram descobertos. E alguns são notáveis pela sua ausência: os exoplanetas com um raio cerca de duas vezes superior ao da Terra são muito menos comuns. De ambos os lados deste intervalo, abundam super-Terras, menores que o dobro do nosso mundo, e mini-Neptunos, maiores. Então, como se explica essa "fenda subnetuniana"? Usando novas simulações numéricas, Remo Burn, astrofísico do Instituto Max Planck, em Heidelberg, na Alemanha, e os seus colegas mostraram que isso pode ser esclarecido pela migração de planetas cobertos por um oceano gelado. Os planetas formam-se por acreção no disco de gás e poeira que rodeia uma estrela jovem. Quanto mais perto nascem desta protoestrela, mais rochosos e secos são. Isso deve-se à radiação do corpo celeste, que faz com que a água dos corpos dos planetas se evapore. A radiação também tem influência na sua atmosfera: ao longo do tempo, o gás é arrancado da atração do planeta e disperso no espaço. Assim, à medida que perdem atmosfera, estes planetas "encolhem" ao ponto de o seu raio dificilmente atingir o dobro do da Terra. Estas são as super-Terras, uma das classes mais comuns de exoplanetas. Outro tipo de exoplaneta frequentemente encontrado em observações são os mini-Neptunos. Uma vez que estes mundos não existem no Sistema Solar, os cientistas sabem muito pouco sobre a sua estrutura e evolução, mas acreditam que estão cobertos por uma atmosfera de hidrogénio e hélio, mais do dobro da sua espessura da Terra. E o que existe entre as super-Terras e os mini-Neptunos? Nada. Ou muito pouco. Para Remo Burn, a solução está em dois parâmetros que há muito são omitidos em simulações numéricas: a água e a migração de planetas. Primeiro, se os planetas se acumulam além da linha de gelo, ou seja, longe o suficiente da estrela para que a água permaneça, então eles estão altamente hidratados. "A água na Terra é apenas 0,1% da sua massa. Aqui, estamos a falar de planetas onde metade de sua massa pode ser composta de água gelada", compara o investigador. Em segundo lugar, há muitos indícios de que os planetas não permanecem onde foram formados. Portanto, se esses planetas congelados migrarem para a sua estrela, o gelo derrete-se até criar uma atmosfera espessa de vapor de água. Como resultado, tornam-se maiores do que as super-Terras, atingindo tamanhos comparáveis aos grandes mini-Neptunos. "Assim, esses planetas não seriam apenas cobertos com hidrogénio e hélio, como se pensava anteriormente, mas também com uma grande porção de água", acrescenta Remo Burn. Assim, de acordo com as simulações dos investigadores, os planetas gelados que migram para a sua estrela veem a sua água transformar-se em vapor, aumentando de tamanho. Acumulam cerca de 2,4 raios terrestres. Por outro lado, os planetas nascidos perto da sua estrela perdem gradualmente as suas atmosferas e diminuem de tamanho. Estes apresentam cerca de 1,4 raios terrestres. Esses dois efeitos conjuntos aprofundariam a fenda sub-neptuniana.


Fonte: Pour la Science, n.º 558 - abril 2024, p-16
Évrard-Ouicem Eljaouhar
(adaptado)


Breves de abril



A empresa privada americana Intuitive Machines tornou-se a primeira a colocar um aparelho na Lua. A sonda Odysseus também assinala o primeiro regresso americano ao solo selenita desde o fim do programa Apolo, há mais de 50 anos. Um meio sucesso, todavia, já que a sonda com 4 metros de altura, virou-se ao contrário no momento de aterrar. Entretanto, conseguiu transmitir dados  científicos do polo sul da Lua, onde a NASA prevê enviar os seus astronautas no quadro do programa Artemis. 




Tal  como as crianças, os jovens bonobos, orangotangos, gorilas e chimpanzés são adeptos da provocação lúdica. Interferir na atividade do outro ou fingir que lhe vai oferecer um objeto para a seguir lho tirar... A provocação permite-lhes obter a atenção do parceiro. A presença  deste comportamento nestas quatro espécies «sugere que as provocações lúdicas e os seus pré-requesitos cognitivos  estiveram presentes no nosso último antepassado comum», sublinha um estudo recente.





As células do organismo reproduzem-se regularmente por um processo de divisão chamado mitose, onde a célula inicial se cinde em duas células filhas idênticas que contêm o mesmo material genético. Produzem-se cerca de um bilião de mitoses por dia no corpo humano, o que permite substituir as células mortas ou danificadas. Este grande número faz supor a ocorrência de erros e é por isso que os investigadores lançaram a hipótese de um sistema de proteção dos cromossomas para diminuição desses erros.     

Fonte: Sciences et Avenir  - La Recherche, n.º 926 - abril 2024



O que posso observar no céu de abril?



6 - Lua a 2º de Marte - 04:51
7 - Lua no perigeu a 358 997 Km da Terra  - 18:53
10 - Lua a 0º2' de Júpiter - 20:19
22 - Auge da chuva de meteoros piscidas diurnas e líridas 
23 - Auge da chuva de meteoros pi - Pupídeos
 




Fases da Lua em abril


                08 - às 19h 21min - nova

                15 - às 20h 13min - crescente

                24 - às 00h 49min - cheia
       
                02 - às 04h 15min - minguante
                
                









Planetas visíveis a olho nu em abril


MERCÚRIO  Neste mês pode ser avistado a partir do dia 1 de abril, no início da manhã, até ao dia 4.

VÉNUS - Não pode ser visto neste mês. 
 
MARTE Pode ser visto todo este mês, de manhã, a partir das 6 horas e gradualmente vai nascendo mais cedo. 

JÚPITER Pode ser visto desde o início da manhã a partir das 8 horas da manhã. 

SATURNO - Pode ser visto a partir do dia 3, pelas 6 horas e 14 minutos, aparecendo cada vez mais cedo, até às quatro da manhã, para o fim do mês.
 
Fonte: APP Sky Tonight




(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)


DataMagnitudeInícioPonto mais altoFimTipo da passagem
(mag)HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.
18-4-1,106:07:4410°SSE06:09:3614°SE06:11:2910°Evisível
20-4-2,706:05:2710°SSO06:08:3439°SE06:11:4310°ENEvisível
21-4-1,805:18:1215°S05:19:5422°SE05:22:3510°Evisível
22-4-1,104:31:2713°SE04:31:2713°SE04:32:5310°Evisível
22-4-3,706:04:2010°OSO06:07:3572°NO06:10:5610°NEvisível
23-4-3,605:17:2733°SSO05:18:4464°SE05:22:0310°ENEvisível
24-4-2,404:30:2932°ESE04:30:2932°ESE04:33:0010°ENEvisível
24-4-2,506:03:3710°O06:06:3931°NNO06:09:4110°NEvisível
25-4-0,703:43:2411°E03:43:2411°E03:43:3910°Evisível
25-4-3,205:16:1528°O05:17:3748°NNO05:20:5210°NEvisível
26-4-3,404:29:0563°NE04:29:0563°NE04:31:5810°NEvisível
26-4-1,6


Como usar esta grelha:

Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de início, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.

Fonte: http://www.heavens-above.com/



Vídeo do Mês



Zooming em Sagittarius A*
(Quando necessário, para ativar as legendas automáticas proceder do seguinte modo: no canto inferior direito clicar no símbolo "roda dentada"; abrem-se as Definições; clicar aí e escolher Legendas; depois clicar em Traduzir Automaticamente; finalmente escolher Português na lista.)


Imagem do Mês




O aglomerado de galáxias de Coma

       Quase todos os objetos desta fotografia são galáxias. O Aglomerado de Galáxias de Coma retratado aqui é um dos aglomerados mais densos conhecidos - contém milhares de galáxias. Cada uma dessas galáxias abriga milhares de milhões de estrelas - tal como acontece com a nossa própria galáxia, a Via Láctea. Embora estando próximos, quando comparados com a maioria dos outros clusters, a luz do Aglomerado de Coma ainda demora centenas de milhões de anos para chegar até nós. Na verdade, o Aglomerado de Coma é tão grande que leva milhões de anos apenas para ir de um lado para o outro. A maioria das galáxias em Coma e noutros aglomerados são elípticas, enquanto a maioria das galáxias fora dos aglomerados são espirais. A natureza da emissão de raios-X de Coma ainda está a ser investigada.

Fonte: www.nasa.gov



Livro do Mês



Sinopse

Jim Al-Khalili, físico quântico, autor bestseller e criador de programas da BBC, revela oito lições fundamentais da ciência para aproveitarmos o melhor da vida.

O mundo atual é imprevisível e cheio de contradições. Gerir as suas complexidades enquanto procuramos tomar as melhores decisões está longe de ser fácil.

Este livro apresenta oito simples lições que nos mostram como alcançar a clareza, a capacitação e a alegria de pensar e de viver da maneira que a ciência proporciona.

Num breve guia para uma vida mais racional, o premiado físico Jim Al-Khalili convida os leitores a interagirem com o mundo seguindo o exemplo dos cientistas e do método científico.

Sobre o autor:



Jim Al-Khalili, nascido em 1962 em Bagdade e naturalizado britânico, é doutorado em teoria nuclear, professor de Física na Universidade de Surrey e membro da Royal Society. Foi galardoado com a Medalha Faraday da Royal Society, a Medalha Kelvin do Institute of Physics e a Medalha Stephen Hawking. É um dos comunicadores de ciência mais populares do Reino Unido, apresentando documentários televisivos sobre ciência e o programa The Life Scientific para a Radio 4 da BBC. Publicou mais de uma centena de artigos de investigação e é autor de doze livros, entre os quais Quantum: A Guide for the Perplexed; The House of Wisdom; Life on the Edge e O Mundo segundo a Física, publicado pela Temas e Debates em 2022.

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