Fevereiro 2022

 



                                                                         
                                                                              



Ciência Na Frente

Do Infinitamente Pequeno ao Infinitamente Grande

Fevereiro de 2022











Tocámos no Sol!

Ao penetrar a alta atmosfera do Sol, a sonda americana efetuou medições que vão permitir, especialmente, compreender melhor a origem dos ventos solares (imagem fictícia) 

     A sonda Parker Solar concretizou o sonho de Ícaro de tocar no Sol. Mas ao contrário da personagem mítica, ela não perdeu as asas. Não apenas sobreviveu, como ainda transmitiu para a Terra dados que confirmaram a sua passagem na corona solar. Falando rigorosamente, a sonda da NASA não tocou a superfície do Sol... que é uma bola de gás. "Por convenção, define-se a sua superfície como sendo a camada emissora da luz visível, a fotoesfera", explica Léa Griton, investigadora no Laboratório de estudos espaciais e de instrumentação em astrofísica (Lésia, observatório de Paris). A Parker aproximou-se apenas a 13 milhões de quilómetros do Sol. O suficiente para ser a primeira incursão na atmosfera de uma estrela, neste caso a corona solar.
     "[Essa atmosfera] é composta por uma mistura de protões, iões positivos e de eletrões de alta temperatura, ou seja, de plasma. A Parker Solar mergulhou o suficiente para chegar a uma zona onde os movimentos do plasma são dominados pelo campo magnético do Sol", entusiasma-se Griton. A temperatura quando se fez a visita: 2 milhões de graus! Claro que a sonda possuía um escudo térmico muito eficaz, mas foi por outra razão que ela não derreteu: "A temperatura mede a velocidade de deslocação das partículas, enquanto o calor corresponde à quantidade total de energia que elas transferem. Na corona, as partículas podem deslocar-se muito rapidamente, levando a uma temperatura muito elevada. Mas elas são muito pouco numerosas - alguns milhares por centímetro quadrado - e por isso não transferem muita energia. Esta temperatura não tem o mesmo impacto que na Terra."
     Para além da façanha, as medições efetuadas, e que agora vão ser analisadas, permitirão compreender melhor a origem dos ventos solares, fluxo de iões e de eletrões arrancados à corona e, em que os mais violentos, produzem na Terra tempestades magnéticas capazes de destruir a eletrónica dos satélites e de instalações no solo. "Existem vários cenários para explicar o fenómeno; as observações da Parker Solar, conjugadas às da Solar Orbiter (lançada em 2020), permitir-nos-á perceber melhor estes fenómenos", prevê Léa Griton".

Fonte: Sciences et Avenir/La Recherche - fevereiro 2022, n.º 900, p. 8

F. N. 
(adaptado)


A maior erupção de um buraco negro jamais capturado 

Os lobos de plasma estendem-se por mais de um milhão de anos-luz do centro da galáxia Centauro A


     Os astrónomos conseguiram obter a imagem mais completa da emissão rádio de um buraco negro maciço, situado a 12 milhões de anos-luz da Terra.
     Este traço fantasmático é estimado, à superfície, a 16 luas cheias colocadas lado a lado na abóboda celeste. Esta imagem, é a mais completa de uma emissão rádio, de um dos buracos negros supermaciços mais próximos da Terra que os astrónomos conseguiram captar, graças ao telescópio Murchison Widefield Array (MWA), situado na Austrália. Trata-se de um buraco negro situado no centro da galáxia Centauro A, a cerca de 12 milhões de anos-luz da Terra, sendo a sua massa estimada em 55 milhões de massas solares, contra os 4,3 milhões para o Sagitário A* no centro da Via láctea. Quando este monstruoso buraco negro se alimenta de gás, de poeiras e de outros materiais, expulsa uma parte sob a forma de jatos com uma velocidade próxima da velocidade da luz. Estes jatos podem então ser observados sob a forma de gigantescos "lobos" de plasma estendendo-se a mais de um milhão de anos-luz do centro de Centauro A.      
   
Fonte: Sciences et Avenir/La Recherche - fevereiro 2022, n.º 900, p. 9

M. B. 
(adaptado)


O que posso observar no céu de fevereiro?


 
2 - Júpiter a 4ºN da Lua - 21:00
11 - Lua no apogeu - 03:00
13 - Vénus a 7ºN de Marte - 01:00
26 - Lua no perigeu - 22:00
27 - Vénus a 9ºN da Lua - 06:00
Céu visível às 19:00 do dia 1 de fevereiro mostrando o planeta Júpiter.

Céu visível às 6:30 do dia 15 de fevereiro mostrando os planetas Mercúrio, Vénus e Marte. 







Fases da Lua em fevereiro


                01 - às 05h 46min - nova

                08 - às 13h 50min - crescente

                16 - às 16h 56min - cheia

                23 - às 22h 32min - minguante









Planetas visíveis a olho nu em fevereiro


MERCÚRIO - Será visível, de manhã, por volta do instante do início do crepúsculo civil, a partir de 29 de janeiro e durante todo o mês de fevereiro. 

VÉNUS Pode ser visto como estrela  da manhã, durante o mês de fevereiro. 

MARTE - Pode ser visto  ao anoitecer na constelação de Aquário.

JÚPITER - Pode ser visto na constelação de Aquário até meados de fevereiro. A partir daí deixa de poder ser observado por se encontrar muito próximo do Sol.

SATURNO Pode ser visto em finais de fevereiro no céu matutino
Fonte: Observatório Astronómico de Lisboa 




(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)

  
 
 
DataMagnitudeInícioPonto mais altoFimTipo da passagem
(mag)HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.
1-2-2,718:53:1610°NO18:56:1429°NNE18:57:2822°ENEvisível
1-2-0,520:29:5410°ONO20:30:2413°ONO20:30:2413°ONOvisível
2-2-3,519:41:4110°ONO19:44:4368°O19:44:4368°Ovisível
3-2-3,818:53:3310°NO18:56:5264°NNE18:59:1118°ESEvisível
3-2-0,520:31:2010°O20:32:1013°OSO20:32:1013°OSOvisível
4-2-1,719:42:3010°ONO19:45:1825°SO19:46:5317°Svisível
5-2-2,618:54:0410°ONO18:57:1543°SO19:00:2510°SSEvisível
7-2-0,718:55:1910°O18:57:2215°SO18:59:2510°Svisível
 

Como usar esta grelha:

Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de início, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.

Fonte: http://www.heavens-above.com/



Vídeo do Mês




A sonda Parker Solar tocou no Sol pela 1ª vez

(Quando necessário, para ativar as legendas automáticas proceder do seguinte modo: no canto inferior direito clicar no símbolo "roda dentada"; abrem-se as Definições; clicar aí e escolher Legendas; depois clicar em Traduzir Automaticamente; finalmente escolher Português na lista.)



Imagem do Mês




Uma proeminência solar obtida pelo SOHO

         Como é que o gás consegue flutuar sobre o Sol? Os campos magnéticos destorcidos e arqueados da superfície solar, podem capturar gás ionizado, suspendendo-o em enormes estruturas de looping. Estes majestosos arcos de plasma são vistos como proeminências acima do limbo solar. Em 1999, esta espetacular e detalhada imagem  foi obtida pelo Extreme ultraviolet Image Telescope (EIT), a bordo do observatório SOHO focado na luz emitida pelo Hélio ionizado. Esta imagem mostra o quente plasma escapando para o espaço, como uma proeminência ardente que se está a libertar do confinamento magnético, situado a cem mil quilómetros acima do Sol. Estes eventos incríveis, são monitorizados porque podem afetar as comunicações e sistemas de energia, a mais de 100 milhões de quilómetros de distância do planeta Terra. No final de 2020, o nosso Sol passou o mínimo solar, do seu ciclo de 11 anos, e agora está a mostrar um aumento da atividade na sua superfície.
Fonte: www.nasa.gov


Livro do Mês




Sinopse

     Compreender a maneira como o cérebro produz a consciência é um dos maiores desafios científicos do nosso tempo. Alguns filósofos defendem que a consciência é algo de "extra", que se furta aos mecanismos físicos do cérebro. Outros pensam que, se continuarmos a utilizar os métodos científicos estabelecidos, as nossas interrogações sobre a consciência virão a ter uma resposta. E alguns sugerem mesmo que o mistério é tão profundo que nunca poderá ser solucionado. Há décadas que se fazem tentativas para explicar a consciência com base no paradigma atual, mas sem grande êxito.
Agora, Philip Goff propõe uma alternativa empolgante que poderá desbravar novos caminhos. Com raízes numa análise dos fundamentos filosóficos da ciência moderna e baseado na obra, que remonta ao princípio do século XX, de Arthur Eddington e Bertrand Russell, Goff apresenta argumentos convincentes a favor do pampsiquismo, uma teoria que propõe que a consciência não está confinada às entidades biológicas mas é uma característica fundamental de toda a matéria física, das partículas subatómicas ao cérebro humano. Esta obra dá o primeiro  passo no novo itinerário para uma teoria final sobre a consciência humana.   

Sobre o autor:




     Philip Goff, filósofo e professor na Universidade de Durham, no Reino Unido, investiga a maneira de integrar a consciência na nossa mundivisão científica. Autor de Consciousness and Fundamental Reality (2017), publicou mais de quatro dezenas de artigos académicos. Colabora com numerosos jornais e revistas, entre os quais The Guardian e The Times Literary Supplement
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