maio 2017











Ciência Na Frente

Do Infinitamente Pequeno ao Infinitamente Grande


Será a 
intrincação quântica um buraco de verme?

Dois buracos negros, situados a uma grande distância um do outro, poderão estar ligados por um buraco de verme, segundo as equações da relatividade geral. Inspirando-se em alguns resultados da Teoria das Cordas, os físicos pensam que os buracos de verme e a intrincação quântica são dois aspetos do mesmo fenómeno.

     Reconciliar, finalmente, a relatividade geral e a física quântica? Este sonho dos físicos começa a concretizar-se com uma nova teoria: a intrincação quântica de dois buracos negros corresponderia à formação de um buraco de verme ligando os dois astros. 
     A física teórica está recheada de noções espantosas, mas duas das mais estranhas são, sem dúvida, a intrincação quântica e os buracos de verme. A primeira é um fenómeno puramente quântico, no qual dois objetos (em geral partículas subatómicas) possuem propriedades diretamente correlacionadas, mesmo que estejam separadas por grandes distâncias e parecendo não existir nenhuma ligação física entre elas. Quanto aos buracos de verme, preditos pela teoria da relatividade geral, são atalhos que ligam regiões muito afastadas do espaço-tempo, como por exemplo, dois buracos negros muito distantes um do outro. Nestes últimos anos, com muitos outros físicos, sugeri que estes dois conceitos a priori tão diferentes estão de algum modo ligados. A partir de cálculos feitos sobre os buracos negros, demo-nos conta que a intrincação da física quântica e os buracos de verme da relatividade geral podem ser as duas faces de um mesmo fenómeno. Pensamos que esta similitude se pode estender a situações que não se limitam aos buracos negros.
     Ainda estamos no início desta ideia, mas se ela se vier a confirmar, terá consequências profundas sobre a nossa compreensão do mundo. Com efeito, ela sugere, por exemplo, que o próprio espaço-tempo emerge da intrincação de constituintes microscópicos mais fundamentais. Também deixa pensar que a relação entre objetos intrincados (e que durante muito tempo foram considerados como não tendo ligação física entre si) será menos "mágica" do que parece.
     Uma compreensão aprofundada desta relação entre intrincação e buracos de verme talvez possa levar a uma pista para unificar a física quântica e a relatividade geral e, assim, desenvolver uma teoria quântica da gravitação. Com efeito, até hoje, a física quântica, que descreve as interações subatómicas e a relatividade geral , que dá conta da dinâmica do espaço-tempo e da gravitação, são incompatíveis. Ora uma teoria quântica da gravitação é necessária para explorar os momentos mais recuados da história do Universo e o interior dos buracos negros.
    De uma forma espantosa, as ideias de intrincação quântica e de buracos de verme remontam ambas a artigos escritos em 1935 por Albert Einstein e pelos seus colaboradores. Estes artigos tratavam de fenómenos muito diferentes e Einstein nunca deverá ter imaginado que poderia existir uma relação entre eles. E isso especialmente porque, para o célebre físico, a intrincação quântica refletia a existência de problemas fundamentais no centro da teoria quântica. A ironia é grande: este fenómeno poderá atualmente abrir uma via para conciliar a teoria da relatividade geral, desenvolvida por Einstein em 1915, e a física quântica.
                      
Fonte: Pour la Science - maio 2017 - n.º 475, pp. 29-30 - Juan Maldacena - físico teórico no instituto de estudos avançados de Princeton, nos E.U.A. (adaptado)  



A informática vai quebrar a ligação entre trabalho e o rendimento
Os empregados das caixas dos supermercados são substituídos por máquinas e perdem o seu emprego. Irão perder também os seus rendimentos?


     Desde há alguns anos que os clientes de certos supermercados utilizam as caixas de supermercado sem caixeiro ou caixeira, onde eles próprios fazem a leitura dos códigos de barras dos seus artigos. Entretanto, estas caixas automáticas já estão a ficar obsoletas. Num supermercado de Seattle, nos Estados Unidos da América, sensores e câmaras registam em tempo real os produtos colocados nos carrinhos ou cestos pelos clientes que, quando terminam as suas compras, deixam o supermercado sem passarem por qualquer tipo de caixeiro.
     Este desaparecimento das caixas e dos caixeiros é a última etapa de um longo processo que se iniciou com com as caixas elétricas que faziam as somas dos valores dos produtos em vez dos caixeiros, depois vieram os códigos de barras que evitaram a marcação dos preços de cada artigo, depois as máquinas que dão troco e por aí fora. Cada uma destas transformações permitiu aos caixeiros trabalhar mais depressa e, por isso, aos supermercados empregar menos gente. A última etapa deste processo irá suprimir mais de 200 000 postos de trabalho em França que não serão compensados por alguns milhares de empregos criados pelas empresas que concebem ou fabricam estes sistemas informáticos.
     Podemos ficar felizes por esta substituição do ser humano pela máquina, já que a profissão de caixeiro de supermercado é uma das mais repetitivas e dolorosas que existem. As caixeiras e os caixeiros trabalham num ambiente ruidoso, muitas vezes sem verem a luz do dia e sem se poderem levantar. Há um grande número destes trabalhadores que sofrem de problemas musculares e de ossos: tendinites, dores de costas, etc. Quem é que desejaria que os seus filhos trabalhassem toda a vida como caixeiros num supermercado? 
     Fundamentalmente, desde a aurora da humanidade, o progresso técnico consiste em produzir mais riquezas, trabalhando menos e não o contrário. Mas os caixeiros libertados das suas tarefas e que se tornaram desempregados, e portanto sem emprego e sem rendimento, raramente ficam felizes com a situação. Não ficam mais felizes do que os mineiros, os operários têxteis, os trabalhadores dos correios ou os empregados das lojas de discos que os precederam. Entretanto há uma coisa que mudou: esta questão do desaparecimento do trabalho está doravante no centro do debate político. O aumento do desemprego não é apenas entendido como uma disfunção da nossa economia, mas também como o efeito desta substituição do ser humano pela máquina. E se o fenómeno persistir é certo que o desemprego não será reabsorvido, que não haverá trabalho para todos.
     Ora é tempo de compreender que aquilo que lamenta o trabalhador que se tornou desempregado não é o seu trabalho passado, mas o rendimento que obtinha dele: ele poderia ter o seu rendimento sem exercer a sua atividade remunerada e ocupar o seu tempo noutras atividades. Somos assim levados a pensar independentemente da ideia de rendimento e da ideia de trabalho e considerar em dar um rendimento ao caixeiro, quer ele trabalhe ou não.
     Quando se condicionava o rendimento ao trabalho, isso incentivava as mulheres e os homens a trabalhar nos supermercados e nas fábricas, quando esse seu trabalho era necessário para a produção de riqueza. Mas agora, que as máquinas substituem parcial ou totalmente os humanos e criam a riqueza em vez destes, o trabalho não é assim tão útil e marginalizar economicamente os ociosos para os incentivar a trabalhar já não faz muito sentido.
     Proposto por certos economistas ou políticos, o "rendimento universal" é atualmente entendido como uma medida social destinada a resolver o "problema" do desemprego. Não deveríamos antes considerá-lo como a norma, numa sociedade informatizada? Já achamos normal apoiar as necessidades dos mais jovens e dos mais idosos, sem que estes tenham necessidade de trabalhar. Porque terá de ser diferente com aqueles que estão entre estas duas idades?                  
        
Fonte: Pour la Science - maio 2017 - n.º 475, p. 16 - Gilles Dowek - investigador no Inria e membro do conselho científico da Sociedade informática de França (adaptado) 

O que posso observar no céu de maio?



6 - Pico da chuva de meteoros Eta Aquáridas antes do amanhecer. Os observadores têm uma breve janela depois do pôr-da-Lua e antes do amanhecer 
7 - Lua a 2ºN de Júpiter - 22:00
12 - Lua no apogeu a 406 210 Km da Terra - 20:51
14 - Lua a 3ºN de Saturno - 00:00
24 - Lua a 1,6ºS de Mercúrio - 02:00 
26 - Lua no perigeu a 357 209 Km da Terra - 02:21
27 - Lua a 5ºS de Marte - 03:00









Fases da Lua em maio


25 - às 20h 44min - nova

03 - às 03h 47min - crescente

10 - às 22h 42min - cheia

  19 - às 01h 33min - minguante









Planetas visíveis a olho nu em maio

MERCÚRIO - Poderá ser visto somente próximo do horizonte, a leste, antes do nascimento do Sol ou a oeste, depois do ocaso do Sol. Será visível, de manhã, por volta do instante do começo do crepúsculo civil,  até 14 de junho.

VÉNUS - Poderá ser facilmente identificado pelo seu grande brilho. Durante todo o mês será visível como estrela da manhã.

MARTE - Só pode ser visto no céu à noite até início de junho. Pode ser visto na constelação de Touro. A tonalidade avermelhada de Marte auxiliará a sua identificação.

JÚPITER - Pode ser visto na constelação de Virgem durante toda a noite.

SATURNO - Pode ser visto na constelação de Ofiúco. 


Fonte: Observatório Astronómico de Lisboa 




(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)
DataMagnitudeInícioPonto mais altoFimTipo da passagem
(mag)HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.
21-5-0,901:57:3717°N01:57:3717°N01:59:3010°NNEvisível
21-5-0,603:32:5110°NNO03:34:3814°N03:36:2410°NEvisível
21-5-1,605:09:0210°NO05:11:5728°NNE05:14:5010°Evisível
22-5-0,801:06:4415°NNE01:06:4415°NNE01:07:3910°NEvisível
22-5-0,502:40:3610°NNO02:42:1813°N02:44:0010°NNEvisível
22-5-1,004:17:1110°NNO04:19:4521°NNE04:22:1810°ENEvisível
23-5-1,000:15:1214°NE00:15:1214°NE00:15:4710°NEvisível
23-5-0,601:48:0510°NO01:49:5814°N01:51:5110°NNEvisível
23-5-0,703:25:1710°NNO03:27:2816°NNE03:29:3910°NEvisível
23-5-3,005:01:1810°NO05:04:3154°NNE05:07:4410°ESEvisível
23-5-2,221:42:1510°S21:44:2516°SE21:46:3510°Evisível
23-5-3,223:17:2210°OSO23:20:3756°NNO23:23:5210°NEvisível
24-5-0,800:55:2610°NO00:57:3917°NNO00:59:5210°NNEvisível
24-5-0,502:33:1710°NNO02:35:0914°N02:37:0110°NEvisível
24-5-2,004:09:2210°NO04:12:2433°NNE04:15:2410°Evisível
24-5-4,022:25:1610°SO22:28:3378°SE22:31:5110°ENEvisível
25-5-1,100:02:4610°ONO00:05:2121°NNO00:07:5810°NNEvisível
25-5-0,401:41:0410°NNO01:42:4713°N01:44:3010°NNEvisível
25-5-1,303:17:2910°NO03:20:1123°NNE03:22:5310°ENEvisível
25-5-3,904:53:3910°ONO04:56:5562°SO05:00:0810°SEvisível
25-5-3,421:33:2810°SSO21:36:3339°SE21:39:4110°ENEvisível
25-5-1,723:10:1110°O23:13:0729°NNO23:16:0310°NEvisível
26-5-0,400:48:3710°NO00:50:2514°N00:52:1210°NNEvisível
26-5-0,802:25:3410°NNO02:27:5418°NNE02:30:1310°ENEvisível
26-5-3,604:01:3510°NO04:04:5169°NE04:08:0710°ESEvisível
26-5-2,622:17:4510°OSO22:20:5546°NNO22:24:0710°NEvisível
26-5-0,623:55:5710°NO23:58:0216°N00:00:0710°NNEvisível
27-5-0,601:33:3410°NNO01:35:3215°N01:37:3110°NEvisível
27-5-2,403:09:3510°NO03:12:4339°NNE03:15:5010°Evisível
27-5-2,804:46:2010°ONO04:49:0525°SO04:51:4910°SSEvisível
27-5-3,721:25:3010°SO21:28:4883°NO21:32:0610°NEvisível
27-5-0,923:03:1510°ONO23:05:4219°NNO23:08:0910°NNEvisível
28-5-0,500:41:2510°NNO00:43:0914°N00:44:5410°NEvisível
28-5-1,402:17:3910°NO02:19:4824°N02:19:4824°Nvisível
28-5-1,422:10:3410°O22:13:2325°NNO22:16:1210°NEvisível
28-5-0,623:49:0010°NO23:50:4413°N23:52:2810°NNEvisível
29-5-1,101:25:4310°NNO01:28:1219°NNE01:28:2519°NNEvisível
29-5-0,722:56:2210°NO22:58:1915°N23:00:1710°NNEvisível
30-5-0,800:33:4310°NNO00:35:4916°NNE00:37:3012°NEvisível
30-5-0,802:09:4310°NO02:10:0713°NO02:10:0713°NOvisível
30-5-0,822:03:3610°ONO22:05:5517°NNO22:08:1410°NNEvisível
30-5-0,723:41:3610°NNO23:43:2414°N23:45:1310°NEvisível

     
Como usar esta grelha:


Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de início, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.

Fonte: http://www.heavens-above.com/




Vídeo do Mês


(para ativar as legendas clicar no 1º botão esquerdo, no lado direito do vídeo)

Os segredos da Física Quântica - parte 1


Imagem do Mês




As ondas do grupo de Perseu


    O redemoinho de ondas gigantes, num enorme reservatório de gás quente brilhante, está bem marcado nesta imagem de raios-X do Observatório Chandra. Esta imagem abrange cerca de 1 milhão de anos-luz, através do centro, próximo do grupo galático de Perseu, a cerca de 240 milhões de anos-luz de distância. Como outros grupos de galáxias, a maior parte da massa observável do grupo de Perseu apresenta-se na forma de gás. Com temperaturas na ordem das dezenas de milhões de graus, o gás brilha abundantemente em raios-X. Simulações em computador podem reproduzir pormenores das estruturas espalhadas através do gás quente, em raio-X, do grupo de Perseu, incluindo a notável baía côncava que se pode ver em baixo e à esquerda do centro da imagem. Com cerca de 200 000 anos-luz de comprimento, o dobro da Via Láctea, a formação da baía indica que o próprio Perseu sofreu a passagem de um pequeno grupo de galáxias há biliões de anos.  

Fonte: www.nasa.gov

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