fevereiro 2013


                   

Ciência Na Frente

Do Infinitamente Pequeno ao Infinitamente Grande


Um Cérebro Artificial de Alto Desempenho

Esquema de funcionamento do cérebro artificial

Pela primeira vez um cérebro artificial conseguiu reproduzir um comportamento complexo graças aos 2,5 milhões de "neurónios" que têm um funcionamento parecido com os nossos. Chris Eliasmith (na imagem ao lado) e a sua equipa da Universidade de Waterloo, no Canadá, desenvolveram um cérebro artificial chamando Spaun (acrónimo inglês de arquitetura de rede unificada de ponteiros semânticos - Semantic Pointers Architecture Unified Network). A sua arquitetura (esquema de cima) é baseada na arquitetura do cérebro humano. As diferentes caixas representam conjuntos de neurónios artificiais. Estes estão ligados uns aos outros de forma a imitar o funcionamento do nosso cérebro. Este esquema permite ao Spaun reconhecer uma imagem, memorizá-la e de a codificar com o objetivo de comandar o movimento de um braço robotizado.
O simulador cerebral Spaun reproduz, numa memória informática, a fisiologia dos neurónios, das sinapses, as suas conexões e a neurotransmissão das informações. Cada neurónio virtual é, como os neurónios reais, caracterizado por um potencial elétrico. Quando este potencial ultrapassa um certo limiar, um sinal é transmitido aos neurónios que lhe estão ligados. Os milhões de neurónios virtuais do Spaun estão ligados e reagrupados de maneira a imitar as diferentes áreas cerebrais implicadas nos processos de reconhecimento de imagem, memória a curto prazo, transformação e cálculo, bem como na motricidade. O reconhecimento das informações visuais faz-se em várias etapas sucessivas, tal como no cérebro humano: as informações inúteis ou redundantes são eliminadas; apenas o essencial é conservado, o que vai determinar a informação contida na imagem. No final da cadeia de ligações, a área motora simulada controla os movimentos complexos de um braço robotizado e que são descritos como uma sucessão de movimentos elementares. 
Para saber mais siga esta ligação: La Recherche n.º 472


Gelo em Mercúrio

Os astrónomos, desde há mais de 20 anos, suspeitavam que poderia existir gelo nos pólos de Mercúrio. A sonda americana Messenger acaba de enviar a prova.
Grandes quantidades de gelo estão localizadas em crateras de impacto (a amarelo) próximo do Pólo Norte de Mercúrio, aqui reconstituídas com a ajuda de imagens enviadas pela sonda Messenger

O planeta Mercúrio, o mais próximo do Sol, desprovido de atmosfera e onde, durante o dia, a temperatura pode ultrapassar os 400ºC, contem contudo grandes quantidades de gelo nos pólos - um volume suficiente para encher de água o mar Morto. Esta é a descoberta que acaba de fazer uma equipa franco-americana, graças às observações da sonda da NASA Messenger. Por mais surpreendente que possa parecer, os astrónomos já suspeitavam há muito da presença de gelo em Mercúrio. "O planeta está semeado de crateras de impacto e como o seu eixo de rotação é perpendicular ao plano da sua órbita à volta do Sol, algumas crateras situadas nos pólos nunca "vêem" luz e são, por isso, capazes de reter gelo", explica Sylvestre Maurice, do instituto de investigação em astrofísica e planetologia, em Toulouse, um dos autores da descoberta.
Um primeiro indício chegou em 1992. O radiotelescópio de Aracibo, em Porto Rico, identificou manchas brilhantes nas crateras das regiões polares. Esta observação é compatível com a presença de gelo em que a superfície reflete fortemente o sinal radar enviado pelo telescópio. Mas ainda subsistia a dúvida: depósitos de enxofre poderiam também explicar essas zonas brilhantes.
Graças à Messenger não existem mais dúvidas. "O seu espetrómetro de neutrões mediu um excesso de hidrogénio nessas mesmas crateras", diz Sylvestre Maurice. "A única explicação possível é a presença de água sob a forma de gelo." Segundo dos dados do instrumento, uma pequena parte do gelo encontra-se na superfície, a grande maioria estará enterrada no solo a uma profundidade, aproximadamente, de doze centímetros.
Mas como é que este gelo chegou ao planeta? Como todos os outros planetas do sistema solar, Mercúrio foi bombardeado, desde o seu nascimento, por numerosos cometas e asteróides e dos quais sabemos que continham água: foram assim estes objetos que trouxeram este precioso ingrediente.
Os dados de um outro instrumento da Messenger confirmam a origem cometária deste gelo. O espetrómetro de infravermelhos revela que a matéria onde este gelo está enterrado é mais escura do que noutras regiões do planeta. Uma explicação possível: esta camada será constituída por compostos carbonados trazidos pelos cometas e misturados inicialmente com o gelo.
Segundo os investigadores, este gelo seria relativamente jovem, menos de um bilião de anos, e teria ficado enterrado sob uma camada de poeira muito mais espessa, devido aos impactos constantes de pequenos objetos.  
Para saber mais siga esta ligação: La Recherche n.º 472   


O que posso observar no céu de fevereiro?

Fevereiro deve o seu nome ao festival celebrado nessa época do ano, em Roma, chamado Februália, ou purificação - ocasião em que eram oferecidos sacrifícios aos mortos, para apaziguá-los.

2 - Espiga a 0,3ºN da Lua - 2h
7 - Lua no perigeu - 12h
8 - Mercúrio a 0,3ºN de Marte - 21h
11 - Mercúrio a 5ºS da Lua - 18h
16 - Mercúrio na máxima elongação E (18º) - 21h
19 - Lua no apogeu - 6h





Fases da Lua em fevereiro

03 - às 13h 56min - minguante
10 - às 07h 20min - nova
17 - às 20h 31min - crescente
25 - às 20h 26min - cheia














Planetas visíveis a olho nu em fevereiro


MERCÚRIO - poderá ser visto somente próximo do horizonte, a leste, antes do nascimento do Sol ou a oeste, depois do ocaso do Sol.  Será visível,  de tarde, cerca do instante do fim do crepúsculo civil, aproximadamente, entre 31 de janeiro a 26 de fevereiro. As melhores condições de visibilidade ocorrerão em meados deste mês. A 22 de fevereiro terá movimento retrógrado. 


VÉNUS - poderá ser facilmente identificado pelo seu grande brilho. Pode ser visto como estrela da manhã, desde o princípio do ano até meados de fevereiro, quando não poderá ser observado por se encontrar demasiado próximo do Sol.

MARTE - poderá ser observado na constelação do Aquário até à segunda semana deste mês, altura em que deixa de poder-se observar por se encontrar muito próximo do Sol. A tonalidade avermelhada ajudará à identificação do planeta. Estará em conjunção com Mercúrio em 8 de fevereiro. 

JÚPITER - pode ser visto na constelação do Touro, no início do ano, durante mais de metade da noite até finais de fevereiro.

SATURNO no início do ano, nasce pouco depois da meia-noite na constelação da Balança. Inicia o movimento retrógrado em 19 de fevereiro. 

Fonte: Observatório Astronómico de Lisboa 



Visibilidade da Estação Espacial Internacional
(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)
DataLuminosidadeInícioPonto mais altoFimTipo de Passagem
[Mag]DataAlt.Az.DataAlt.Az.DataAlt.Az.
23 Fev-3.318:47:5910°NW18:51:1470°NNE18:51:1470°NNEVisível
24 Fev-2.717:57:3510°NW18:00:4842°NNE18:03:1216°EVisível
24 Fev-0.619:34:3010°WNW19:36:0019°W19:36:0019°WVisível
25 Fev-2.318:43:4710°WNW18:47:0044°SW18:48:1230°SVisível
26 Fev-3.217:53:2310°NW17:56:4582°SW18:00:0710°SEVisível
27 Fev-0.518:40:3510°W18:42:5217°SW18:45:0810°SVisível
28 Fev-1.317:49:5410°WNW17:52:5430°SW17:55:5410°SSEVisível
02 Mar0.017:47:5710°WSW17:49:1512°SW17:50:3310°SSWVisível
 
Como usar esta grelha:

Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de inicio, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.



Imagem do Mês


Filme da aterragem em Titã

Qual a sensação de se aterrar na lua de Saturno, Titã? A sonda Huygens, da Agência Espacial Europeia, aterrou na lua mais nublada do Sistema Solar em 2005 e foi feito um vídeo com imagens dessa descida. A Huygens separou-se da nave espacial robotizada Cassini, logo que esta entrou na órbita de Saturno no final de 2004, e iniciou de imediato a aproximação a Titã. Durante duas horas, depois da separação, a Huygens mergulhou na superfície de Titã gravando, inicialmente, apenas a atmosfera opaca desta lua. Esta sonda computorizada, do tamanho de um pneu de camião, abriu um paraquedas para travar a sua descida, atravessou as densas nuvens e começou a transmitir imagens de uma estranha superfície nunca antes vista em luz visível. Aterrando num mar seco e sobrevivendo durante 90 minutos, a Huygens enviou imagens únicas de uma estranha planície com um solo arenoso escuro repleto de pedras de gelo do tamanho de um punho, lisas e brilhantes.





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