Abril 2025
Abril de 2025
Formados em menos de dez minutos!
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Visão dos dois desfiladeiros que partem da bacia de impacto Schrödinger, próximo do polo Sul da Lua. |
Na superfície escondida da Lua, perto do seu Polo Sul, a bacia de impacto Schrödinger, com 320 quilómetros de diâmetro, é o ponto de partida da dois gigantescos desfiladeiros lunares: Vallis Schrödinger e Vallis Planck. Com comprimentos de 270 e 280 quilómetros, respetivamente, estes vales são mais profundos que o Grand Canyon. Não foi a pouca água neles presente, sob a forma de gelo, que os cavou. Para além disso, os outros vales existentes na superfície da Lua resultaram de fluxos de lava, mas têm uma aparência sinuosa, enquanto que estes dois desfiladeiros são quase retilíneos... David Kring, geólogo do Instituto de Planetologia LPI, em Houston, EUA, e os seus colegas, verificou a hipótese mais provável: estes desfiladeiros nasceram durante o impacto que deu origem à bacia de Schrödinger.
Segundo os seus cálculos, os detritos ejetados durante a colisão tinham uma velocidade que variou entre 3400 a 4600 quilómetros por hora e escavaram ambos os desfiladeiros em apenas dez minutos. Bem menos do que os 6 milhões de anos de erosão que foram necessários para formar o Grand Canyon. A posição dos dois vales lunares também indica que o impacto se fez num ângulo de 45º e os detritos caíram no lado oposto da bacia do Polo Sul Aitken, alvo da futura missão Artemis e que se calcula que tenha uma idade de 4,3 mil milhões de anos. O que se poderá obter destas rochas que são mais antigas do que aquelas que nós encontramos na superfície da Terra?
Fonte: Pour la Science, n.º 570, abril de 2025, pp. 10-11
Évrard-Ouicem Eljaouhari (adaptado)
Microplásticos no cérebro
As partículas de microplásticos desencadeiam a formação de aglomerados nos vasos sanguíneos do cérebro que provocam diversos problemas neurológicos em ratos.
Pelo desgaste dos pneus, a degradação de objetos de plástico ou ainda pela lavagem de roupa sintética, os microplásticos dispersam-se no ambiente. Encontramo-los até mesmo na regiões mais isoladas do globo (na neve da Antártida, nas montanhas mais elevadas ou mesmo no fundo da Fossa das Marianas, no Oceano Pacífico). Mas estas partículas, com um diâmetro inferior a cinco milímetros, contaminam também os organismos vivos que os ingerem e os respiram sem saber. Acabam por se alojar nos tecidos e no sangue. Com que consequências? Para o descobrir, Haipeng Huang, investigador biomédico da Universidade de Pequim e os seus colegas trabalharam in vivo sobre a toxicologia dos microplásticos no sistema cerebral dos ratos.
Para observar o impacto destas partículas, os investigadores usaram microscopia de dois fotões e partículas fluorescentes. Esta técnica permitiu que seguissem em tempo real os movimentos na corrente sanguínea das células, do sistema imunitário dos ratos que ingerem os microplásticos.
Para esta experiência, os roedores foram regados com água misturada com partículas de poliestireno fluorescente, um plástico utilizado quotidianamente, de forma a simular as concentrações detetadas no sangue humano. Menos de três horas depois, as células fluorescentes foram observados na corrente sanguínea do cérebro. Estas são células imunitárias que têm que absorveram os microplásticos após a sua identificação como estranhos ao organismo.
Após esta ingestão (também designada por "fagocitose"), as células comportaram-se anormalmente e começaram a aderir à parede dos vasos sanguíneos, formando assim aglomerados. Estes últimos parecem ter tido um efeito da mesma forma que um coágulo, reduzindo o fluxo sanguíneo. "As células desencadeiam, assim, uma reação em cadeia de obstruções, resultando numa colisão semelhante a uma carambola dentro dos vasos sanguíneos”, descreve Haipeng Huang.
Alguns aglomerados acabam por se dissipar facilmente, enquanto outros permanecem durante várias semanas. Estas obstruções têm consequências observáveis no desempenho neurológico dos ratos, como redução da memória espacial ou mesmo comprometimento das capacidades locomotoras. "O nossos dados sugerem que estes microplásticos seria capazes de causar danos mais graves”, conclui o investigador. Os cientistas ainda não sabem explicar o comportamento das células imunitárias, mas colocam a hipótese de que estas últimas criam proteínas na superfície da sua membrana, facilitando a sua fixação à parede do vasos sanguíneos.
No corpo humano já se constatou que a presença de partículas de plástico causam doenças respiratórias crónicas, perturbações do sistema imunitário ou ainda desequilíbrios hormonais. A questão dos efeitos a longo prazo em humanos são o assunto de intensos trabalhos de investigação, por parte da equipa de Haipeng Huang, e de outros.
Fonte: Pour la Science, n.º 570,abril 2025 - p. 12
Sarah Boulvard (adaptado)
Breves de abril
Mais medo do que verdadeiro perigo no que diz respeito ao asteroide 2024 YR4: depois de ter atingido cerca de 3% de probabilidade de colidir com a Terra, em 2032, agora essa possibilidade foi reduzida para quase zero (0,001%), segundo a Agência Espacial Europeia. Esta é uma boa notícia, já que o seu tamanho, entre 40 a 90 metros de largura, seria o suficiente para destruir uma cidade.
Os problemas de saúde (erupções cutâneas, disfuncionamentos imunitários) dos astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS), podem vir de um meio ambiental demasiado estéril, segundo um estudo da variedade das bactérias presentes a bordo. Este estudo sugere que a introdução de uma maior diversidade de micróbios terrestres na estação, contribuiria para melhorar a saúde humana no espaço.
O cérebro vitrificado de uma vítima do Vesúvio no seguimento da sua erupção, em 79 d.C., foi descoberto em 2020, em Herculanun (Itália), numa caixa craneana. Este bocado de tecido cerebral transformou-se em vidro pelo efeito de uma nuvem ardente que ultrapassou os 510ºC, seguido de um rápido arrefecimento. Isto aconteceu apenas após as correntes piroclásticas terem destruído a cidade.
Fonte: Science et Avenir, n.º 938 - abril 2025
O que posso observar no céu de abril?
1 - Lua a 1,9ºS das Plêiades - 21:28
3 - Lua a 0,27ºN de Júpiter - 01:24
3 - Lua a 2,7º de Pollux - 04:10
5 - Lua a 2º de Marte - 20:04
13 - Lua no apogeu a 403 600 Km da Terra - 23:48
13 - Lua a 1,8º de Spica - 01:39
22 - Auge da chuva de meteoros das Líridas de abril
27 - Lua no perigeu a 353 560 Km da Terra - 17:15
29 - Lua a 1,7ºS das Plêidas - 07:35
29 - Lua a 6ºN de Aldebaran - 23:15
Fases da Lua em abril
27 - às 20h 31min - nova
05 - às 03h 14min - crescente
05 - às 03h 14min - crescente
13 - às 01h 22min - cheia
21 - às 02h 35min - minguante
Planetas visíveis a olho nu em abril
MERCÚRIO - Durante este mês não pode ser visto.
VÉNUS - Pode ser visto durante todo este mês no início do dia, antes do nascer do Sol, como uma estrela muito brilhante, a partir seis horas e onze minutos, indo nascendo gradualmente mais cedo até ao fim do mês.
MARTE - Pode ser visto entre as vinte horas e trinta minutos até por volta das quatro da manhã, indo nascendo cada vez mais cedo.
JÚPITER - Pode ser observado no início da noite até perto da uma da manhã, indo desaparecendo cada vez mais cedo.
SATURNO - Começa a aparecer a partir do dia 15, por volta das seis da manhã, nascendo cada vez mais cedo.
Fonte: APP Sky Tonight
(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)
Não há passagens visíveis nos próximos dias.
Como usar esta grelha:
Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de início, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.
Fonte: http://www.heavens-above.com/
Vídeo do Mês
O dia-a-dia no interior da Estação Espacial Internacional
(Quando necessário, para ativar as legendas automáticas proceder do seguinte modo: no canto inferior direito clicar no símbolo "roda dentada"; abrem-se as Definições; clicar aí e escolher Legendas; depois clicar em Traduzir Automaticamente; finalmente escolher Português na lista.)
Imagem do Mês
O Trio de Leão
Este popular grupo salta para o céu no início da noite por volta do equinócio de março e da primavera do hemisfério norte . Famoso como o Trio de Leão, estas três galáxias magníficas, situadas na constelação proeminente de Leão, reúnem-se neste campo de visão astronómico. São as preferidas do público, pois mesmo fotografadas com modestos telescópios, podem ser apresentadas individualmente como a NGC 3628 (canto inferior esquerdo), a M66 (centro direito) e a M65 (centro superior). Todas elas são grandes galáxias espirais, mas tendem a parecer diferentes, porque os seus discos galáticos estão inclinados em ângulos diferentes, em relação à nossa linha de visão. A NGC 3628, também conhecida como Galáxia do Hambúrguer, é vista de lado, com faixas de poeira obscurecedoras que cortam o seu inchado plano galáctico. Os discos da M66 e M65 estão suficientemente inclinados, mostrando assim sua estrutura espiral. As interações gravitacionais entre as galáxias do grupo deixaram sinais reveladores, incluindo as caudas de maré e o disco distorcido e inflado da NGC 3628 e os braços espirais estendidos da M66. Esta vista deslumbrante desta região abrange mais de 1 grau (duas luas cheias) no céu. Capturada com um telescópio de Sawda Natheel, Qatar, planeta Terra, a imagem cobre mais de meio milhão de anos-luz, encontrando-se a uma distância estimada de 30 milhões de anos-luz do Trio Leo.
Fonte: www.nasa.govLivro do Mês
Sinopse
Seis astronautas orbitam a Terra a bordo de uma nave espacial, a fim de recolher dados meteorológicos e de realizar experiências científicas. Acima de tudo, porém, observam. Juntos, contemplam o nosso silencioso planeta, que lhes oferece, tudo no simples passar de um dia, um espetáculo infinito, uma de beleza de cortar a respiração.
Contudo, mesmo tão distantes do mundo, os seis astronautas não conseguem escapar à sua constante influência. Chegam notícias da morte de uma mãe, trazendo pensamentos de regresso e de saudades de casa. A fragilidade da vida humana torna-se um tema central nas suas conversas, nos seus medos e nos seus sonhos.
Apesar de tão longe da Terra, nunca antes se haviam sentido tão protetores dela, tão parte dela. Começam a refletir: o que será a vida sem a Terra? O que será a Terra sem a humanidade?
Sobre o autor:
Nasceu em Kent, Inglaterra, e passou parte da juventude em York, em Sheffield e, depois, no Japão. Estudou Filosofia nas universidades de York e Sheffield, tendo completado um mestrado em Escrita Criativa na Bath Spa University, onde é atualmente docente.
Além de Orbital, é autora de quatro romances — The Wilderness, All Is Song, Dear Thief e The Western Wind — e de um livro de memórias, The Shapeless Unease..
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