Março 2022


                                                                         
                                                                              



Ciência Na Frente

Do Infinitamente Pequeno ao Infinitamente Grande

Março de 2022











Um sinal misterioso desafia os astrónomos

As ondas enigmáticas foram detetadas pelas antenas do telescópio australiano MWA, que opera nas baixas frequências.


     Um flash emitido na Via Láctea, a 4000 anos-luz da Terra, foi observado no domínio das ondas rádio de baixa frequência por uma equipa de astrónomos australianos. Chega-nos todos os 18 minutos e 11 segundos. Por agora, os investigadores têm-se perdido em conjeturas sobre a origem desta fonte muito brilhante, que não se parece com nada do que é conhecido. Aquilo que se aproxima mais deste fenómeno são os pulsares, estrelas de neutrões que emitem precisamente uma forte radiação eletromagnética. 
Mas a frequência do sinal de um pulsar é muito superior - da ordem do milissegundo até quase a uma dúzia de segundos. Outro candidato poderá ser uma magnetoestrela com um período ultralongo. Esta espécie de primas dos pulsares, dotadas de um enorme campo magnético, não foi até agora alguma vez observada. A diversidade das frequências captadas leva a pensar que o objeto não corresponde a uma mensagem de rádio que poderia estar a ser enviada por uma longínqua civilização.

Fonte: Sciences et Avenir/La Recherche - março 2022, n.º 901, p. 9

F. N. 
(adaptado)


70 planetas errantes identificados na Via Láctea

O astro orbita sozinho o centro da nossa galáxia (imagem não real).


     A família dos planetas errantes aumentou graças a um vasto estudo publicado na Nature. Estes estranhos objetos, cuja existência foi descoberta no fim dos anos 1990, têm a particularidade de não estarem ligados a qualquer estrela: orbitam sozinhos à volta do centro da galáxia. Ao examinar uma região maciça de formação de estrelas na Via Láctea, os cientistas do Laboratório de astrofísica de Bordéus (LAB) identificaram, em cerca de 80 000 imagens, pelo menos 70 desses planetas e talvez mais uma centena deles a serem confirmados. Astros com uma idade de 1 a 8 milhões de anos, com massas entre 4 a 13 vezes a de Júpiter. Mas os mais pequenos ainda estão escondidos: "No fim, mesmo que a estimativa tenha de ser afinada, podem existir vários milhares de milhões de planetas flutuantes na galáxia", calcula Hervé Bouy, do LAB. Para explicar este surpreendente grande número, são necessários dois mecanismos: o nascimento, por afundamento, de uma pequena nuvem molecular ou a ejeção de um sistema. É por agora impossível precisar qual é a contribuição de cada um destes fenómenos
.      
   

Fonte: Sciences et Avenir/La Recherche - março 2022, n.º 901, p. 12

J. I. 
(adaptado)


O que posso observar no céu de março?


 
1 - Saturno a 4ºN da Lua - 00:00
11 - Lua no apogeu - 23:00
20 - Equinócio: início da Primavera - 16:00
20 - Mercúrio a 1,3ºS de Júpiter - 22:00
24 - Lua no perigeu - 00:00
27 - Mudança da hora: hora de verão - adiantar uma hora
28 - Marte a 4ºN da Lua - 03:00



 Céu visível às 20:00 horas do dia 1 de março em Lisboa mostrando as estrelas mais brilhantes: Sírio, Rígel, Betelgeuse, Prócion, Aldebarã e Capela.

Céu visível às 06:00 horas do dia 15 de março em Lisboa mostrando os planetas Vénus, Marte e Saturno.







Fases da Lua em março


                02 - às 17h 35min - nova

                10 - às 10h 45min - crescente

                18 - às 07h 18min - cheia

                25 - às 05h 37min - minguante









Planetas visíveis a olho nu em março


MERCÚRIO - Será visível, de manhã, por volta do instante do início do crepúsculo civil, até ao dia 24 de março. 

VÉNUS Pode ser visto como estrela  da manhã, durante o mês de março. 

MARTE - Pode ser visto  ao anoitecer na constelação de Ofiúco.

JÚPITER - Só poderá ser visto a partir de meados de março no céu da manhã.

SATURNO Pode ser visto no céu matutino
Fonte: Observatório Astronómico de Lisboa 




(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)

  
 
 
DataMagnitudeInícioPonto mais altoFimTipo da passagem
(mag)HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.
20-3-1,620:32:0710°ONO20:34:5423°NNO20:36:1718°NNEvisível
21-3-2,119:43:4910°O19:46:5231°NNO19:49:5710°NEvisível
21-3-0,721:22:2910°NO21:23:3313°NNO21:23:3313°NNOvisível
22-3-1,220:34:0610°NO20:36:1816°N20:37:4513°NNEvisível
23-3-1,319:45:4010°ONO19:48:1019°NNO19:50:4110°NNEvisível
23-3-0,621:24:0110°NNO21:24:4913°NNO21:24:4913°NNOvisível
24-3-1,220:35:5410°NO20:37:4614°N20:38:5312°NNEvisível
25-3-1,119:47:3610°NO19:49:3515°N19:51:3310°NNEvisível
25-3-0,821:24:5810°NNO21:25:5014°NNO21:25:5014°NNOvisível
26-3-1,420:37:0610°NNO20:39:1315°N20:39:5015°NNEvisível
27-3-1,220:49:0710°NNO20:51:0114°N20:52:5710°NEvisível
27-3-1,022:25:3910°NO22:26:4517°NNO22:26:4517°NNOvisível
28-3-1,921:37:5110°NNO21:40:3221°NNE21:40:4421°NNEvisível
29-3-1,620:50:0110°NNO20:52:2318°NNE20:54:4410°ENEvisível
29-3-1,222:26:2010°NO22:27:4022°NO22:27:4022°NOvisível
 

Como usar esta grelha:

Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de início, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.

Fonte: http://www.heavens-above.com/



Vídeo do Mês



Exoplanetas errantes

(Quando necessário, para ativar as legendas automáticas proceder do seguinte modo: no canto inferior direito clicar no símbolo "roda dentada"; abrem-se as Definições; clicar aí e escolher Legendas; depois clicar em Traduzir Automaticamente; finalmente escolher Português na lista.)



Imagem do Mês




As peculiares galáxias Arp 273

         As estrelas brilhantes em primeiro plano desta imagem, estão bem no interior da nossa própria Galáxia, a Via Láctea. Mas as duas galáxias na imagem estão muito além da Via Láctea, a uma distância de mais de 300 milhões de anos-luz. A sua aparência distorcida é devida às marés gravitacionais, à medida que o par se envolve em encontros cada vez mais próximos. Catalogadas como Arp 273 (também como UGC 1810), as galáxias parecem muito peculiares, mas este tipo de galáxias interativas são comuns no universo. Nas proximidades, fica a grande galáxia em espiral de Andrómeda, e que é conhecida por estar a cerca de 2 milhões de anos-luz de distância, aproximando-se da Via Láctea. Estas galáxias peculiares, Arp 273, podem oferecer uma imagem análoga do seu encontro com a nossa galáxia num futuro distante. Estes encontros de galáxias numa, escala de tempo cósmica, podem, em última análise, resultar numa fusão numa única galáxia. A partir da nossa perspetiva, os núcleos brilhantes das galáxias Arp 273 estão separados por pouco mais de 100.000 anos-luz.
Fonte: www.nasa.gov


Livro do Mês




Sinopse

     Como ideologia, a democracia tem uma história e um percurso extraordinários, tendo moldado definitivamente o curso da história europeia. Iniciando a sua análise na Grécia Antiga, Luciano Canfora percorre o trajeto desta ideologia, da Gloriosa Revolução inglesa de 1688 à mais radical Revolução Francesa - momento charneira da era contemporânea - da Primeira Guerra Mundial à Guerra Fria. Assim, o autor constata a progressiva adulteração do sufrágio universal, através do "drástico redimensionamento da representação das classes menos competitivas". De facto, a representação parlamentar de correntes políticas de expressão minoritária assume aqui lugar de destaque. A conclusão:
"O esvaziamento das democracias progressivas, isto é, do conteúdo concreto do antifascismo traduzido em normas constitucionais, deu-se em duas direções convergentes: no plano institucional, com o reforço do executivo e com leis eleitorais que deslocam o eleitorado para o centro e selecionam com critério censitário o pessoal político, produzindo a derrota definitiva do sufrágio universal; no plano substancial, com o acentuar-se do poder das oligarquias sobre a sociedade (empobrecimento da eficácia legislativa dos parlamentos, poder acrescido dos organismos técnicos e financeiros, difusão generalizada da cultura da riqueza, ou melhor, do mito e da idolatria da riqueza através de um sistema mediático totalmente invasivo)."   

Sobre o autor:




    Luciano Canfora é professor de Filologia Clássica na Universidade de Bari, e autor de vários títulos sobre cultura clássica grega. É, também, diretor da revista Quaderni di Storia, colaborador do Corriere della Sera, e pertence ao conselho ditatorial de várias revistas, entre elas o Journal of Classical Tradition, de Boston, e a espanhola Historia y Critica
.












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