julho 2019
Ciência Na Frente
Do Infinitamente Pequeno ao Infinitamente Grande
Julho de 2019
Há 50 anos, o 1º ser humano saiu da Terra e foi até à Lua. |
Em 1969 as pessoas na Terra seguiram em direto a aventura histórica da missão Apollo 11 graças a imagens de vídeo de má qualidade, mas que não eram menos entusiásticas. Contudo, não faziam a menor ideia do local preciso onde se desenrolava a ação na Lua e em que pontos os astronautas se passearam na superfície do satélite, no mar da Tranquilidade. Atualmente, graças aos modelos informáticos em 3D, criados a partir das leituras das sondas em órbita, podemos seguir passo a passo a missão e ter uma melhor visão do terreno explorado. A reconstituição do local onde o módulo lunar aterrou foi construída com as fotografias da sonda Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), datadas de 2012. O mapa em relevo mostra a paisagem que Neil Armstrong e Buzz Aldrin exploraram, a posição do módulo lunar, as diferentes experiências realizadas e mesmo os caminhos que os astronautas fizeram.
Estas imagens de satélite ajudam-nos a preservar alguns detalhes da missão antes do seu desaparecimento. De facto, as temperaturas extremas, a radiação solar e o bombardeamento permanente de micrometeoritos na superfície lunar, erodem as impressões das pegadas e acabarão por destruir os aparelhos deixados no local. Pouco a pouco, a «base da Tranquilidade» apagar-se-á...
Ainda que meticulosamente planeada, a missão conheceu algumas peripécias quando o módulo Eagle começou a sua descida. Nos últimos instantes, Neil Armstrong decidiu aterrar o módulo para lá da zona prevista - coberta de rochas potencialmente perigosas - e improvisou, ao escolher outro local de aterragem.
As preocupações tinham já começado mais cedo. A 10 000 metros de altitude, um alarme luminoso chamado «alarme 1202» começou a piscar no painel de controlo do Eagle. «O que é que isto significa?» perguntava Neil Armstrong ao seu colega Buzz Aldrin, enquanto a luz piscava e o alarme tocava com um ritmo irregular. Os dois astronautas não se lembravam de ter visto esse alarme durante os exercícios de treino. Os engenheiros da missão, a partir do centro de controlo de Houston, acabaram por concluir que o alarme podia ser ignorado sem qualquer risco. Mas a procura da sua origem fez perder um precioso tempo aos astronautas.
Enquanto as reservas de combustível iam diminuindo, o Eagle tornou-se cada vez mais difícil de manobrar. Quando o depósito estava com menos de metade do combustível, o líquido começou a balançar fortemente. Este movimento abanou o aparelho em todas as direções. Esta situação fez disparar o alarme «baixo nível de carburante», 30 a 40 segundos mais cedo do que o previsto, dando a impressão aos astronautas que tinham menos tempo para atingirem o solo sem risco, do que aquilo que estava previsto.
A 600 metros de altitude, Armstrong olhou pela escotilha para examinar o local de aterragem escolhido inicialmente. (Deveria tê-lo feito mais cedo, mas, como explicou numa reunião após o seu regresso, «a nossa atenção tinha sido mobilizada para o tratamento dos alarmes, manter a máquina a voar e assegurarmo-nos que controlávamos a situação para não anular a missão. Estávamos por isso concentrados no que se passava no interior do módulo.») Considerou o local pouco propício para aterrar o módulo em segurança. Como descreveu mais tarde, o local de aterragem era «uma larga cratera cercada por uma vasta zona repleta de grandes rochas.»
Quase sem tempo nem combustível, Armstrong controlou manualmente a nave a 160 metros de altitude. No último momento, ele guiou o Eagle para lá do campo de rochas para o poisar num local menos acidentado.
Edward Bell - diretor artístico da Scientific American
e autor do livro "iPad sobre os exoplanetas
(adaptado)
e autor do livro "iPad sobre os exoplanetas
(adaptado)
A origem da água continua a ser um enigma
46P/Wirtanen esteve próximo do Sol em dezembro de 2018, o que favoreceu as observações. |
Os cometas terão desempenhado um papel importante para o volume de água na Terra? O debate foi relançado com as análises do cometa 46P/Wirtanen que revelaram que a composição da água do seu halo é próxima da que existe nos oceanos.
Ao passar próximo do Sol, em dezembro de 2018, o cometa 46P/Wirtanen revelou alguns segredos, graças aos instrumentos instalados a bordo de um Boeing 747 da NASA. A água do halo do cometa apresenta uma composição similar à da água terrestre. O que poderia ser melhor para relançar a hipótese de uma contribuição maciça de água para a Terra pelos cometas? Nem por isso. Uma das chaves deste enigma é a composição isotópica da água. O núcleo de hidrogénio existe sob duas formas - dois isótopos - estáveis no Universo. Ambas comportam um protão, mas um é leve, enquanto que o outro, o deutério, é mais pesado, já que o núcleo integra também um neutrão. A água observada na maior parte dos cometas estudados possui uma relação isotópica - a proporção de deutério em relação ao hidrogénio - mais elevada do que aquela que encontramos na água dos oceanos terrestres. No cometa Tchouri, estudado de perto pela sonda europeia Rosetta, este ratio é três vezes e meia mais elevado do que na Terra. Demasiado para que uma vaga de cometas similares tenham podido contribuir de maneira significativa com a sua água.
46P/Wirtanen é apenas o terceiro cometa conhecido que apresenta água em que a composição isotópica é vizinha da dos oceanos. Mas o resultado mais importante destes trabalhos talvez esteja noutro lugar. «O que mostrámos é que parece existir uma relação entre a atividade de um cometa e a composição isotópica que se observa», insiste Dominique Bockelée-Morvan, do Laboratório de estudos espaciais e de instrumentação em astrofísica (Lesia), em Paris, co-autor do estudo. Num cometa hiperativo como o 46P/Wirtanen, a água do halo provem de grãos de gelo que foram ejetados do núcleo do astro e que se sublimam - passam diretamente do estado sólido para o de vapor - sob o efeito da radiação solar. A proporção de deutério observada é portanto reveladora do cometa. Em contrapartida, para numerosos objetos, é a água de superfície - e não a do núcleo - que é medida no halo e apresenta mais deutério. «Várias hipóteses podem explicar esta diferença, sublinha Dominique Bockelée-Morvan. Podemos imaginar, por exemplo, que os cometas hiperativos se formaram numa região muito afastada do Sistema Solar, onde a água se assemelha mais à nossa. Mas não se pode excluir que eles se tenham formado na mesma região que os cometas pouco ativos e que um processo qualquer favoreceu, nestes últimos, a sublimação de moléculas mais ricas em deutério.»
Com a descoberta desta água semelhante à dos oceanos, os cometas poderão ter desempenhado um papel mais importante na contribuição de água na Terra? «Eu não estou convencido, considera Patrick Michel, astrofísico do Observatório da Côte d'Azur. Isto porque a órbita dos cometas não é favorável a colisões com a Terra. Pelo contrário, a dos asteróides pode explicar como a água chegou ao nosso planeta.» Mas colisões com cometas podem ter contribuído para alimentar a Terra de gases raros, à imagem do xenon descoberto no cometa Tchouri.
Ao passar próximo do Sol, em dezembro de 2018, o cometa 46P/Wirtanen revelou alguns segredos, graças aos instrumentos instalados a bordo de um Boeing 747 da NASA. A água do halo do cometa apresenta uma composição similar à da água terrestre. O que poderia ser melhor para relançar a hipótese de uma contribuição maciça de água para a Terra pelos cometas? Nem por isso. Uma das chaves deste enigma é a composição isotópica da água. O núcleo de hidrogénio existe sob duas formas - dois isótopos - estáveis no Universo. Ambas comportam um protão, mas um é leve, enquanto que o outro, o deutério, é mais pesado, já que o núcleo integra também um neutrão. A água observada na maior parte dos cometas estudados possui uma relação isotópica - a proporção de deutério em relação ao hidrogénio - mais elevada do que aquela que encontramos na água dos oceanos terrestres. No cometa Tchouri, estudado de perto pela sonda europeia Rosetta, este ratio é três vezes e meia mais elevado do que na Terra. Demasiado para que uma vaga de cometas similares tenham podido contribuir de maneira significativa com a sua água.
46P/Wirtanen é apenas o terceiro cometa conhecido que apresenta água em que a composição isotópica é vizinha da dos oceanos. Mas o resultado mais importante destes trabalhos talvez esteja noutro lugar. «O que mostrámos é que parece existir uma relação entre a atividade de um cometa e a composição isotópica que se observa», insiste Dominique Bockelée-Morvan, do Laboratório de estudos espaciais e de instrumentação em astrofísica (Lesia), em Paris, co-autor do estudo. Num cometa hiperativo como o 46P/Wirtanen, a água do halo provem de grãos de gelo que foram ejetados do núcleo do astro e que se sublimam - passam diretamente do estado sólido para o de vapor - sob o efeito da radiação solar. A proporção de deutério observada é portanto reveladora do cometa. Em contrapartida, para numerosos objetos, é a água de superfície - e não a do núcleo - que é medida no halo e apresenta mais deutério. «Várias hipóteses podem explicar esta diferença, sublinha Dominique Bockelée-Morvan. Podemos imaginar, por exemplo, que os cometas hiperativos se formaram numa região muito afastada do Sistema Solar, onde a água se assemelha mais à nossa. Mas não se pode excluir que eles se tenham formado na mesma região que os cometas pouco ativos e que um processo qualquer favoreceu, nestes últimos, a sublimação de moléculas mais ricas em deutério.»
Com a descoberta desta água semelhante à dos oceanos, os cometas poderão ter desempenhado um papel mais importante na contribuição de água na Terra? «Eu não estou convencido, considera Patrick Michel, astrofísico do Observatório da Côte d'Azur. Isto porque a órbita dos cometas não é favorável a colisões com a Terra. Pelo contrário, a dos asteróides pode explicar como a água chegou ao nosso planeta.» Mas colisões com cometas podem ter contribuído para alimentar a Terra de gases raros, à imagem do xenon descoberto no cometa Tchouri.
O que posso observar no céu de julho?
4 - Terra no afélio - 23:00
5 - Lua no perigeu a 368 504 Km da Terra - 06:00
13 - Lua a 2ºS de Júpiter - 21:00
16 - Eclipse parcial da Lua - 23:00
21 - Lua no apogeu a 404 549 Km da Terra - 01:00
30 - Atividade máxima das Aquáridas (25/hora) - Visibilidade de 12/07 a 23/08
Fig. 1 – Céu visível às 23:00 horas do dia 1 de julho em Lisboa mostrando os planetas Júpiter e Saturno. |
Fig. 2 – Céu visível às 05:50 horas do dia 15 de julho em Lisboa mostrando o planetas Vénus. |
Fases da Lua em julho
02 - às 20h 16min - nova
09 - às 11h 55min - crescente
16 - 22h 38min - cheia
09 - às 11h 55min - crescente
16 - 22h 38min - cheia
25 - às 02h 18min - minguante
Planetas visíveis a olho nu em julho
MERCÚRIO - Poderá ser visto somente próximo do horizonte, a leste, antes do nascimento do Sol ou a oeste, depois do ocaso do Sol. Será visível de tarde, por volta do instante do começo do crepúsculo civil, até 10 de julho. Reaparecerá depois do amanhecer a partir do 28 de julho.
VÉNUS - Pode ser visto como estrela da manhã até à segunda semana de julho, quando não poderá ser observado por se encontrar demasiado próximo do Sol.
MARTE - Pode ser visto na constelação de Gémeos e no final de junho em Caranguejo. Em meados de julho deixa de poder-se observar por se encontrar muito próximo do Sol.
JÚPITER - Neste mês estará visível durante toda a noite.
SATURNO - É visível toda a noite, na constelação de Sagitário, atingindo a oposição às 18h, do dia 9 de julho.
VÉNUS - Pode ser visto como estrela da manhã até à segunda semana de julho, quando não poderá ser observado por se encontrar demasiado próximo do Sol.
MARTE - Pode ser visto na constelação de Gémeos e no final de junho em Caranguejo. Em meados de julho deixa de poder-se observar por se encontrar muito próximo do Sol.
JÚPITER - Neste mês estará visível durante toda a noite.
SATURNO - É visível toda a noite, na constelação de Sagitário, atingindo a oposição às 18h, do dia 9 de julho.
Fonte: Observatório Astronómico de Lisboa
(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)
Data | Magnitude | Início | Ponto mais alto | Fim | Tipo da passagem | ||||||
(mag) | Hora | Alt. | Az. | Hora | Alt. | Az. | Hora | Alt. | Az. | ||
1-7 | -3,1 | 04:45:40 | 20° | SSO | 04:47:35 | 42° | SE | 04:50:45 | 10° | ENE | visível |
2-7 | -2,2 | 03:58:01 | 23° | SE | 03:58:11 | 23° | SE | 04:00:54 | 10° | E | visível |
2-7 | -2,9 | 05:31:32 | 10° | OSO | 05:34:41 | 41° | NNO | 05:37:52 | 10° | NE | visível |
3-7 | -1,0 | 03:10:18 | 11° | ESE | 03:10:18 | 11° | ESE | 03:10:30 | 10° | E | visível |
3-7 | -3,7 | 04:43:07 | 22° | OSO | 04:45:06 | 70° | NO | 04:48:24 | 10° | NE | visível |
4-7 | -3,8 | 03:55:20 | 63° | SSE | 03:55:34 | 66° | SE | 03:58:50 | 10° | ENE | visível |
4-7 | -1,8 | 05:29:46 | 10° | ONO | 05:32:28 | 23° | NNO | 05:35:10 | 10° | NE | visível |
5-7 | -1,8 | 03:07:30 | 23° | E | 03:07:30 | 23° | E | 03:09:08 | 10° | ENE | visível |
5-7 | -2,3 | 04:40:19 | 14° | O | 04:42:44 | 31° | NNO | 04:45:45 | 10° | NE | visível |
6-7 | -3,1 | 03:52:25 | 41° | ONO | 03:53:04 | 48° | NNO | 03:56:18 | 10° | NE | visível |
6-7 | -1,1 | 05:28:12 | 10° | NO | 05:30:20 | 16° | NNO | 05:32:28 | 10° | NNE | visível |
7-7 | -2,6 | 03:04:28 | 41° | NE | 03:04:28 | 41° | NE | 03:06:47 | 10° | NE | visível |
7-7 | -1,4 | 04:38:03 | 10° | ONO | 04:40:30 | 19° | NNO | 04:42:59 | 10° | NNE | visível |
8-7 | -1,0 | 02:16:29 | 15° | ENE | 02:16:29 | 15° | ENE | 02:17:08 | 10° | ENE | visível |
8-7 | -1,8 | 03:49:17 | 18° | ONO | 03:50:44 | 25° | NNO | 03:53:32 | 10° | NE | visível |
8-7 | -0,9 | 05:26:30 | 10° | NO | 05:28:15 | 14° | N | 05:30:01 | 10° | NNE | visível |
9-7 | -2,3 | 03:01:14 | 34° | NNO | 03:01:14 | 34° | NNO | 03:04:04 | 10° | NE | visível |
9-7 | -0,9 | 04:36:26 | 10° | NO | 04:38:22 | 14° | N | 04:40:18 | 10° | NNE | visível |
Como usar esta grelha:
Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de início, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.
Fonte: http://www.heavens-above.com/
Vídeo do Mês
Apollo 11
(se quiser ver o vídeo original da aterragem clique aqui https://www.youtube.com/watch?v=S9HdPi9Ikhk)
(Quando necessário, para ativar as legendas automáticas proceder do seguinte modo: no canto inferior direito clicar no símbolo "roda dentada"; abrem-se as Definições; clicar aí e escolher Legendas; depois clicar em Traduzir Automaticamente; finalmente escolher Português na lista.)
(se quiser ver o vídeo original da aterragem clique aqui https://www.youtube.com/watch?v=S9HdPi9Ikhk)
(Quando necessário, para ativar as legendas automáticas proceder do seguinte modo: no canto inferior direito clicar no símbolo "roda dentada"; abrem-se as Definições; clicar aí e escolher Legendas; depois clicar em Traduzir Automaticamente; finalmente escolher Português na lista.)
Imagem do Mês
Como é que é o campo magnético no centro da nossa galáxia, a Via Láctea? Para o descobrir, o SOFIA da NASA - um observatório a voar num Boing 747 modificado - fotografou a sua região central com um instrumento conhecido como HAWC+. O HAWC+ contrói mapas magnéticos observando a luz infravermelha polarizada emitida por grãos de poeira em rotação, espalhados e alinhados com o campo magnético local. No centro da Via Láctea está um buraco negro maciço que passa o tempo a absorver o gás das estrelas destruídas recentemente. No entanto, o buraco negro da nossa galáxia é relativamente calmo, comparado com a taxa de absorção dos buracos negros centrais das galáxias ativas. Esta imagem dá-nos uma pista do porquê - um campo magnético circundante pode canalizar gás para o interior do buraco negro - o que ilumina o seu exterior, ou pode forçar o gás para um disco de acreação comum, tornado-o menos ativo - pelo menos temporariamente. A inspeção desta imagem - parecendo uma mistura de arte impasto e astrofísica gravitacional - dá-nos a tal pista, ao detalhar o campo magnético à volta de um disco de poeira que circunda Sagitário A*, o buraco negro que se encontra no centro da nossa Via Láctea.
Fonte: www.nasa.gov
Fonte: www.nasa.gov
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