novembro 2016











Ciência Na Frente

Do Infinitamente Pequeno ao Infinitamente Grande


Do Homo sapiens ao Cosmo sapiens








     Abrigamos tantos microrganismos como as células que compõem o nosso corpo, então impõe-se uma pergunta: quem somos nós realmente?
     Com o avanço da microbiologia, o conceito de identidade humana não cessa de evoluir e de se afastar do antropocentrismo da era clássica. Ao ter consciência dos papéis cruciais desempenhados pelas parcerias microbianas ao longo da nossa história, o Homo sapiens redescobre a sua natureza. Ele é Cosmo sapiens, um coletivo «metahumano», nos quais os desenvolvimentos passados, presentes e futuros dependem fundamentalmente dos microrganismos (daí o termo escolhido, uma fusão literal do género humano e do cosmos microbiano que o compõe). Esta tomada de consciência não é de menor importância. Não seria a primeira vez, nem a última, que a nossa espécie se questiona sobre a sua identidade.
     Hoje em dia, o nosso planeta está principalmente povoado por microrganismos unicelulares (bactérias, arquebactérias, eucariotas unicelulares) e vírus. Os cientistas calculam que o número dos primeiros seja de 5 x 1030, enquanto os segundos serão de 10 a 100 vezes mais numerosos. Todos estes pequenos seres evoluem muito rapidamente, modificando-se, uns e outros, e alterando o curso da vida na Terra. Todavia, mais do que este fervilhar que favorece as inovações, as lutas internas e as cooperações que agitam este mundo infinitamente pequeno, é frequentemente ser o Homo sapiens, a nossa espécie, que está no centro da atenção científica e filosófica.
     Sempre nos interrogamos sobre aquilo que é específico do ser humano, procurando as características particulares do nosso desenvolvimento, do nosso comportamento, do nosso sistema imunitário, da nossa consciência, da nossa linguagem. É difícil mantermos-nos centrados apenas em nós para conseguirmos responder a estas questões. O desenvolvimento da teoria da evolução mergulha-nos para uma perspetiva mais alargada: o Homo sapiens é o resultado de uma longa história
     Esta história começou há muito tempo, pelo menos há dois milhões de anos. Na Terra, dois tipos de microrganismos, as arquebactérias e as bactérias, partilhavam o planeta, por vezes cooperando. A partir de uma colaboração endossimbiótica - uma bactéria ancestral encaixada numa arquebactéria ancestral - surgiu uma nova forma de vida: a célula eucariota da qual todos nós derivamos. Ao longo da nossa história evolutiva, e ao nível do nosso envelope genético, os seres humanos são fundamentalmente híbridos. Somos, funcionalmente, um mosaico composto e organizado. Somos uma montagem histórica, acidental, vinda em parte das populações microbianas e virais que permitiram o desenvolvimento das características humanas. Já que a humanidade depende dos micróbios de uma forma que não tínhamos percebido, alguns irão muito provavelmente tentar modificar os nossos micróbios, com recurso às biotecnologias, para melhorar o Cosmo sapiens: criando ciborgues  microbiológicos. Esperemos para ver...
     
                   
Fonte: Pour la Science - novembro 2016 - n.º 469, pp. 64-66 - Éric Bapteste (adaptado)  



Uma galáxia negra de 99,9%





     No enxame de galáxias da Cabeleira de Berenice, a cerca de 300 milhões de anos-luz de nós, a equipa de Pieter van Dokkum, da Universidade de Yale, descobriu uma galáxia de tipo ultradifuso, chamada Dragonfly 44. Esta galáxia é tão grande como a Via láctea, possui a mesma massa, mas com cem vezes menos estrelas. Calculasse que a nossa Galáxia contem mais de 90% de matéria negra, aproximando-se este valor dos 99,9% no caso da Dragonfly 44.
     Os astrofísicos já conheciam pequenas galáxias ricas em matéria negra, mas a formação de uma galáxia ultradifusa com o tamanho da nossa Via láctea permanece um mistério. A Dragonfly 44 será uma galáxia falhada que não conseguiu acumular suficiente matéria comum? Outra hipótese é esta galáxia não ser tão maciça como os dados sugerem. Com efeito, a Dragonfly 44 encontra-se no centro de um enxame de galáxias, onde estaria sujeita a forças gravitacionais que poderão alterar as medições. Pieter van Dokkum e os seus colegas esperam estudar outras galáxias ultradifusas e encontrá-las fora do meio caótico de um exame de galáxias.     
          
Fonte: Pour la Science - novembro 2016 - n.º 469, p. 12 - Sean Bailly (adaptado)  

O que posso observar no céu de novembro?



2 - Lua a 4ºN de Saturno - 20:00
3 - Lua a 7ºN de Vénus - 05:00
14 - Lua no perigeu a 356 508 Km da Terra - 11:21
14 - A Lua cheia ocorre apenas duas horas e meia após o perigeu mais próximo do ano, fazendo desta fase a maior Lua cheia de 2016 (com 33,5')
17 - Pico da chuva de meteoros das Leónidas
18 - Mercúrio a 3ºN de Antares - 21:00
25 - Lua a 1,9ºN de Júpiter - 02:00
27 - Lua no apogeu a 406 554 Km da Terra - 20:08







Fases da Lua em novembro


29 - às 12h 18min - nova

7 - às 19h 51min - crescente

14 - às 13h 52min - cheia

  21 - às 08h 33min - minguante









Planetas visíveis a olho nu em novembro

MERCÚRIO - Poderá ser visto somente próximo do horizonte, a leste, antes do nascimento do Sol ou a oeste, depois do ocaso do Sol. Mercúrio pode ser visto, durante este mês, no fim do crepúsculo civil, até 13 de novembro.

VÉNUS - Pode ser visto, até ao final do ano, como estrela da tarde.

MARTE - Só pode ser visto ao anoitecer na constelação de Capricórnio.

JÚPITER - Pode ser visto como estrela da manhã.

SATURNO Só pode ser visto ao anoitecer


Fonte: Observatório Astronómico de Lisboa 




(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)

DataMagnitudeInícioPonto mais altoFimTipo da passagem
(mag)HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.HoraAlt.Az.
21-11-2,105:26:4039°SE05:26:4039°SE05:28:5110°SEvisível
22-11-1,306:10:0516°SO06:10:0516°SO06:12:0110°Svisível
23-11-0,505:20:5112°SSE05:20:5112°SSE05:21:1110°SSEvisível
28-11-0,819:12:2510°SSO19:13:1315°S19:13:1315°Svisível
29-11-1,318:21:3110°S18:23:3516°SE18:23:4816°SEvisível
29-110,319:56:3010°OSO19:56:3110°OSO19:56:3110°OSOvisível
30-11-2,519:04:3310°SO19:07:0046°SO19:07:0046°SOvisível
     
Como usar esta grelha:


Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de início, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.

Fonte: http://www.heavens-above.com/




Vídeo do Mês










Consequências das alterações climáticas 


Imagem do Mês






O Halloween e nebulosa da cabeça do fantasma


    A origem do Halloween é muito antiga e ligada à astronomia. Desde o Século V antes de Cristo que o Halloween é celebrado como o dia de um quarto, isto é, um dia entre um equinócio (dia igual à noite) e o solstício (dia mínimo, noite longa, no hemisfério norte). Com o nosso calendário atual, o verdadeiro dia de Halloween só ocorrerá para a próxima semana. Outra dia de um quarto é o dia da Marmota. A atual comemoração do Halloween mantém raízes históricas, já no passado pretendia-se assustar os espíritos da morte. Talvez um apropriado tributo a este antigo feriado, seja esta imagem da Nebulosa da Cabeça do Fantasma, obtida pelo Telescópio Espacial Hubble. Semelhante à imagem icónica de um fantasma, a NGC 2080 é uma região de formação de estrelas situada na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da nossa Via Láctea. A Nebulosa da Cabeça do Fantasma estende-se por 50 anos-luz.  

Fonte: www.nasa.gov

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