agosto 2016
Ciência Na Frente
Do Infinitamente Pequeno ao Infinitamente Grande
Porque é que há esquerdinos e não destros?
Noventa por cento da humanidade é destra! Todavia, à nascença, não temos qualquer preferência pela direita ou pela esquerda. Os recém nascidos ainda não aprenderam nada, da mesma maneira que os seus cérebros ainda não formaram as redes de neurónios ditos «funcionais», especializados em tarefas precisas como o controlo dos movimentos ou da linguagem. Mas, no decurso do desenvolvimento, os dois hemisférios especializam-se: as crianças que preferem utilizar a sua mão direita, vão formar no seu hemisfério esquerdo redes de neurónios especializados no controlo preciso da sua mão direita. O mesmo se passa com os esquerdinos.
O aparecimento desta assimetria funcional do cérebro, após o nascimento, não tem uma causa genética conhecida: ela é o resultado de uma aprendizagem. Uma criança vai espontaneamente servir-se da sua mão esquerda. Depois, devido ao uso repetido dessa mão, vai acabar por se especializar. À partida, a preferência pela mão esquerda ou a mão direita pode ser influenciada pelo meio ambiente do bebé. Por exemplo, se a sua mãe for destra, ele terá tendência para reproduzir movimentos destros, por mimetismo.
Quanto à origem de um elevado número de destros, esta continua um mistério. Uma coisa é certa: desde o Paleolítico, a preferência pela mão direita já era muito marcada. Nas paredes das grutas pré-históricas, encontram-se 85% de mãos esquerdas desenhadas, indicando uma tendência dos nossos antepassados preferirem utilizar a sua mão direita - maioritariamente - para desenhar o contorno da sua mão esquerda. Também se encontra uma preferência manual noutras espécies como os marsupiais bípedes, que utilizam frequentemente a sua parte dianteira esquerda para apanharem os alimentos.Da mesma forma, a grande maioria dos peixes preferem evitar os obstáculos pelo seu lado direito.
O fenómeno da lateralização esquerda-direita, observado no cérebro durante o desenvolvimento, também diz respeito à linguagem. Nos anos de 1950, havia uma teoria consensual segundo a qual desenvolvíamos um hemisfério dominante para o controlo preciso da mão e que era nesse mesmo hemisfério que se formava a rede neuronal da linguagem. Na evolução humana os gestos precederam a palavra, o que poderá explicar este fenómeno. Os esquerdinos que utilizam o seu hemisfério direito para controlar os seus membros esquerdos, deverão ter a sua rede neuronal da linguagem situada no hemisfério direito. Eureka? Não. As imagens cerebrais, rapidamente desmontaram esta ideia. Estudos revelaram que 90% dos esquerdinos têm a sua rede da linguagem no hemisfério... esquerdo! Não há assim nenhuma ligação entre a localização da nossa rede da linguagem e o facto de se escrever com uma ou outra mão. À exceção de um caso muito particular que se refere a 1% da população. Para essa pessoas, o hemisfério dominante para a linguagem é o hemisfério direito e estes são todos esquerdinos! Esta exceção poderá ter uma origem genética: poderá existir um gene ou um grupo de genes cujas mutações apenas estão presentes nesse grupo. Um estudo realizado pela universidade de Bordéus, no quadro do projeto europeu Human Brain Project, está prestes a esclarecer esta questão. Resultados daqui a três anos.
O aparecimento desta assimetria funcional do cérebro, após o nascimento, não tem uma causa genética conhecida: ela é o resultado de uma aprendizagem. Uma criança vai espontaneamente servir-se da sua mão esquerda. Depois, devido ao uso repetido dessa mão, vai acabar por se especializar. À partida, a preferência pela mão esquerda ou a mão direita pode ser influenciada pelo meio ambiente do bebé. Por exemplo, se a sua mãe for destra, ele terá tendência para reproduzir movimentos destros, por mimetismo.
Quanto à origem de um elevado número de destros, esta continua um mistério. Uma coisa é certa: desde o Paleolítico, a preferência pela mão direita já era muito marcada. Nas paredes das grutas pré-históricas, encontram-se 85% de mãos esquerdas desenhadas, indicando uma tendência dos nossos antepassados preferirem utilizar a sua mão direita - maioritariamente - para desenhar o contorno da sua mão esquerda. Também se encontra uma preferência manual noutras espécies como os marsupiais bípedes, que utilizam frequentemente a sua parte dianteira esquerda para apanharem os alimentos.Da mesma forma, a grande maioria dos peixes preferem evitar os obstáculos pelo seu lado direito.
O fenómeno da lateralização esquerda-direita, observado no cérebro durante o desenvolvimento, também diz respeito à linguagem. Nos anos de 1950, havia uma teoria consensual segundo a qual desenvolvíamos um hemisfério dominante para o controlo preciso da mão e que era nesse mesmo hemisfério que se formava a rede neuronal da linguagem. Na evolução humana os gestos precederam a palavra, o que poderá explicar este fenómeno. Os esquerdinos que utilizam o seu hemisfério direito para controlar os seus membros esquerdos, deverão ter a sua rede neuronal da linguagem situada no hemisfério direito. Eureka? Não. As imagens cerebrais, rapidamente desmontaram esta ideia. Estudos revelaram que 90% dos esquerdinos têm a sua rede da linguagem no hemisfério... esquerdo! Não há assim nenhuma ligação entre a localização da nossa rede da linguagem e o facto de se escrever com uma ou outra mão. À exceção de um caso muito particular que se refere a 1% da população. Para essa pessoas, o hemisfério dominante para a linguagem é o hemisfério direito e estes são todos esquerdinos! Esta exceção poderá ter uma origem genética: poderá existir um gene ou um grupo de genes cujas mutações apenas estão presentes nesse grupo. Um estudo realizado pela universidade de Bordéus, no quadro do projeto europeu Human Brain Project, está prestes a esclarecer esta questão. Resultados daqui a três anos.
Fonte: La Recherche - julho/agosto 2016 - n.º 513/514, p. 130 - Gautier Cariou (adaptado)
A 40 anos-luz de distância, uma estrela com um décimo do tamanho do Sol tem três planetas do tamanho da Terra a órbita-la, onde não se pensava encontrar algum. Apesar destes mundos provavelmente não serem habitados, a sua proximidade à Terra faz deles excelentes alvos para tentar observar qualquer tipo de atmosfera que eventualmente possuam.
A estrela é uma anã vermelha M8, contendo apenas 8% da massa solar e emitindo apenas 5% da sua luminosidade. É conhecida como uma anã ultra-fria, uma classe de objetos com temperaturas reais com menos de metade da temperatura do Sol. (Tecnicamente este termo também inclui as anãs castanhas).
Alguns cientistas suspeitavam que este tipo de pequenas estrelas poderiam não ter planetas a órbita-las.
Estrelas pequenas deveriam criar-se com discos pequenos de formação planetária à sua volta e as anãs ultra-frias poderão ter este disco, mas não conseguem formar planetas, mesmo que sejam pequenos. De acordo com Michaël Gillon (Universidade de Liége, na Bélgica), que lidera um novo estudo, esta controvérsia foi suficiente para se consumir tempo de observação das mais pequenas e fracas estrelas - até que o telescópio robotizado de 0.6-metros TRAPPIST (Transiting Planets and Planetesimals Small Telescope - Pequeno Telescópio de Trânsito de Planetas e Planetésimais) iniciou o seu trabalho em 2010 em La Silla, no Chile.
Na edição de 12 de maio da Nature, os autores apresentaram 11 sinais de objetos a passarem em frente de uma estrela chamada TRAPPIST-1. Dois planetas, TRAPPIST-1b e TRAPPIST-1c, realizaram 9 das onze passagens, orbitando a sua estrela todos os 1.5 a 2.4 dias, respetivamente. Os dois planetas estão tão próximos da estrela que provavelmente estão presos nas suas forças de maré.
Os dois últimos sinais de trânsito podem ser de um terceiro planeta, 1d. A equipa não conseguiu determinar a sua órbita exata.
Os planetas 1b e 1c não se encontram na zona habitável da sua estrela. O terceiro planeta pode encontrar-se na zona habitável ou para lá dela - ainda não existe informação suficiente da sua órbita para se o afirmar. Estes planetas podem ser uma grande oportunidade para estudar atmosferas fora da Terra, anteriormente fora do nosso alcance.
4 - Lua a 0,6ºS de Mercúrio - 07:00
6 - Lua a 0,2ºS de Júpiter - 05:00
10 - Lua no apogeu a 404 262 Km da Terra - 01:05
11 - Lua a 8ºN de Marte - 23:00
12 - Pico da chuva de meteoros das Perseídas - 01:30
22 - Lua no perigeu a 367 049,5 Km da Terra - 02:19
27 - Vénus a 0,07ºN de Júpiter - 23:00
Planetas do tamanho da Terra nas proximidades
A 40 anos-luz de distância, uma estrela com um décimo do tamanho do Sol tem três planetas do tamanho da Terra a órbita-la, onde não se pensava encontrar algum. Apesar destes mundos provavelmente não serem habitados, a sua proximidade à Terra faz deles excelentes alvos para tentar observar qualquer tipo de atmosfera que eventualmente possuam.
A estrela é uma anã vermelha M8, contendo apenas 8% da massa solar e emitindo apenas 5% da sua luminosidade. É conhecida como uma anã ultra-fria, uma classe de objetos com temperaturas reais com menos de metade da temperatura do Sol. (Tecnicamente este termo também inclui as anãs castanhas).
Alguns cientistas suspeitavam que este tipo de pequenas estrelas poderiam não ter planetas a órbita-las.
Estrelas pequenas deveriam criar-se com discos pequenos de formação planetária à sua volta e as anãs ultra-frias poderão ter este disco, mas não conseguem formar planetas, mesmo que sejam pequenos. De acordo com Michaël Gillon (Universidade de Liége, na Bélgica), que lidera um novo estudo, esta controvérsia foi suficiente para se consumir tempo de observação das mais pequenas e fracas estrelas - até que o telescópio robotizado de 0.6-metros TRAPPIST (Transiting Planets and Planetesimals Small Telescope - Pequeno Telescópio de Trânsito de Planetas e Planetésimais) iniciou o seu trabalho em 2010 em La Silla, no Chile.
Na edição de 12 de maio da Nature, os autores apresentaram 11 sinais de objetos a passarem em frente de uma estrela chamada TRAPPIST-1. Dois planetas, TRAPPIST-1b e TRAPPIST-1c, realizaram 9 das onze passagens, orbitando a sua estrela todos os 1.5 a 2.4 dias, respetivamente. Os dois planetas estão tão próximos da estrela que provavelmente estão presos nas suas forças de maré.
Os dois últimos sinais de trânsito podem ser de um terceiro planeta, 1d. A equipa não conseguiu determinar a sua órbita exata.
Os planetas 1b e 1c não se encontram na zona habitável da sua estrela. O terceiro planeta pode encontrar-se na zona habitável ou para lá dela - ainda não existe informação suficiente da sua órbita para se o afirmar. Estes planetas podem ser uma grande oportunidade para estudar atmosferas fora da Terra, anteriormente fora do nosso alcance.
O que posso observar no céu de agosto?
4 - Lua a 0,6ºS de Mercúrio - 07:00
6 - Lua a 0,2ºS de Júpiter - 05:00
10 - Lua no apogeu a 404 262 Km da Terra - 01:05
11 - Lua a 8ºN de Marte - 23:00
12 - Pico da chuva de meteoros das Perseídas - 01:30
22 - Lua no perigeu a 367 049,5 Km da Terra - 02:19
27 - Vénus a 0,07ºN de Júpiter - 23:00
Fases da Lua em agosto
02 - às 21h 45min - nova
10 - às 19h 21min - crescente
10 - às 19h 21min - crescente
18 - às 10h 27min - cheia
25 - às 04h 41min - minguante
Planetas visíveis a olho nu em agosto
MERCÚRIO - Poderá ser visto somente próximo do horizonte, a leste, antes do nascimento do Sol ou a oeste, depois do ocaso do Sol. Mercúrio pode ser visto, durante todo este mês, ao fim da tarde.
VÉNUS - A partir de meados de julho até ao final do ano reaparecerá como estrela da tarde.
MARTE - Pode ser visto toda a noite na constelação de Escorpião. Na segunda quinzena de agosto pode ser visto na constelação de Ofiúco.
JÚPITER - Só pode ser visto na constelação da Virgem.
SATURNO - Pode ser visto toda a noite e deixa de poder ser vista em finais de agosto.
VÉNUS - A partir de meados de julho até ao final do ano reaparecerá como estrela da tarde.
MARTE - Pode ser visto toda a noite na constelação de Escorpião. Na segunda quinzena de agosto pode ser visto na constelação de Ofiúco.
JÚPITER - Só pode ser visto na constelação da Virgem.
SATURNO - Pode ser visto toda a noite e deixa de poder ser vista em finais de agosto.
Fonte: Observatório Astronómico de Lisboa
Visibilidade da Estação Espacial Internacional
(para localizações aproximadas de 41.1756ºN, 8.5493ºW)
Data | Magnitude | Início | Ponto mais alto | Fim | Tipo da passagem | ||||||
(mag) | Hora | Alt. | Az. | Hora | Alt. | Az. | Hora | Alt. | Az. | ||
2-8 | -0,1 | 00:39:11 | 10° | NNO | 00:40:13 | 14° | NNO | 00:40:13 | 14° | NNO | visível |
2-8 | -0,4 | 22:08:45 | 10° | NO | 22:10:48 | 15° | NNO | 22:12:51 | 10° | NNE | visível |
2-8 | -0,5 | 23:46:20 | 10° | NNO | 23:48:14 | 14° | N | 23:48:56 | 14° | NNE | visível |
3-8 | -0,6 | 21:15:08 | 10° | ONO | 21:17:35 | 19° | NNO | 21:20:02 | 10° | NNE | visível |
3-8 | -0,4 | 22:53:18 | 10° | NNO | 22:54:58 | 13° | N | 22:56:38 | 10° | NNE | visível |
4-8 | -0,1 | 00:29:29 | 10° | NO | 00:30:14 | 14° | NNO | 00:30:14 | 14° | NNO | visível |
4-8 | -0,4 | 22:00:00 | 10° | NO | 22:01:41 | 13° | N | 22:03:23 | 10° | NNE | visível |
4-8 | -0,8 | 23:36:42 | 10° | NNO | 23:38:59 | 18° | NNE | 23:38:59 | 18° | NNE | visível |
5-8 | -0,6 | 22:43:52 | 10° | NNO | 22:45:52 | 15° | N | 22:47:45 | 10° | NE | visível |
6-8 | -0,1 | 00:19:47 | 10° | NO | 00:20:20 | 14° | NO | 00:20:20 | 14° | NO | visível |
6-8 | -0,5 | 21:50:52 | 10° | NNO | 21:52:36 | 13° | N | 21:54:18 | 10° | NE | visível |
6-8 | -1,2 | 23:26:58 | 10° | NO | 23:29:07 | 25° | N | 23:29:07 | 25° | N | visível |
7-8 | -1,1 | 22:34:11 | 10° | NNO | 22:36:41 | 20° | NNE | 22:37:56 | 16° | NE | visível |
8-8 | -0,1 | 00:10:11 | 10° | NO | 00:10:31 | 12° | NO | 00:10:31 | 12° | NO | visível |
8-8 | -0,8 | 21:41:21 | 10° | NNO | 21:43:27 | 16° | NNE | 21:45:33 | 10° | NE | visível |
8-8 | -1,6 | 23:17:16 | 10° | NO | 23:19:21 | 33° | NNO | 23:19:21 | 33° | NNO | visível |
9-8 | -2,0 | 22:24:26 | 10° | NO | 22:27:23 | 30° | NNE | 22:28:13 | 27° | NE | visível |
10-8 | -1,3 | 21:31:37 | 10° | NNO | 21:34:13 | 21° | NNE | 21:36:49 | 10° | ENE | visível |
10-8 | -1,8 | 23:07:41 | 10° | ONO | 23:09:42 | 34° | ONO | 23:09:42 | 34° | ONO | visível |
11-8 | -3,1 | 22:14:43 | 10° | NO | 22:17:58 | 59° | NNE | 22:18:39 | 46° | E | visível |
Como usar esta grelha:
Coluna Data - data da passagem da Estação;
Coluna Brilho/Luminosidade (magnitude) - Luminosidade da Estação (quanto mais negativo for o número maior é o brilho);
Coluna Hora - hora de início, do ponto mais alto e do fim da passagem;
Coluna Altitude - altitude medida em graus tendo o horizonte como ponto de partida 0º;
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.
Coluna Azimute - a direção da Estação tendo o Norte geográfico como ponto de partida.
Fonte: http://www.heavens-above.com/
Vídeo do Mês
Planetas fora do sistema solar
Imagem do Mês
O que está para além de Saturno? A primeira resposta é a própria câmara que registou esta imagem e que se encontra na sonda Cassini, atualmente a orbitar para lá do planeta com o maior sistema de anéis do nosso sistema solar. Esta perspetiva pouco comum coloca a Cassini na parte mais afastada de Saturno, em relação ao Sol e, por isso, mais de metade de Saturno aparece escuro - uma perspetiva que não é possível para qualquer observador terrestre. Para além de Saturno, no contexto desta imagem, encontra-se a sua lua Tétis, visível como um pequeno ponto por cima do padrão hexagonal de nuvens pouco comum e que rodeiam o pólo norte de Saturno. A lua Tétis está atualmente a orbitar Saturno no plano dos seus anéis, o que coloca esta lua, com 1000 km, muito mais afastada da Cassini do que o próprio planeta. Cassini está a estudar Saturno e as suas luas há 12 anos, mas, infelizmente, a sua espantosa missão chegará em breve ao fim. Com o objetivo de proteger qualquer tipo de vida que possa existir sobre ou no interior de qualquer uma das luas de Saturno, a sonda irá despenhar-se diretamente na pouco densa atmosfera de Saturno, no próximo mês de setembro..
Fonte: www.nasa.gov
Fonte: www.nasa.gov
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